Facções avançam no Acre e aliciam jovens da floresta e indígenas para o tráfico, diz estudo

O estudo envolveu a análise quantitativa de mais de 100 mil processos e a avaliação qualitativa de uma amostra dessas ações

A pesquisa “Crimes Ambientais na Amazônia Legal: A atuação da Justiça nas cadeias de lavagens de bens e capitais, corrupção e organização criminosa”, feita em parceria com o Conselho Nacional de Justiça, revelou o crescente do nome de jovens no tráfico no Acre. Publicados este ano, os dados mostram “crescente participação de facções criminosas, com cooptação de jovens das comunidades locais”.

O estudo aponta que as facções entrando na região Norte para cometer crimes ambientais é algo recente/Foto: Ilustrativa

O estudo aponta que as facções entrando na região Norte para cometer crimes ambientais é algo recente. Há relatos de indígenas sendo recrutados para permitir o tráfico em áreas importantes e a presença de narcotraficantes envolvidos na exploração ilegal de madeira na fronteira.

Um entrevistado do Acre também afirmou que a entrada das facções na região Norte do país para cometer crimes ambientais é uma novidade. Ele também observa que atualmente há o recrutamento de indígenas, frequentemente usados como “mulas”, para facilitar o tráfego em áreas estratégicas para o tráfico.

Narcomadeireiros

 Com o aliciamento de jovens indígenas sendo citado neste movimento, a presença dos  “narcomadeireiros”, ligados à exploração das atividades ilegais de madeira na região de fronteira, essas facções também estão envolvidas em atividades de garimpo e, especialmente, na exploração de animais, devido à facilidade de lavagem de dinheiro nessas atividades.

“E as práticas foram se tornando mais complexas, envolvendo tanto mais atores, quanto mais crimes, quanto maior potencial de dano e de lucro. E aí é uma outra lógica que opera de violência e outra gramática. Mas há também, é importante dizer que é uma coexistência, assim a gente tá entendendo, uma coexistência desses modelos criminosos”, declarou um segundo entrevistado.

Estudo

Intitulado ‘Crimes Ambientais na Amazônia Legal: A atuação da Justiça nas cadeias de lavagens de bens e capitais, corrupção e organização criminosa’, o estudo foi realizado pelo Centro de Pesquisas Judiciais (CPJ) da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) em parceria com o Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Associação Brasileira de Jurimetria (ABJ) – no âmbito de projeto de cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

O documento foi criado usando informações do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), que cobre os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, na Amazônia Legal, e da Base Nacional de Dados do Poder Judiciário sobre processos legais relacionados ao meio ambiente.

O estudo envolveu a análise quantitativa de mais de 100 mil processos e a avaliação qualitativa de uma amostra dessas ações, juntamente com entrevistas com membros do sistema judicial, da Polícia Federal e da sociedade civil. Também incluiu a análise de operações de combate a crimes ambientais.

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