O candidato à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, Donald Trump, disse, nessa sexta-feira (30/8), que votará contra uma medida eleitoral da Flórida, seu estado natal, que ampliaria os direitos ao aborto no estado.
O anúncio ocorre um dia depois de Trump ter dado uma entrevista à NBC News em que parecia apoiar a emenda eleitoral, o que levou ativistas antiaborto, que são majoritariamente eleitores republicanos, criticarem abertamente o ex-presidente.
Na entrevista, Trump afirmou achar a proibição de abortos após seis semanas muito rigorosa na Flórida.
“Você precisa de mais tempo do que seis semanas. Eu discordei disso desde as primárias iniciais, quando ouvi sobre isso”, alegou o ex-presidente.
Como forma de voltar atrás na fala mal recebida, alegando, de forma falsa, que os democratas defendiam a permissão federal do aborto em qualquer momento da gravidez, Trump decidiu votar “não” à emenda eleitoral da Flórida.
A candidata opositora a Trump, Kamala Harris, prontamente respondeu o anúncio do ex-presidente.
“Donald Trump acaba de deixar sua posição sobre o aborto muito clara: ele votará para manter uma proibição ao aborto tão extrema que será aplicada antes mesmo que muitas mulheres saibam que estão grávidas”, argumentou Kamala.
Aborto nos EUA
A Suprema Corte norte-americana, em 1973, concedeu às mulheres dos Estados Unidos o direito ao aborto até a 24ª semana de gravidez, mas essa realidade mudou em 24 de junho de 2022, quando o tribunal, de maioria conservadora após as nomeações do ex-presidente Donald Trump, revogou a decisão e devolveu aos 50 estados do país a decisão sobre a questão.
Diante dessa mudança realizada no governo Trump, o direito à liberdade reprodutiva das mulheres virou um grande polo de conflito nos EUA. Manifestantes contra o aborto realizam campanas em frente a clínicas que fazem o procedimento para impedir mulheres de entrarem, feministas realizam passeatas e, em alguns casos, o confronto entre os dois lados gerou violência física.
Em uma eleição polarizada na qual os candidatos representam lados diversos da sociedade, a pauta do aborto não seguiria um caminho diferente.
O Partido Democrata se coloca com defensor de que a decisão de abortar deveria ser de cada mulher e, consequentemente, é responsabilidade do Estado federalizar a autorização. Já o Partido Republicano defende que a decisão de 2022 permaneça, ou seja, que seja responsabilidade de cada um dos estados legislar sobre o tema.