Em meio às comemorações pelos 135 anos de proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, quando um grupo de militares liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca expulsou o então imperador do Brasil, Dom Pedro II, e a família imperial para o exílio na Europa e tomou o poder, eis que pelo menos um acreano se levantou contra os festejos e contra o regime republicano.
Monarquista convicto, Tiago Farias, de 39 anos, solteiro, pai de uma menina e servidor público na área de saúde, não esconde de ninguém sua preferência pelo regime monárquico, defende a devolução do trono brasileiro à família Orleans e Bragança e garante que não está sozinho nesta ideia.
Farias se diz, inclusive, chanceler do círculo monárquico acreano “Barão do Rio Branco”, uma homenagem ao diplomata José Maria Paranhos, que teve papel decisivo na pacificação do Acre com a Bolívia na assinatura do Tratado de Petrópolis, no Rio de Janeiro, em 1903.
Apesar de ter atuado na República recém-instalada no país, segundo o chanceler do círculo monárquico do Acre, Barão do Rio Branco, a quem a capital do Acre deve seu nome, foi um grande entusiasta da monarquia. “Ele foi um grande brasileiro e um grande monarquista, que atuou também no governo republicano”, definiu.
A seguir, uma entrevista com o monarquista acreano:
Você é de fato monarquista? Não se sente isolado com esta ideia?
Tiago Farias – Não, de forma nenhuma. Sou monarquista sim e não me sinto isolado porque aqui no Acre temos muitos monarquistas, pessoas da sociedade, grandes nomes. A gente sempre se reúne, e temos um grande grupo onde a gente se comunica sempre. Um exemplo: nosso querido Osmi Lima (deputado federal constituinte, em 1988) faz parte do nosso grupo de monarquistas do Acre e diz que não está sozinho na defesa à monarquia.
Mas por que você é monarquista? Corre algum sangue nobre em suas veias e você sempre escondeu?
Tiago Farias – Não, sou monarquista pelo fato de conhecer a verdadeira história do Brasil, em toda sua grandeza que um dia já foi. A monarquia foi o farol da moralidade desse país. Hoje a grande maioria dos brasileiros não conhece nossa história.
Como o senhor, há ainda muitos monarquistas no Brasil?
Tiago Farias – Hoje, nós, os monarquistas, somos muitos e espalhados pelo Brasil inteiro. Somos um grupo que defende que o melhor sistema político já comprovado que o Brasil já teve foi, de fato, a monarquia constitucional.
Nesta avaliação, a República não precisaria existir?
Tiago Farias – Jamais! Os republicanos e a República foram um grande retrocesso para o país. Quando o déspota Deodoro da Fonseca proclamou a República, foi por interesse de um grupo e não do povo brasileiro. Foi um duro golpe ao imperador Pedro II. De lá para cá, essa República que foi imposta pelos que queriam usurpar o poder são os mesmos que aí estão até os dias de hoje, usando o povo como massa de manobra.
O país seria melhor sob um regime monárquico?
Tiago Farias – Com certeza sim, éramos um dos países mais respeitados do mundo. Tínhamos um imperador que era considerado um dos maiores estadistas do mundo, era respeitado pela sua capacidade de gerir um grande império que era o Brasil. O império foi responsável por essa expansão territorial que é o Brasil hoje. Foi o império que fez isso, enquanto a República, de lá para cá, só tem tentado destruir a verdadeira história do Brasil.
Então a República foi um golpe militar de Estado?
Tiago Farias – Sim, foi um duro golpe. Quando Deodoro da Fonseca proclamou a República, ele mesmo, que foi amigo pessoal do imperador, proclamou por uma vingança pessoal contra Silveira Martins, que tinha tomado sua noiva anos atrás. Então, daí já dá pra ter uma ideia de como essa República foi e continua sendo um grande retrocesso para o Brasil.
Então o Brasil tem uma dívida com a família imperial?
Tiago Farias – O imperador Pedro II morreu em Paris pobre e desolado do mundo, um homem que tanto fez por essa nação. A República foi injusta com esse grande brasileiro. Hoje o Brasil paga as duras penas um pecado que vai ficar registrado para sempre na história do Brasil, que foi fazer uma grande injustiça com o grande brasileiro e imperador Pedro II.