Rio de Paz e Ação da Cidadania fazem manifestação contra a fome em Copacabana

Turistas que posaram, neste sábado (16), ao lado da estátua de Ayrton Senna, na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio, tiveram um cenário diferente para as suas fotos

733 pratos vazios pintados com cruzes vermelhas instalados na faixa de areia em frente ao Copacabana Palace compunham a paisagem do ponto turístico. Trata-se da manifestação contra a fome promovida pelas instituições Rio de Paz e Ação da Cidadania. Cada prato representa 1 milhão de pessoas que passam fome no mundo, segundo dados da ONU.

A ideia é chamar a atenção das autoridades que estão no Rio de Janeiro por conta do G20, encontro dos líderes das economias mais ricas do mundo, que acontece nos dias 18 e 19, e cobrar delas políticas públicas para a causa da fome.

O paulista Pedro Henrique Costa, professor da rede pública de São Paulo, está de férias no Rio e parou para fotografar a manifestação:

Pedro Henrique Costa em Copacabana — Foto: Ana Clara Sancho/Agência O Globo
Pedro Henrique Costa em Copacabana — Foto: Ana Clara Sancho/Agência O Globo

— Olhei os pratos, as cruzes e achei interessante, pois, à princípio, não sabia o que significavam. Eu acabei remetendo que era algo contra a fome, por conta dos pratos, e já me interessei para parar e entender melhor. O ponto é ótimo, uma vez que eu já queria tirar foto do Copacabana Palace e do Ayrton Senna — afirma o professor.

A manifestação também contou com duas faixas na areia, uma em português e outra em inglês, com a frase “Quem tem fome, tem pressa”, imortalizada pelo sociólogo Betinho (1935-1997), criador da Ação da Cidadania. Esta é a primeira vez que, em 17 anos, que o Rio da Paz convida uma instituição parceira para participar de um ato público da organização.

— Simbolizar a fome no momento do G20, em que os principais países e lideranças globais trafegando por seu. Momento importante que é a proposta do Brasil de lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que traz a união de países e organizações da sociedade civil e fundações que possam se juntar para conseguir combater a fome no mundo todo — diz Kiko Afonso, diretor-executivo da Ação da Cidadania, que há mais de 30 anos atua no combate à fome.

Kiko Afonso em Copacabana — Foto: Ana Clara Sancho/Agência O Globo
Kiko Afonso em Copacabana — Foto: Ana Clara Sancho/Agência O Globo

A assistente social Aline Carla Pereira, da cidade de Ituverava, no interior de São Paulo, passeava com duas amigas na orla, quando parou para observar a manifestação.

— É de extrema importância um ato contra a fome. Infelizmente, no meu trabalho, eu tenho contato direto com crianças que não têm o que comer e é de partir o coração — afirma.

A paulista Aline Carla Pereira, à direita — Foto: Ana Clara Sancho/Agência O Globo
A paulista Aline Carla Pereira, à direita — Foto: Ana Clara Sancho/Agência O Globo

Em situação de rua há tantos anos que “nem se lembra mais quantos são”, o técnico em eletromecânica Augusto Moura comenta das dificuldades encontradas para ter como se alimentar diariamente:

— A questão é complicada, pois dependemos de doação. Dependemos de pessoas que nos enxerguem, que se interessem por nós. É difícil de contornar, pois temos mau cheiro e mau aparência. Não temos aparência, mas precisamos demais das pessoas para nos alimentarmos diariamente — diz Augusto.

Na última quinta-feira (14), a Ação da Cidadania anunciou a adesão à Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, a principal proposta do governo brasileiro entre as prioridades que estão sendo debatidas durante o G20.

A ONG também espera que essa participação junto à Aliança colabore para a compreensão de representantes de países sobre a importância da participação da sociedade civil na aplicação de projetos bem sucedidos em todo o mundo.

Rio de Paz e Ação da Cidadania fazem manifestação contra a fome — Foto: Ana Branco/Agência O Globo
Rio de Paz e Ação da Cidadania fazem manifestação contra a fome — Foto: Ana Branco/Agência O Globo

Interdição na Avenida Atlântica é antecipada

A prefeitura do Rio de Janeiro informou que o fechamento das duas vias da Avenida Atlântica para os carros foi antecipado para este domingo (17). A decisão foi tomada após pedido das forças de segurança. As pistas ficarão dedicadas ao descolamento das delegações participantes da reunião de cúpula G20.

O fechamento acontece das 6h, deste domingo (17), às 18h de terça -feira (19), no trecho entre a Rua Francisco Otaviano, entre Ipanema e Copacabana, e Avenida Princesa Isabel, no Leme.

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