Coletiva com Bolsonaro revela profissionalismo de jornalistas e grosseria de Tião Viana

A coletiva de imprensa dada pelo presidenciável Jair Bolsonaro aos jornalistas do Acre me surpreendeu não pelo desempenho do candidato, a sagacidade de suas respostas, a clareza das ideias ou o didatismo de uma retórica que, com o tempo e a repetição, segue um script conhecido do público que acompanha o dia a dia do noticiário.

Este Acre tão esquecido, diminuído e por ora vilipendiado pela indolência de um governo alheio ao sofrimento do povo foi protagonista – pela primeira vez desde que Bolsonaro cogitou lançar-se ao cargo mais importante do país – de uma entrevista que fugiu ao lugar-comum.

A pertinência das perguntas e o desejo genuíno de mostrar ao eleitor o que pensa o postulante ao Palácio do Palácio do Planalto pelo PSL pautaram a coletiva – que nisso diferiu da patetice tantas vezes repisada por repórteres e entrevistadores presunçosos, arrogantes e metidos a juízes.

Com Lula ‘fora de combate’, Bolsonaro lidera pesquisas/Foto: reprodução

Ao invés da tentativa de achincalhar o convidado com as mesmas questões sobre sua prisão por indisciplina, a polêmica de um inquérito militar do qual ele foi absolvido e o recebimento de auxílio-moradia pela Câmara dos Deputados – temas explorados no Roda Viva, na Globo News, na Jovem Pan e até mesmo no Jornal Nacional – foram feitas indagações relevantes e oportunas.

Com isso, Jair Bolsonaro foi poupado de dar as mesmas respostas que o público mais politizado já conhece – e certamente deplora pela evidente tentativa de desqualificação de um candidato que a esquerda encastelada nas redações pretende apequenar a partir da própria pequenez profissional.

Assim, o presidenciável teve a oportunidade de discorrer sobre o que pensa sobre o Código Florestal, a exploração das riquezas naturais da Amazônia e a situação de penúria dos indígenas brasileiros quando comparados aos ‘nativos’ norte-americanos.

Falou ainda sobre a necessidade de se diminuir o tamanho do estado – que nos governos do PT só aumentou em benefício dos próprios companheiros –, da urgência em se combater a burocracia e de se promover a desoneração fiscal.

Jair Bolsonaro acusou também o PSDB de ser o ‘lado B’ do PT – tese que o filósofo Olavo de Carvalho defende há décadas e a qual pude comprovar quando Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso se posicionaram contra a prisão de Lula.

Sobre a economia do país que não avança sob o governo Temer, ele argumentou que a estagnação é preferível ao afundamento incessante a que estaríamos fadados sob a política que nos levou à bancarrota.

Menos estado e mais produção, empregos e renda, pregou o candidato. Fórmula à qual o petista Marcus Alexandre teve de se render à revelia de três décadas de pregação contrária do seu partido e de 20 anos de sucessivas gestões que endividaram o Acre e permitiram que a criminalidade avançasse sobre todos nós.

Tião Viana, a propósito, não designou as forças policiais para dar proteção a Bolsonaro, como manda a liturgia de um cargo ao qual ele não faz por merecer.

Meus colegas jornalistas, portanto, não se agarraram ao passado da ditadura militar, como fizeram os convidados do programa Roda Viva. Tampouco se ativeram a questões menores, pueris e já surradas pelo uso que a grande mídia – essencialmente de esquerda e, por isso mesmo, tão sem-vergonha – costuma fazer em suas ‘sabatinas’ despudoradas.

E o maior exemplo desse despudor foi um site do Juruá que não deu uma linha sequer sobre a vinda daquele que lidera as pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República.

Mas em suma, o pequenino Acre, com seus profissionais de imprensa diariamente oprimidos por proprietários que visam tão-somente agradar aos governantes petistas, deu exemplo aos grandes veículos de comunicação, cuja tendência, via de regra, é tentar aviltar o senhor Jair Bolsonaro com provocações descaradas, perguntas repetidas e insinuações carentes de sustentação factual.

Mas não pensem os companheiros que o comportamento dos repórteres locais, na coletiva deste sábado, decorreu apenas do denodo profissional. Tal postura se configura, também, em um recado de que nossa paciência e tolerância chegaram ao limite do suportável.

PUBLICIDADE