O Conselho Indigenista Missionário (Cimi), publicou em seu site uma denúncia que aponta que, nos oito primeiros meses deste ano, ao menos 16 crianças indígenas morreram só em aldeias do município de Santa Rosa do Purus, interior do Acre. As crianças morreram com quadro de diarreia, vômito, febre e cãibras. Um idoso de 64 anos também morreu apresentando o mesmo quadro clínico.
E esse número pode ser ainda maior, já que grande parte das vítimas não chegam a ser atendidas pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), aponta o Cimi. De acordo com o Portal da Transparência, a Sesai realizou apenas 11% do orçamento total de 2019 (até setembro) para a rubrica de Saneamento Básico em Aldeias Indígenas Para prevenção e Controle de Agravos.
Os dados foram coletados pelo próprio Conselho e indicam que além das 16 mortes, outras mortes de crianças foram registradas, mas por outras causas, como pneumonia. Em alguns óbitos há causas não detalhadas ou apontam sintomas misturados.
As mortes computadas ocorreram entre janeiro e agosto deste ano, e todas as crianças tinham entre 01 mês e 11 anos de idade, das etnias Jaminawa, Madija e Huni Kui. Entre as razões apontadas pelo Cimi para as mortes nas aldeias do Alto Rio Purus está a ausência de saneamento básico, que provoca a contaminação da água consumida, sobretudo no período das chuvas.
Em 2012, o Cimi já havia apurado e denunciado a morte de outras 24 crianças indígenas na mesma região. Já em 2014, foi a vez do povo Huni Kui denunciar a morte de crianças por diarreia e vômito.
O Cimi afirma que já há um procedimento instaurado pelo Ministério Público Federal (MPF) para apurar as mortes nas aldeias. Uma equipe do MPF deve visitar a região, em novembrom acompanhada de um antropólogo para tentar identificar as possíveis causas das mortes.