Aleac se prepara para seus 54 anos, e aposta na modernidade como caminho para o futuro

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Daqui exatos três meses, no dia 15 de junho de 2016, a Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) completará 54 anos de fundação. Coincidentemente, e paradoxalmente, a maturidade está sendo comemorada com uma série de implantações tecnológicas modernas, mostrando que o Parlamento decidiu preservar antigos e imortais valores, próprios do processo democrático, e, ao mesmo tempo, investir em ferramentas fundamentais no processo de modernização das Casas Legislativas. Depois de 53 anos de existência a Aleac inovou e lançou a TV digital, com transmissão em canal aberto, tornando possível acompanhar todas as ações legislativas dos 24 deputados estaduais que formam o Poder.

Após assumir o comando da Casa, em fevereiro do ano passado, o presidente Ney Amorim (PT) colocou em prática projeto que estava parado desde 2013, e em 2 de fevereiro de 2016 implantou a TV digital. Logo após o retorno do recesso parlamentar deste ano, o deputado anunciou que a TV Aleac entrou no ar, passando a transmitir os trabalhos do Poder Legislativo, através do canal 24.2 para todo o Estado.

Para Amorim, entusiasta do projeto mesmo antes de presidir a Casa, não bastava que o Parlamento estivesse de portas abertas à comunidade – era importante ir além, estando dentro da casa dos cidadãos através de um canal aberto.

Além do funcionamento da nova ferramenta de comunicação, a Assembleia do Acre continua investindo em tecnologia para a transmissão das sessões em tempo real pela internet, feita por meio da ferramenta streaming. O mesmo portal oficial da instituição onde as sessões são transmitidas ao vivo, também mantém arquivados todos os vídeos das sessões anteriores em uma espécie de acervo histórico para consulta pública por todos os interessados.

No mesmo endereço também ficam arquivadas matérias jornalísticas escritas sobre o trabalho dos deputados e um banco de dados. Através do Sistema de Apoio ao Processo Legislativo (SAPL) é possível o cidadão acompanhar o andamento dos projetos de lei que tramitam pela Casa. O sistema também disponibiliza acesso às informações sobre a Mesa Diretora, Comissões Parlamentares, ordem do dia, proposições, matérias legislativas, normas jurídicas, entre outras. “O objetivo é facilitar o trabalho do Parlamento e garantir que o cidadão acompanhe tudo com facilidade”, diz o diretor de Comunicação da Aleac, jornalista Rutembergue Crispim.

Para o Presidente da Assembleia Legislativa do Acre, deputado Ney Amorim (PT), os investimentos nas áreas tecnológicas do setor de comunicação são fundamentais para que a sociedade possa acompanhar mais de perto todos os trabalhos dos deputados, e garantir a transparência, que, segundo ele, é peça fundamental na construção de uma nova política.

“Cada vez mais queremos garantir a transparência do que fazemos, dos nossos trabalhos na Aleac. Desejamos que o cidadão possa acompanhar o desempenho daqueles que eles mesmos elegeram, somos empregados do povo e desejamos que ele acompanhe cada etapa do nosso trabalho”, afirma.

Ney Amorim diz que deseja oferecer comodidade aos cidadãos acreanos que queiram acompanhar os trabalhos legislativos, e por isso fez questão que a Casa de Leis investisse em tecnologia para que, por meio da internet, através de tablets, smartphones e computadores em geral possam acompanhar os debates realizados na sala das sessões Francisco Cartaxo. “Queremos que cada vez mais a população do Acre se aproxime do Legislativo, e para isso nada melhor do que acompanhar nossos debates e votações”, ressalta.

O primeiro-secretário da Mesa Diretora da Aleac, deputado Manoel Moraes (PSB), é um entusiasta de investimentos em tecnologia, assim como também em novas mídias. Moraes afirma considerar salutar o fato do cidadão, morador de qualquer região do Acre, poder acompanhar a produção legislativa dos deputados.

“Eles que nos elegem e têm o mais legítimo direito de acompanhar tudo que fazemos. Através das transmissões pela TV digital e o que passa ao vivo pela internet nós queremos garantir transparência nas ações da Aleac, além de fazer com que o cidadão se aproxime cada vez mais do trabalho parlamentar, que é tão importante para o Estado democrático”, diz.

O vice-presidente da Aleac, deputado Éber Machado (PSDC), é outro deputado que gosta da ideia de ter o trabalho acompanhado por todos os cidadãos. Ele analisa que é fundamental que exista feedback de suas ações parlamentares. “É preciso que exista a reação do receptor às mensagens que passamos como deputados através do nosso trabalho. Precisamos dessa avaliação de resultados para que possamos melhorar constantemente”, defende.

O deputado Jairo Carvalho (PSD), morador do município de Senador Guiomard (distante 24 km de Rio Branco), é um dos parlamentares de primeiro mandato que acredita no uso de novas mídias oferecidas por meio da internet. O líder do PSD, que mantêm um blog onde contêm informações sobre sua atuação parlamentar e o de ministro do Evangelho, por conta do trabalho como pastor na Igreja Assembleia de Deus, diz que nada é mais importante do que manter um canal aberto de comunicação com a sociedade em geral.

“Nós queremos fornecer informações a todos, não apenas aos nossos eleitores, mas também a todos os cidadãos. Afinal de contas, quando fui eleito me tornei deputado do Acre inteiro. Todos merecem acompanhar nosso trabalho e opinar sobre ele”, diz.

Para o deputado Luiz Gonzada (PSDB), as transmissões ao vivo são um  marco para a Aleac. Ele, que sempre optou por divulgar vídeos de seus discursos via redes sociais, diz que a interação com o cidadão é fundamental para o bom desempenho do trabalho parlamentar.

O deputado Chagas Romão (PMDB) um dos deputados com mais tempo de Parlamento, com quatro mandatos consecutivos, não é de uma geração “viciada em internet” como costuma dizer, mas exalta o trabalho feito pela Mesa Diretora ao implementar a TV digital.

“Queremos parabenizar o presidente Ney Amorim pela iniciativa de implantar a TV, sabemos que é uma excelente ideia que irá ajudar a divulgar nosso trabalho”, declarou o peemedebista durante a sessão em que foi divulgada o início dos trabalhos de transmissão, ocorrida no dia 16 de fevereiro de 2016.

Um presidente da geração Y

Nascido no apagar das luzes da década de 70, o jovem Ney Amorim (PT) assumiu a presidência do Parlamento acreano com pouco mais de 32 anos. Ele, que dividiu o Parlamento e presidiu pessoas com idade bem superiores à sua, optando por absorver a experiência dos veteranos e trocar com eles um pouco da sua própria, como integrante da chamada Geração Y, o gosto pelos smartphones, a paixão por redes sociais e a certeza de que a internet é a ponte para o futuro.

“A internet é uma invenção maravilhosa e que pode ser usada para interligar pessoas, facilitar a difusão de elementos e garantir com que as pessoas tenham acesso à informação, que é um bem intangível, mas fundamentalmente importante”, diz.

Segundo a Wikipédia, a enciclopédia livre da internet, a Geração Y, também chamada geração do milênio ou geração da Internet, é um conceito em sociologia que se refere, segundo alguns autores, como Don Tapscott, à corte dos nascidos após 1980 e, segundo outros, de meados da década de 1970 até meados da década de 1990, sendo sucedida pela geração Z.

A geração de Ney Amorim se desenvolveu numa época de grandes avanços tecnológicos, e após a instauração do domínio da virtualidade como sistema de interação social e midiática, e, em parte, no nível das relações de trabalho. O resultado disso é um parlamentar que aposta na manutenção de antigos valores morais e a inovação em novas mídias e formas de contato com os cidadãos em geral.

Basta chegar perto de Amorim para perceber o quão “plugado” ele vive ao ambiente digital. Com dois smartphones sempre à mão, ele consegue realizar reuniões online, atender eleitores e até conceder entrevista a jornalistas via WhatsApp, aplicativo de mensagens instantâneas. “A tecnologia nos ajuda a reduzir distâncias, resolver as coisas mais rapidamente e, assim, termos mais tempo para atender tantas demandas que nos chegam. Se souber usar a tecnologia de forma adequada ela é, sem dúvidas, uma grande aliada”, comenta.

Ney Amorim é desses jovens que se acostumou a manter conversas por diversos meios, e ainda mantém intacta a paixão pelo contato ao vivo. Quem rodeia o presidente da Aleac e com ele precisa manter constante diálogos sabe que ele é tudo, menos tradicional. As conversas com ele podem ser feitas ao vivo (no pouco tempo que ele dispõe por conta de sua apertada agenda de trabalho), pelo celular, e-mail, messenger do Facebook, Twitter ou qualquer outra ferramenta de comunicação que venha a surgir no mundo. Ele não precisou aprender a dominar as máquinas, mas nasceu com TV, computador e comunicação rápida.

Segundo reportagem publicada pela “Galileu”, revista de conteúdo científico, quem convive com ferramentas virtuais desenvolve um sistema cognitivo diferente. “É bacana poder conversar com os mais jovens sobre política e administração usando estas tecnologias, e manter intacto o gosto por manter uma boa conversa tomando um cafezinho com um aposentado lá em Santa Rosa ou Jordão”, diz Ney Amorim.

Uma pesquisa do Departamento de Educação dos Estados Unidos revelou que crianças que usam programas online para aprender ficam nove pontos acima da média geral e são mais motivadas. “É a era dos indivíduos multitarefas”, afirma Carlos Honorato, professor da FIA. Ao mesmo tempo em que estudam, são capazes de ler notícias na internet, checar a página do Facebook, escutar música e ainda prestar atenção na conversa ao lado. Para eles, a velocidade é outra. Os resultados precisam ser mais rápidos, e os desafios, constantes.

 

Por falar em desafios constantes, Ney amorim afirma que um dos maiores que enfrentou ao longo da vida foi assumir a presidência da Aleac e liderar deputados mais experientes que ele próprio. “Queria agregar a experiência deles com as coisas que gosto e que acredito ajudar o trabalho.”

Ana Costa, especialista em comunicação ouvida em reportagem especial da “Galileu”, prova que a ideia de Ney Amorim era a ideal. ”Além de aprender com os mais velhos e superiores, eles sabem que também podem ensiná-los, em uma relação horizontal. Os jovens modernos funcionam por meio de redes interpessoais, nas quais todas as peças têm a mesma importância. A Geração Y mudou a forma como nós interagimos”, diz ela.

De acordo com a teoria de especialistas, outra caracteriza da Geração Y que Ney Amorim levou para o Parlamento acreano foi o fim da rigidez nas relações. A presidência de Ney é um ambiente de troca de experiências, é o que diz o deputado Manoel Moraes (PSB). Se com os pares a relação é de troca de experiências e ajuda mútua, de igual modo houve uma readequação nas hierarquias dentro do corpo administrativo da Casa.

”Estamos agindo em rede de cooperações com os funcionários, flexibilizando o que é permitido e buscando um ambiente onde a ética e a responsabilidade prevaleçam”, ressalta o presidente.

Os cidadãos, felizes com a possibilidade de assistirem as sessões na comunidade de onde estiverem, agradecem os investimentos. O aposentado Raimundo Pereira, 60 anos, é morador da Cidade do Povo e afirma que as transmissões online e pela TV digital encurtaram caminhos.

“Nem sempre a gente tem dinheiro de ônibus para ir lá na sede dos deputados e pela internet meu neto coloca para mim, é tudo ligeiro e ‘avechado’. É como se a gente tivesse lá”, declarou.

Outra moradora da Cidade do Povo, Raimunda de Assis, elogiou a iniciativa da Mesa Diretora e afirmou que a Aleac está integrada ao futuro. “Hoje só se fala nisso de internet, é o futuro. É muito bom o site deles”, disse.

Cinquenta e quatro anos de democracia: superações, avanços e conquistas

Enquanto outros Estados brasileiros já tinham experiência com democracia e voto popular, o Acre precisou da promulgação da Lei número 4.070, de 15 de junho de 1962, que elevou o Acre à categoria de Estado para que a Assembleia Legislativa do Acre fosse efetivamente criada . A primeira barreira foi superada e a Aleac teve papel fundamental na nova fase do Acre Estado. Foi a Mesa Diretora da casa parlamentar, recém-empossada, que deu posse ao primeiro governador para administrar o Acre. A posse foi no histórico dia da Promulgação da Constituição Estadual.

Os avanços obtidos pelo Parlamento acreano foram naturais a uma casa de leis que preza pela democracia e as conquistas vieram com o tempo quando o Parlamento foi se estruturando como um Poder sólido e essencial para o funcionamento do Estado.

Nem tudo foi fácil nestes quase 54 anos de Assembleia. Um dos momentos mais difíceis ainda está fresco na memória do ex-presidente da Casa, ex-deputado José Bestene (PP), que comandava o Parlamento quando um imenso incêndio consumiu boa parte do prédio localizado, onde permanece até hoje, na Rua Arlindo Porto Leal , número 241, situado no Centro de Rio Branco. Para Bestene, apesar das dificuldades vividas na época, trazidas pelo incêndio, até hoje não explicado, o que marcou mesmo foi a força de vontade dos parlamentares em reconstruir a sede do Parlamento.

“Foi uma época de superação, em seis meses nós entregamos o prédio reconstruído e contamos com uma boa ajuda da Universidade Federal do Acre (Ufac) forneceu profissionais para elaborar o laudo técnico que diziam que só faziam fora do Estado. Devo muito aos meus pares que junto comigo cumpanham a Mesa Diretora. Sou grata ao Jorge Said e ao saudoso Raidir Leitão”, diz.

Outro presidente que ajudou construir a história da Assembleia Legislativa do Acre foi o comunista Edvaldo Magalhães, que em 2008 entregou o prédio reformado após 14 anos. Moderno, com salas amplas e gabinetes sofisticados, o prédio entregue por Magalhães trouxe traços da arquitetura moderna, misturado com a marchetaria.

Em parceria com o atual presidente, que na época era 1° secretário, deputado Ney Amorim, o ex-deputado Elson Santiago também marcou época como presidente do Parlamento ao investir na valorização dos servidores. A Mesa Diretora ofertou cursos e inúmeras oportunidades para o crescimento profissional dos servidores.

Outro marco da Aleac nas últimas gestões foi a aproximação do Parlamento com o cidadão do interior. Somente no primeiro ano de Ney Amorim como presidente, as comissões da Aleac realizaram mais de 15 viagens ao interior onde foram realizadas reuniões e colhidas demandas locais para fomentar debates no plenário. “Precisamos estar cada vez mais próximos da população. É nosso dever e também uma imensa satisfação”, diz.