Confira dicas importantes para não se perder na prova de redação do Enem domingo

No próximo domingo (5) ocorre o primeiro dia das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2017. Os participantes terão cinco horas e trinta minutos para resolver as provas de Linguagens, Redação e Ciências da Humanas. Conforme as regras do exame e dos processos seletivos onde a nota é usada, como Sisu e Prouni, a redação representa praticamente 50% da média final.

Por isso, escrever uma boa redação é fundamental para quem pretende conseguir uma vaga nas universidades federais ou até mesmo uma bolsa nas instituições particulares. Entretanto, essa prova é a grande vilã para uma parcela considerável de estudantes, afinal, quem não teve a oportunidade de estudar em um cursinho preparatório ou em boas escolas dificilmente consegue desenvolver um texto dissertativo-argumentativo.

Diante deste cenário, destaca-se também que o estudante não precisa apenas saber dissertar, argumentar e colocar isso no papel. A prova de redação do Enem tem a nota 1000 como pontuação máxima, mas quais são os critérios que os avaliadores utilizam para compor essa nota? Conhecer esses parâmetros que serão utilizados na hora da correção pode ajudar você a não se perder enquanto escreve a sua redação.

Conhecer esses parâmetros que serão utilizados na hora da correção pode ajudar você a não se perder

Conhecendo os critérios de correção do Enem

Segundo o edital do Enem, a prova de redação consiste na elaboração de um texto dissertativo-argumentativo em língua portuguesa, em até trinta linhas, a partir de uma situação-problema nas áreas social, política ou cultural. Esse texto será corrigido por dois professores que atribuirão notas de 0 a 200 para cada uma das cinco competências exigidas, a soma dessas competências representará a nota final. Esses critérios são organizados da seguinte forma:

Competência I – Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa

Aqui o avaliador leva em consideração se o candidato sabe utilizar a modalidade escrita formal. Por isso, desvios gramaticais, como erros de concordância e de pontuação, podem fazer com que a nota seja diminuída caso caracterizem reincidência. Em caso de aparente desconhecimento da norma padrão está competência terá nota zero.

Aqui é importante conhecer muito bem a língua portuguesa, uma dica é praticar a escrita e mostrar para algum professor ou outra pessoa que você use como referência, para que você conheça os seus vícios de linguagem e onde deve focar em melhorar. Quem escreve às vezes fica cego para os próprios erros, por isso não se acanhe em pedir ajuda.

Se você não puder contar com ninguém, não desista! Conte com você mesmo e estude gramática, regras de pontuação, acentuação, sintaxe e outras questões referentes à escrita formal. Agora o tempo é curto, mas domingo não será a última oportunidade que você terá para escrever um texto dissertativo-argumentativo, por isso, mais importante que estudar a teoria linguística é ver a língua portuguesa em ação.

Então cultive o hábito de ler, dificilmente alguém vai escrever bem se não for bom leitor. Leia, pelo menos, este artigo até o final, já é um bom começo.

Competência II – Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa

Esta competência exige que o candidato saiba organizar suas ideias na defesa de uma ideia por meio de argumentos e explicações. Um aluno pode ser um às na gramática, mas só saber escrever poesia, por exemplo, o que a princípio não é ruim, contudo, não é essa habilidade que a prova exige.

Além de apresentar argumentos, essas ideias precisam ser coerentes com o tema e ser organizadas de uma forma que o avaliador saiba o que você quer dizer. Uma boa dica é planejar antes de escrever. Lembre-se que o seu texto precisa ter introdução, desenvolvimento e conclusão, então pense em cada um desses elementos antes de colocar suas ideias na folha definitiva.

Sendo assim, convém elaborar um plano daquilo que será abordado e qual será a sua estratégia para que o texto seja considerado dissertativo-argumentativo. O método que eu sugiro é trabalhar por etapas para não se perder.

1° Introdução (1 parágrafo de 5 a 7 linhas)

No momento inicial busca-se o problema, ou seja, apresentar os fatos sobre o tema pretendido e também a ideia central do texto. Sugiro não colocar palavras na boca do leitor, exemplo: “sabemos que”, “falaremos”, “todo mundo sabe que”; ao invés disso use termos impessoais como: “sabe-se que”, “divulga-se muito na mídia que”, “É possível afirmar que”. Desta forma, você prepara o terreno para colocar os seus argumentos.

2° Desenvolvimento (2 a 3 parágrafos de 5 linhas)

No desenvolvimento você vai apresentar a sua opinião pessoal sobre o tema e propor argumentos que confirmam o que você pensa sobre o assunto, por isso é importante buscar uma verdade pessoal ou juízo de valor sobre o assunto abordado.

O mais importante de um texto dissertativo-argumentativo é a organização, clareza e exposição dos argumentos. Para tanto, é importante selecionar exemplos, fatos e provas a fim de assegurar a validade de sua opinião, sem deixar de justificar. A minha dica é usar um parágrafo para cada argumento, tomando cuidado para que os parágrafos não sejam muito pequenos ou muito grandes.

3° Conclusão (1 parágrafo de 5 a 7 linhas)

Nesse momento busca-se a solução para o problema exposto, tomando cuidado para não ficar repetitivo e nem exceder o limite de 30 linhas. Assim, é interessante apresentar a síntese da discussão e, além disso, indicar a proposta de intervenção do tema com as observações finais, sobre isso explicarei melhor logo mais.

Em 2016 o tema da redação foi “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil”/Foto: reprodução

Competência III – Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista

Aqui o avaliador vai levar em consideração a validade dos seus argumentos e a coerência deles. Para tirar 200 pontos aqui você precisa apresentar informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto, de forma consistente e organizada, configurando autoria, em defesa de um ponto de vista. Não vale usar dados ou “notícias” falsas.

Então cuidado com informações muito vagas tipo: “Ninguém faz nada para combater a violência” – Isso não faz sentido, pois alguém em algum lugar deve estar fazendo. Uma forma mais coerente de escrever essa opinião poderia ser: “Apesar dos esforços para conter a violência, aparentemente isso não tem sido suficiente”.

Organize suas ideias, veja se elas não se contradizem. Além disso, evite usar expressões absolutas como: “ninguém”, “nunca”, “todo mundo” e “sempre”. Ao invés disso dê preferência aos termos menos fechados, por exemplo: “grande parte”, “uma pequena parcela”, “na maioria das vezes em que se observa”, “para uma parcela considerável da população”. Quanto mais amplo for o seu discurso, mais difícil será arrumar argumentos para defende-lo. Lembre-se, “todo mundo é muita gente”.

Competência IV – Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação

Se você conseguir desenvolver bem as competências II e III dificilmente será mal avaliado na III. Aqui o avaliador ficará atento se o candidato articula bem as partes do texto e apresenta repertório diversificado de recursos coesivos. Beleza, mas o que são recursos coesivos?

Para que as ideias de um texto sejam bem transmitidas, as palavras, expressões, frases e parágrafos devem ter continuidade uns aos outros, não sendo apenas uma série de informação soltas. Harmonizar os diversos elementos do texto é a missão da coesão. Desta forma, recursos coesivos são os elementos utilizados para garantir a união entre as várias partes da sua redação.

Esses recursos podem indicar ressalvas (entretanto, porém, todavia), adição e continuação (além disso, outrossim, assim como), dúvida (Talvez, provavelmente, é provável), confirmação (desta forma, por isso, sendo assim), conclusão (finalizando, diante do exposto, por último) e muitas outras situações.

Uma boa dica é começar o primeiro parágrafo do desenvolvimento, onde deve entrar seus argumentos iniciais, você começar com “Primeiramente, destaca-se que…” ou “Inicialmente…”. Depois, no parágrafo seguinte, começar com “Além Disso, …”, “Não obstante, …” ou “Nesse sentido, …”. O que não impede que você também tenha contrapontos nos parágrafos seguintes como: “Entretanto, …”, “Apesar disso, …” ou “Todavia, …”; isso tudo sem entrar em contradição, claro! Começar o parágrafo da conclusão utilizando “Diante disso, conclui-se que…”, “Finalizando” ou “Concluindo” ajuda também.

São coisa que parecem tão óbvias, mas que fazem uma diferença danada no final. Por isso, é importante conhecer muitos recursos coesivos para não precisar repetir palavras na hora de escrever, fazendo sua nota cair nesta competência e consequentemente na nota final.

Competência V – Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos

Aqui entra o principal diferencial da prova de redação do Enem, infelizmente a maior polêmica também. Por isso, fique atento! Além de apresentar a sua opinião sobre o tema, você precisa obrigatoriamente apresentar uma proposta de intervenção. Não basta só falar de problemas, você tem que opinar soluções também.

Não obstante, essa intervenção precisa respeitar os direitos humanos, sob pena de zerar não só este critério, mas também a prova toda! Ainda que a Justiça Federal tenha deferido liminar que exclui a possibilidade de zerar a redação por desrespeitar os direitos humanos, esse entendimento pode não prevalecer dentro do ordenamento jurídico.

Então sugiro que você se contenha, afinal, respeitar os direitos humanos não é coisa [só] de “esquerdista”, “petista” e outros “istas”. Exemplo prático de onde esse conselho pode ser útil é o tema da redação em 2015: “A persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira” – Você vai dizer o quê? Que mulher merece apanhar? Se disser isso e apresentar argumentos para justificar esse posicionamento, espera tirar uma boa nota?

Passada a polêmica, aqui vão algumas sugestões que podem ajudar você a elaborar uma proposta de intervenção. Primeiro, faça perguntas ao tema. Olhe para ele e diga: “Por quê?”, “tem muito ou tem pouco?”, “Está certo ou errado”. Depois faça pergunta a si mesmo: “Concordo ou discordo?”, “tem que diminuir ou tem que aumentar?”, “como eu acho que isso deve mudar?”.

Para obter 200 pontos aqui você precisa elaborar muito bem a proposta de intervenção, detalhada, relacionada ao tema e articulada à discussão desenvolvida no texto. Não adianta escrever um texto lindo e maravilhoso, mas fugir do tema proposto ou não se posicionar. Muita gente opina na internet de graça, que tal você fazer isso ganhando algo importante para o seu futuro?

Propostas de temas de redação para você praticar as dicas que achar válidas neste artigo

Agora é a hora dos exercícios

Se você achou que essas dicas foram válidas e que agora você melhorou a sua noção de o que é um texto dissertativo-argumentativo, minha dica final é que você ponha em prática o mais rápido possível. Pegue um tema livre ou até mesmo algum de edições passadas do Enem, organize as ideias e tente fazer algumas redações antes do dia da prova.

Sugiro os temas do Enem de 2009 (O indivíduo frente à ética nacional), 2012 (Movimento imigratório para o Brasil no século 21) e 2016 (Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil). Boa sorte e bons estudos!

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