25 de abril de 2024

A farsa por trás da notícia: ‘Jornalismo’ estatal distorce os fatos recorrendo a indicadores socioeconômicos

Literatura e verdade

George Orwell, autor do consagrado romance “A Revolução dos Bichos”, no qual ele recorre à fábula para denunciar a realidade e a ameaça dos regimes socialistas/comunistas de sua época, é também responsável pela máxima segundo a qual “Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique. Todo o resto é publicidade”. Orwell, como se pode presumir, não foi publicitário, mas, além de escritor, jornalista.

Literatura e atualidade

Agora algo mais atual, relacionado ao romancista inglês, que provavelmente o leitor desconheça: o reality show que chamamos de BBB – o Big Brother Brasil – foi inspirado em outra obra sua, de título original “Nineteen Eighty-Four” – cuja tradução é Mil Novecentos e Oitenta e Quatro, ou apenas “1984”, conforme publicado por aqui. Ambos os livros têm como tema os regimes de esquerda totalitários, a exemplo dos cubano e venezuelano, tão cultuados pelos companheiros do governo do Acre.

Agência de propaganda

De volta à frase célebre de Orwell sobre a precisa distinção entre publicidade e jornalismo, é de se concluir facilmente que a Agência de Notícias do Acre (ANA), subordinada à Secretaria de Estado de Comunicação, não se ocupe em retratar fatos, antes se empenhando em distorcê-los a fim de que sirvam à propaganda governamental.

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O exemplo mais recente – e pungente – dessa verdade está disponível no site da agência para os pouquíssimos leitores que, como eu, acessam o portal em busca de ‘informações’. O texto “Evolução de indicadores mostra êxito nas políticas públicas do governo do Estado” é o mais eloquente exemplo de como os indicadores socioeconômicos podem ser manipulados pela publicidade travestida de jornalismo, na tentativa de se vender uma imagem gloriosa de uma gestão decadente. Vejamos como se faz isso.

PIB

O texto começa por afirmar que uma das provas do êxito das políticas públicas implementadas por Tião Viana é o 4º lugar no ranking dos estados com maior crescimento acumulado do PIB (Produto Interno Bruto) do país nos últimos 13 anos. Após essa falsa premissa, algumas conclusões.

PIB vs. Renda

Ocorre que a renda per capita – ou, no presente caso, o valor do PIB dividido entre o número de habitantes do estado – não reflete, necessariamente, bem-estar ou qualidade de vida. Basta darmos uma olhadinha na PNAD Contínua, a pesquisa do IBGE que nos põe na vergonhosa 23ª posição no ranking nacional da renda domiciliar per capita – ou seja, quando somadas as receitas de todos os moradores de um único domicílio. Enquanto a média da PNAD Contínua foi estabelecida em R$ 1.268 no país, no Acre ela é de R$ 769, a segunda pior da Amazônia.

Sofistas

Outro fator a desmentir o sofisma da agência estatal de notícias é o enorme contingente (mais de 88 mil famílias) que sobrevivem no Acre do Bolsa Família. Ora, se o PIB cresce 13 anos seguidos e o grosso da população continua a depender do programa social, a conclusão é uma só: a concentração de renda, sob os governos do PT, só fez aumentar o fosso que separa, no Acre, os mais ricos dos mais pobres.

Empregos

O segundo ‘indicador’ diz respeito à geração de empregos, usado na tentativa de provar que o governo está no caminho certo. Responsável por 61,8% dos postos de trabalho em 1999, o governo passou a responder, em 2015, por 41,5% dos empregos, segundo o texto.

Análise minuciosa

Além de não provar absolutamente nada, esse dado carece de análise mais minuciosa. Segundo, por exemplo, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em fevereiro deste ano o Acre perdeu 428 postos de trabalho com carteira assinada. Em janeiro, foram 369 demissões, totalizando 797 vagas formais de trabalho perdidas só nos primeiros dois meses de 2018.

Crise e nada mais

Ora, as demissões provam que setores como a construção civil, comércio e serviços (os que mais demitiram no começo deste ano) sofrem as consequências da crise econômica. Ademais, a falência de inúmeras empresas que mantinham contratos com o governo reforça a tese de que este também tem sido fustigado pelas dificuldades financeiras.

Grosseria

A terceira malandragem da estatal de comunicação é retratada de forma grotesca. Ao se referir aos avanços da educação durante os dois mandatos de Tião Viana, o texto recorre aos números do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), de responsabilidade dos… municípios!

Eis o porquê!

E por uma razão simples: no que tange ao ensino médio – este sim, tocado pelo estado – a nota do Acre em 2015 foi 3,6, quando o mínimo estipulado pelo MEC foi 3,9.

Conclusão do embuste

A matéria termina com uma referência à Associação Brasileira de Transplantes (ABTO), que supostamente aponta o Acre como o 5º estado que mais fez transplantes de fígado no Brasil – o que deveria sustentar a tese de que a saúde por estas bandas vai muito bem, obrigado.

É trágico!

Ora, quem precisa recorrer aos serviços públicos de saúde conhece a realidade do setor. E o fato de o atual governo ter feito uma tentativa de passar às Organizações Sociais a gestão do Hospital de Urgência e Emergência de Rio Branco (Huerb), bem como das três UPAs da capital, sem uma única consulta pública, por si só é capaz de desmentir toda a argumentação do ‘repórter’. O episódio até que poderia ser cômico, não fosse o tamanho da nossa tragédia…

MP em ação

Conforme publicado pela coluna, a promotora eleitoral perante a 1ª Zona, Alessandra Marques, expediu ofício ao procurador regional eleitoral, Fernando José Piazenski, solicitando providencias ao Ministério Público Federal (MPF) sobre o conteúdo de um áudio feito pelo vereador Jackson Ramos (PT).

Busílis

Na gravação, vazada do WhatsApp, o parlamentar do município de Rio Branco afirma ter trabalhado em campanhas do deputado federal Sibá Machado (PT) fazendo consultas, exames e cirurgias.

Entrou água

No ofício, a promotora afirma que “os fatos configuram realização de campanha eleitoral fora de época por ambos os envolvidos, com especial gravidade para o médico Jackson Ramos, cuja fala é identificada no áudio, já que realiza cirurgias em pessoas na rede pública, onde exerce o cargo de médico, em troca de votos na próxima eleição”.

Topetudo

Para Alessandra Marques, ficou evidente que o vereador do PT “está desafiando a legislação eleitoral”, sobretudo, segundo ela, por fazer uso de sua função na rede pública de saúde para captar votos de forma ilícita.

Flagrante

Dirigentes do PSDB foram flagrados flertando com o deputado estadual Eber Machado, recém-filiado ao PDT. O objetivo do flerte, registrado nas dependências da Aleac, foi persuadi-lo a concorrer ao cargo de deputado federal pelo partido, que indicou o vice na chapa do senador Gladson Cameli, pré-candidato ao governo pelo Progressista.

O rei do baile

Eber era esperado no DEM com o mesmo propósito, numa articulação que previa a indicação de Alan Rick para vice de Cameli. Mas não deu samba. Especialista em valsa, Eber Machado deu um baile nos democratas e foi ‘dormir’ nos braços de Luiz Tchê.

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