Embora a sociedade pregue a falsa ideia de que todo homem é igual, prefiro acreditar que todo homem é diferente, e assim dizer que existem genitores dos mais diversos tipos, entretanto, pretendo analisar somente dois: o pai provedor e o pai ideal, com destaque para a participação da mãe do menor no desempenho das sobreditas funções paternas.
Ainda que os homens nasçam, cresçam e sejam educados em ambientes com conceitos e cultura completamente diferentes, certas situações acontecerão na vida de “todos” em algum momento, a citar a paternidade, apesar da raríssima exceção que fundamentadamente não deseja passar por essa experiência.
Mas o que é ser homem e como isso implica em ser pai? Um homem passa por diversas vivências, umas mais fáceis e outras que se revelam como um verdadeiro e imenso desafio. Podemos dizer que a experiência de ser pai está entre as mais desafiadoras, ainda mais quando este não convive mais amorosamente com a mãe de seu filho. Há homens que escolhem deliberadamente passar pela paternidade, sonham com esse papel, mas existem também aqueles que encaram essa tarefa como um acidente, meio ou totalmente sem querer. Sabemos que a paternidade é algo simples, mas de uma responsabilidade gigantesca, pelo que nem todos conseguem exercer esse papel de maneira segura, pois há aqueles que não se sentem preparados, capazes e encontram dificuldades, embora alguns consigam se destacar com certa facilidade no exercício da função.
Não se pode negar que o simples fato de ser homem já concede certas conveniências ao sujeito, falando de um ponto de vista social, porque a sociedade é permissiva e cúmplice do pensamento arcaico “de que o homem pode tudo”, mas essa mesma sociedade condena quando esse homem não consegue assumir as consequências dos seus atos, seja em razão dessa liberalidade, seja por impossibilidade diante da imposição de outrem.
No segundo aspecto, que quero me ater, pois encontra-se a impossibilidade do pai agir como tal diante da prática de alienação parental pela mãe de seu filho, quando essa por não ter conseguido ressignificar seus sentimentos em razão do término do relacionamento, inicia uma verdadeira guerra para destruir a imagem do homem como pai para a sociedade, família e o pior, para o próprio filho.
É comum vermos mulheres canalizarem seu inconformismo quanto ao término da relação na destruição da figura paterna, inclusive utilizando-se de inverdades para se buscar a efetividade da Lei Maria da Penha na sua vida como forma de dificultar que pai e filho tenham convivência! No entanto, quando as consequências desses atos impensados surgem, é na figura do pai que essas mesmas mulheres atribuem a culpa e, ainda, tendem a exigir novamente a presença deste na vida de seus filhos, mas nesse momento, no mínimo já se rompeu a espontaneidade da relação entre pai e filho por se criar na mente deste a figura do pai que optou por ser ausente, por abandonar a família, nascendo então aqui a figura do pai provedor.
Pai provedor é o famoso “pagador de pensão alimentícia” que não consegue ou não conseguiu exercer sua função de maneira plena e satisfatória, afinal, sua capacidade de demonstrar seu afeto foi tolhida! Fica o questionamento: Quem disse que um pai ama menos o filho por que simplesmente separou-se de sua mãe? Que lei obriga o pai ser menos participativo na vida dos filhos como forma de punição por não querer permanecer na relação amorosa com a mãe daquele? Pois então, a sociedade acha um absurdo um pai ser ausente da vida do filho, mas muita das vezes desconhece a realidade dos bastidores que em sua maioria vem de uma infundada alienação parental praticada pela fraqueza de uma mulher que deveria ser forte e sábia para provar pra sociedade que ela é capaz de se refazer, de se reinventar, de se transformar, ainda que seus planos familiares não tenham saído como outrora planejado.
Viver e agir dessa forma distancia, sem sombra de dúvidas, o pai dos seus filhos, não existindo lugar para o carinho, não existindo lugar para a amizade e diálogo, então é bem provável que, para os filhos, o significado assim como a figura de pai ideal não existam nesse mundo, o que, inquestionavelmente, acarretará danos psicológicos imensuráveis na vida deste que em formação está!
Em contrapartida, temos a figura do pai ideal, o qual consegue demonstrar todo amor que sente pelos filhos de forma plena, sendo capaz de transmitir todo o seu afeto de uma maneira que será aceita, compreendida e absorvida sem quaisquer julgamentos, inclusive com o auxílio da mãe que sabiamente buscará sempre preservar a imagem desse pai independente do fim da relação amorosa com ele.
Essa sabedoria feminina vem do entendimento de que embora pai e mãe tenham papéis semelhantes, ambos são indiscutivelmente importantes na formação emocional de seus filhos e entender que para este filho, a presença constante da figura do pai é de grande importância para sua vida, para seu crescimento, para seu desenvolvimento psicológico, faz essa mãe entender que não vale a pena alimentar as indiferenças ou pendências de uma relação sem sucesso.
O pai ideal chega no âmago da perfeição para seus filhos, porque apesar das suas imperfeições humanas, se faz perfeito a medida que se faz presente em cada momento da vida de seus filhos sem embaraços criados pela figura da mãe.
Não adianta tentar agir como uma mãe perfeita quando impede o pai de ser o ideal para o filho por vingança, forçando-o a ser apenas um pagador de pensão, porque com o passar do tempo, não é incomum ver mães arrependidas por terem de forma egoísta pensado em seus sentimentos em detrimento aos dos seus próprios filhos.
Ora, o preço da vingança vem com o tempo: filhos revoltados, depressivos, ansiosos, filhos enveredados no caminho das drogas. Percebam! As consequências da prática de alienação parental como vingança por não se aceitar o término de uma relação amorosa recai sobre todos: pai, mãe e, principalmente, sobre os filhos, pelo que se faz necessário refletir um pouco sobre o assunto, desprendendo-se de conceitos feministas para ser construtivo e evolutivo, porque embora não seja a regra, essa exceção existe e traz prejuízos incalculáveis ao menor em formação.
Assim, concluímos que basta desejarem ser diferentes, basta aceitarem e reconhecerem suas falhas e, mais, reconhecerem que o respeito é a base para qualquer relação, sendo que no caso de ex-cônjuges, o resultado dessa evolução será sempre de filhos psicologicamente saudáveis convivendo com pai e mãe, ainda que separados, mas com ambos de forma participativa do desenvolvimento infanto-juvenil.
Lorena Torres
Advogada. Graduada em Direito pela Faculdade da Amazônia Ocidental – FAAO em 2007.
Pós graduada em Direito Civil e Processual Civil pela Universidade Gama Filho.
Pós graduada em Gestão Pública pela Uninter Grupo Educacional. Pós graduada em Gestão de Segurança Pública e Direitos Humanos pela Universidade Federal do Estado do Acre – UFAC.