O médico Diogo Rabelo, de 33 anos, viralizou na internet com vídeos de seu casamento em um resort em Itacaré, na Bahia. Apesar da paisagem paradisíaca, o que mais chama a atenção nas imagens do evento é a ausência do noivo. Depois de um ano e meio de relacionamento, Diogo conta que seu parceiro decidiu terminar o noivado três meses antes da data do casório. Em vez de cancelar o evento, que ele diz ter custado cerca de R$ 350 mil, o médico casou-se consigo em 17 de outubro.
Dos 100 convidados inicialmente previstos, compareceram 40 — todos da lista de Diogo. O médico, que é especializado em procedimentos estéticos como botox e preenchimentos faciais, já compartilhou três vídeos feitos no resort em que celebrou o autocasamento. Ao todo, as peças contabilizam mais de 580 mil visualizações apenas no perfil de Rabelo no Instagram. As imagens foram reproduzidas por outras páginas na internet, o que o tornou uma espécie de celebridade instantânea.
O vídeo mais visto da cerimônia tem 10 minutos e mostra um discurso de Diogo a seus convidados, além do momento em que ele diz o “sim” a si mesmo diante de um espelho.
“O sentido da minha não será aquele que foi largado no altar, isso é apenas um pequeno detalhe que faz parte de um todo. Detalhe importante e que criou um tecido essencial para que eu aprendesse a minha maior e talvez mais dolorosa lição, a de saber me amar”, diz ele no vídeo.
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Diogo diz não guardar mágoas do ex-noivo, o também médico Vitor Bueno, que não se manifestou ao ser procurado pelo GLOBO. Rabelo afirma, no entanto, que o ex não gostou da repercussão dos vídeos. O relacionamento, segundo ele, começou no carnaval de 2019 e terminou de maneira definitiva em julho deste ano.
— Nós noivamos em novembro do ano passado, em janeiro começamos a morar juntos, e em fevereiro assinamos o contrato do casamento. Combinamos que eu pagaria a cerimônia e que ele me reembolsaria depois aos poucos, mas terminamos em julho depois de uma série de brigas — afirma o médico.
O cronograma do casório foi mantido mesmo em meio à pandemia, mas a proposta para cancelar a cerimônia foi feita pela primeira vez em junho pelo ex, segundo Rabelo, que afirma tê-la recusado porque muitos convidados já teriam comprado passagens e o resort não faria reembolso.
— A gente se separou definitivamente em julho, quando ele saiu de casa. Eu fiquei desesperado, fui atrás, disse a ele que o amava, até que me mataria se não tivesse volta, mas ele não se comoveu. Analisei a situação durante um mês, e decidi que eu tinha que me valorizar e me amar. Mantive a cerimônia e, dos meus 50 convidados, 40 vieram — diz Rabelo.
A história de Rabelo tem sido comparada com a da influenciadora digital Alinne Araújo, que no ano passado manteve a festa de casamento mesmo depois de ser abandonada pelo noivo. A jovem, que já sofria depressão, suicidou-se após ser criticada na internet.
Diogo também foi criticado em posts por supostamente querer se autopromover, mas diz ter recebido mais mensagens de apoio e pedidos de conselho de quem passou por situações similares. O médico, que fez tratamento psicológico por quase quatro anos até outubro, diz ter se apegado à religiosidade, ao trabalho e a luxos como finais de semana em hotéis de luxo para superar o término.
— A mensagem que eu queria passar para as pessoas com esse meu casamento não é a de vítima, eu não dependo de um casamento para ser feliz. Eu quero casar com outra pessoa sim, e quero ter filhos, mas minha felicidade não pode depender disso — diz ele, que afirma ter frequentado sessões de terapia por três anos até outubro.
Apesar de não frequentar igrejas, ele afirma ter se convertido ao cristianismo aos 20 anos, quando ainda era um estudante no interior de Rondônia. Por pressão paterna, Rabelo diz que só assumiu a homossexualidade depois de formado, já morando em São Paulo, em 2013. Hoje, o médico sustenta a mãe na capital paulista, mas não conversa com o pai, a quem chama de homofóbico.Nas redes sociais, Rabelo já era conhecido por realizar cursos nos quais ensina médicos a fazerem aplicações de botox, bioestimuladores de colágeno e preenchimentos em pacientes. Desde que ele postou os vídeos do casamento, ganhou 23 mil de seus 161 mil seguidores.
Nos workshops de Rabelo, médicos pagam até R$ 19 mil pelas aulas, enquanto que os pacientes desembolsam o preço de custo dos produtos. Segundo ele, são 250 aplicações por semana. Uma aplicação de toxina botulínica no rosto, por exemplo, que normalmente pode custar R$ 1.800, sai por R$ 700 se o paciente topar ser modelo.
O médico afirma faturar cerca de R$ 500 mil mensais com os cursos e sua clínica no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Rabelo diz, no entanto, ter abandonado o sonho de se tornar um dermatologista (ele não tem o título na área) para abraçar novas metas. No curto prazo, quer ampliar os negócios. No longo, deseja ser voluntário em zonas de pobreza extrema.
— Ano que vem tenho vontade de abrir a minha segunda clínica, e quero fazer um MBA em Finanças para gerir meu negócio, mas eu já sei que dinheiro não traz felicidade. Em cinco anos eu me vejo na ONG Médico Sem Fronteiras — afirma. [Capa: Landerson Viana]