Em entrevista, Marina critica Bolsonaro, Lula e Ciro e diz que talvez não dispute em 2022

Aos 63 anos de idade, a acreana Marina Silva, ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, foi candidata à presidência da República nos últimos 12 anos, na disputa de três eleições consecutivas, parece desanimada em disputar uma quarta campanha eleitoral. É o que se depreende de sua última entrevista à revista Veja, na qual a voz conhecida dos acreanos e muito influente na política brasileira, agora à frente da Rede Sustentabilidade, quer recolher-se em 2022. A entrevista da acreana está na seção páginas amarelas da revista.

Mesmo que não esteja disposta a pedir votos para si, Marina Silva não estaria fora da política, segundo ela própria deixa claro na entrevista. Nas declarações à Veja, Marina Silva distribui bordoadas para todos os lados, principalmente em direção ao presidente Jair Bolsonaro em função de suas declarações na chamada Cúpula do Clima, convocada de forma remota pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. A cúpula foi encerrada na semana passada e nela, segundo Marina Silva, Bolsonaro mentiu ao anunciar políticas capazes de gerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. “Não podemos repetir os erros do passado nem manter esse presente que está sepultando nosso futuro”, afirma Marina, em declarações reproduzidas pela revista.

Quando indagada sobre como estaria sua disposição de participar de uma coalizão que possa se apresentar na disputa como uma alternativa à Lula ou à Bolsonaro em 2022, Marina Silva diz o seguinte: “Considero mais adequado não discutir minha função, mas, sim, o meu compromisso. É preciso construir uma alternativa. Não podemos repetir os erros do passado nem manter esse presente que está sepultando o nosso futuro”.

Marina deixa escapar o sonho de uma coligação envolvendo o PSB, o PV, o Cidadania e o PDT do boquirroto e extremista contra Bolsonaro Ciro Gomes – embora tenha críticas aos marqueteiros ao presidenciável pedetista. Marian Silva, na mesma entrevista, sai em defesa da manutenção da “Operação Lava Jato”, em Curitiba. Segundo ela, o fato de o ex-juiz Sergio Moro ter sido declarado suspeito pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não invalida a Lava Jato. “O fato de o juiz ter sido considerado suspeito não apaga o grave problema da corrupção identificada pela Lava-Jato. Colocar na cadeia e punir políticos e empresários poderosos foi uma contribuição importante”, disse. Por outro lado – acrescentou, na mesma entrevista -, ficou claro que utilizar meios incompatíveis com os fins que se quer alcançar leva a situações como a que enfrentamos agora, em que todo o processo é anulado, prejudicando foda a operação.

Para Marina Silva, isso “não anula os crimes cometidos, que devem ser investigados e rigorosamente punidos. Um dos graves problemas do Brasil, além da corrupção, é estar remando contra a maré, com uma visão de desenvolvimento que volta para o início do século XX, enquanto o mundo inteiro está caminhando na direção das exigências do século XXI”.

O anuncio da contratação do marqueteiro baiano João Santana, que trabalhou para o PT desde Lula até Dilma Rousseff e que chegou a ser preso por irregularidades no recebimento de dinheiro oriundo da `Petrobrás, o qual acaba de ser anunciado como publicitário do PDT de Ciro gomes, foi criticada por Marina Silva. “Eu não tenho como falar pelo PDT. O que posso dizer é que, desde 2010, eu defendo que a disputa presidencial seja pautada em cima de um projeto João Santana é a antítese de tudo isso. Ele demonstrou na prática, na lógica dele e dos que o contrataram, que “fake news vale a pena”. Essa tecnologia de usar notícias falsas para se eleger começou”, disse a acreana.

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