Apesar de já haver um suspeito que tenha confessado o crime, as investigações continuam quanto a morte do médico Acreano Andrade Lopes, encontrado morto no Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos, interior da Bahia, na sexta-feira (28). O médico, de 32 anos, havia desaparecido na segunda-feira. Ele teria sido morto por um amigo dele e também médico, Geraldo Freitas de Carvalho Júnior que foi preso ainda na sexta-feira e confessou o crime.
O delegado André Ribeiro, que participa das investigações, explicou que inicialmente a suspeita seria um latrocínio, em razão da compra ou não de uma moto aquática. “A partir daí, desenvolvemos as diligências e em razão das contradições no depoimento do suspeito, o médico Geraldo, nós conseguimos identificar que ele havia comprado uma âncora e uma corda em um mercado aqui no comércio da cidade e na última sexta, culminou com a descoberta do corpo da vítima, a qual estava presa em uma corda e com uma âncora. A gente não teve mais dúvida, que o médico seria o autor do crime que teve como vítima o outro médico Andrade”, explicou.
Ainda de acordo com o delegado, as investigações apontam que não houve nenhum tipo de negociação em compra de uma moto aquática, e Andrade e Geraldo estariam no rio em um momento de lazer quando o crime aconteceu.
“A gente já está eliminando algumas situações que poderiam ter levado a esse crime. Primeiro essa questão da venda da moto aquática, já constatamos que não houve. Eles foram andar de moto aquática mesmo, eram amigos e foram se divertir. Tem a questão também dessa possível compra de arma de fogo, feita pelo médico Andrade ao médico Geraldo, constatamos que não havia essa venda, na verdade, ele tinha uma intenção de compra. Eles eram atiradores desportivos e tinham muitas armas de fogo, e aí, ele revelou esse interesse em adquirir essa arma na mão do Geraldo, que na verdade se trata de uma doação, não pode ser uma venda, mas também não constatamos a veracidade disso. Estamos tentando identificar qual o motivo que teria levado Geraldo a ter cometido esse homicídio contra o médico Andrade”, disse.
Sobre a compra da âncora, uma vendedora confirmou que o médico foi ao local e a polícia diz que a funcionária ainda explicou que o tipo de âncora não era adequado para a moto aquática. “Estivemos nesse estabelecimento, conversamos com a funcionária da loja, inclusive ela disse que no ato da compra, informou a ele que era uma âncora muito pesada para uma moto aquática, mas mesmo assim ele falou ‘é esta mesmo’ e adquiriu uma âncora de 3,5kg”, informou.
O delegado André Ribeiro explicou que este homicídio ocorreu com uma grande frieza por parte do suspeito que após cometer o crime agiu normalmente, tendo inclusive registrado o B.O de desaparecimento, recebido a família do médico que saiu do Acre para a Bahia.
“Do tempo que estou trabalhando em Feira de Santana, do tempo que tenho na Polícia, eu nunca vi nenhum crime desse tipo, dessa natureza, envolvendo pessoas aparentemente bem conceituadas na cidade, amigos, e inclusive saíram no dia do fato para aproveitar o dia como amigos, então realmente nunca vi algo como isto. Eu não tenho dúvidas que tudo isso foi premeditado, pois ele convida a vítima para ir até o rio, teve a frieza de sair e comprar uma âncora, se dirigir ao comércio, porque a gente sabe que o rio é distante, comprou este material, retornou para praticar esse crime, depois receber a família da vítima aqui na cidade, ir até a delegacia registrar ocorrência, demonstrando total frieza, desta forma, não tem como não ser um crime premeditado”.