Antes de se tornar ministro da Economia, Paulo Guedes fez cálculos de que poderia arrecadar até R$ 1 trilhão com a venda de 750 mil imóveis detidos pela União. Mas esse número está bem longe de ser viável. De acordo com Relatório Contábil do Tesouro Nacional, divulgado nesta quinta-feira (10), em 2020, existiam R$ 89 bilhões em imóveis que podem ser vendidos.
Esse total faz parte de um pacote maior de R$ 400,5 bilhões, que em teoria é passível de alienação. Ocorre que 77,7% são glebas (terras públicas da Amazônia Legal) e imóveis rurais do Incra voltados para reforma agrária, o que significa que não podem ser vendidos.
Quando se olha o total de bens imóveis, aí sim se chega ao valor propagado por Guedes. Na verdade até supera. Em 2020, o saldo bruto chegou a R$ 1,53 trilhão.
Esse valor reúne, além dos bens em teoria passíveis de venda, bens de uso especial — que são utilizados pela própria administração para prestar serviços ou mesmo para sediar seus órgãos, como hospitais, quartéis, escolas, ministérios, tribunais etc — e bens de uso comum, como rodovias federais e as ferrovias.
Enquanto os bens de uso especial somam aproximadamente R$ 686,8 bilhões dos imóveis da União, ou seja, aproximadamente 45% do total, os bens de uso comum do povo alcançam cerca de R$ 412,7 bilhões.