O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou nesta segunda-feira (14) que são “nomes fortes” para passarem à condição de investigados na CPI os ex-ministros Eduardo Pazuello (Saúde), Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República Fabio Wajngarten.
Renan já havia dito no fim da semana passada que a CPI iniciaria uma nova fase, tornando investigadas pessoas que foram inicialmente ouvidas como testemunhas. Ele foi questionado se seria o caso de Pazuello, Ernesto e Wajngarten.
“Vamos fazer durante a semana um despacho comunicando essa nova fase e que agora teremos vários desses que mesmo comparecendo a comissão foram tratados como testemunhas, mas agora na condição de investigados, sim. Acho que esses três são fortes candidatos a constarem nessa nova relação. Isso ainda vai ser decidido durante a semana”, disse Renan.
Renan explicou que tornar uma pessoa investigada na CPI aprofunda a apuração, na medida em que facilita, por exemplo, a requisição de documentos e a realização de buscas e apreensões.
“Na medida em que algumas dessas pessoas sejam colocadas como investigado. Nós vamos ter outros caminhos do processo penal para trazê-lo, para requisitar documentos, para fazer busca e apreensão, para fazer o que for necessário em função das informações que começam a chegar”, explicou o senador.
Cabe à CPI, ao fim dos trabalhos, caso constate irregularidades, pedir o indiciamento e a responsabilização de entes públicos ao Ministério Público.
Linhas de apuração
Wanjgarten, Pazuello e Ernesto já prestaram depoimento à CPI como testemunhas.
A comissão quer saber de Wajngarten principalmente o que aconteceu nas negociações da vacina da Pfizer. A empresa revelou que o governo brasileiros deixou sem resposta diversas ofertas feitas ainda em 2020.
À CPI, Wajngarten contou que um e-mail da Pfizer ficou dois meses sem resposta e que, quando ele soube da mensagem, tentou fazer a intermediação entre a farmacêutica e o governo brasileiro.
Pazuello era o ministro da Saúde no período em que o Brasil começou a negociar as doses da vacinas (não só as da Pfizer). A CPI quer saber dele porque o governo fechou em 2021 contratos que poderiam ter sido firmados em 2020. A comissão também apura o papel de Pazuello no colapso da saúde em Manaus e na defesa que o governo fez da cloroquina, medicamento ineficaz contra a Covid.
A apuração em torno de Ernesto busca esclarecer o impacto da gestão dele nas animosidades com a China, que atrasaram envios de matéria-prima das vacinas para o Brasil. A CPI também quer saber como foi a atuação das Relações Exteriores para trazer vacinas para o país e se o ministério atuou a favor da cloroquina.