Denunciando maus-tratos e violência contra presos, familiares param o trânsito de Rio Branco pedindo volta de visitas

Familiares de detentos que cumprem penas nos presídios de Rio Branco realizaram uma manifestação no Centro de Rio Branco nesta quinta-feira (25), contra a decisão do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen/AC) que suspendeu as visitas nos presídios do estado. Com o ato, o trânsito ficou comprometido em pelo menos quatro vias: Avenida Getúlio Vargas, Rua Arlíndo Porto Leal e Rua Epaminondas Jácome, além da Ponte Juscelino Kubitschek, que dá acesso a veículos que saem do Primeiro para o Segundo Distrito de Rio Branco

Manifestantes bloquearam passagem pela Ponte Juscelino Kubitschek/ Foto: ContilNet

Segundo os manifestantes, eles estão as mais de uma semana sem saber notícias de seus familiares. Eles denunciam maus tratos e violências contra os presos. “Os policiais penais ficam lá dentro espancando eles, pegando as coisas deles, colchões, quebram os ventiladores. As famílias vivem com dificuldade aqui fora para mandar as coisas para ele e são destruídas. Os policiais penais ficam lá dentro, colocam máscara e vão com gás lacrimogênio, arma de borracha para agredir eles, isso é uma covardia”, disse um dos manifestantes, Renilson Queiroz.

Queiroz disse à reportagem do ContilNet que o pedido dos pais, mães, esposas e filhos querem que uma comissão composta por integrantes da Comissão da Ordem dos Advogados do Brasil no Acre (OAB/AC), Ministério Público, Defensoria Pública, advogados e familiares dos apenados faça uma fiscalização no presídio.

“Queremos ter o poder de sugestão de melhorias para que nossos familiares possam cumprir suas penas com dignidade e que abram mais frentes de trabalho para que as penas possam ser diminuídas, porque se um preso fica lá dentro, encarcerado ele fica louco lá dentro, estressado e cria mais problema para o Estado e para a família aqui fora. É responsabilidade do estado garatir a segurança física e mental deles que já estão lá dentro cumprindo as penas dos crimes que cometeram e não merecem isso”, destacou.

Manifestantes pedem retorno de visitas e que seus familiares sejam tratados com dignidade/Foto: ContilNet

Com um filho preso, Maria Félix disse que os manifestantes buscam um tratamento humanitário para seus parentes. “Eles estão pagando pelos crimes que cometeram e nós não questionamos isso, mas queremos que eles sejam tratados com humanidade, Não estamos pedindo caridade a ninguém, penas em busca dos nossos direitos”. Com o filho doente, ela denuncia que não sabe notícias dele e que nem mesmo os advogados podem entrar: “As assistentes sociais dizem que vão levar ao médico e quando chegamos lá para visitar eles, não levaram”. Além disso, diz ela, os remédios que comprar não chegam até ele.

Segundo Maria, quando as visitas podem acontecer, os familiares são humilhados. “Nós votamos no governador para nos representar e estamos sem ninguém por nós, cadê nossos parlamentares?”, questionou.

Familiares de detentos denunciam maus-tratos Foto: ContilNet

Visitas suspensas

Desde a última quarta-feira (17), o Iapen suspendeu as visitas nos presídios de Rio Branco, devido a à paralisação dos policiais penais, que estão em um movimento pela aprovação da Lei Orgânica que regulamenta a categoria. Eles participaram de uma audiência pública na Aleac e continuam em luta pela aprovação do projeto. No fim de semana, o Iapen voltou a suspender as visitas, afirmando que o objetivo era “resguardar a vida de apenados, familiares e servidores” já que, segundo nota, o serviço complementar voluntário não estava sendo realizado. A reportagem questionou a assessoria do órgão sobre as visitas neste final de semana e não obtivemos respostas se continuará suspensa ou serão autorizadas.

Paralisação de policiais penais

Em manifestações desde a semana passada, os policiais penais decidiram que irão fazer uma paralisação geral e montar um acampamento em em frente à Aleac a partir da próxima terça-feira (30). neste dia uma audiência pública está marcada na Casa do Povo para discutir a situação da segurança pública no Acre. 

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