Entidades do AC reagem à recomendação do Ministério da Saúde de tratamento de autistas com eletrochoque

Um documento feito pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec), vinculada ao Ministério da Saúde, sugere o uso de eletrochoque para tratamento de casos graves de autismo. No Acre, diversas instituições se manifestaram contra a aprovação do protocolo, entre elas a Associação Família Azul do Acre, que há 11 anos atua junto com as famílias de pessoas com transtorno do espectro autista (TEA).

Segundo a presidente da associação, Heloneida da Gama, o uso da técnica será um retrocesso para esse público. “O que precisamos é ser acolhidos pelo SUS, ou seja, as terapias como fonoaudiólogo, psicóloga e terapia ocupacional são dever do Estado, da sociedade e da família assegurar à pessoa com deficiência, com prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde […], de acordo com o Art. 8º da Constituição Federal”, explica.

Heloneida, que é mãe de uma pessoa dentro do Transtorno do Espectro Autista e profissional da educação, afirma que trazer à tona esse tema é inútil, retrógrado, desnecessário, pois no autismo não há nenhuma pesquisa catalogada que comprove a eficácia da eletroconvulsoterapia.

A técnica deixou de ser incentivada no Brasil durante a reforma psiquiátrica que culminou na Lei Antimanicomial de 2001, mas hoje é indicada para alguns casos como depressão severa com alto risco de suicídio e catatonia.

“A eletroconvulsoterapia é um procedimento que tem embasamento científico em pacientes com depressão grave e esquizofrenia refratária quando nenhuma outra abordagem tenha apresentado resultados satisfatórios”, explica a presidente da associação.

“Sugiro que a estrutura governamental foque na criação de políticas públicas para soluções dos entraves que excluem cruelmente milhares de famílias carentes sem acesso ao diagnóstico e tratamento precoce sendo este último o mais importante fator no desenvolvimento de quem está no espectro”, afirma Heloneida.

A Associação Família Azul do Acre é uma entidade sem fins lucrativos, que há 11 anos atua junto às famílias de pessoas com TEA e tem por finalidade defender os direitos e interesses, apoiar, promover, acolher e incentivar a realização de ações necessárias. Há em média 800 famílias dentre os grupos da Associação.

Uma das ações realizadas pela Associação Família Azul do Acre. Foto: Arquivo Pessoal

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