O rio Madeira, que deságua no Amazonas e atravessa o Estado de Rondônia, está contaminado com o garimpo ilegal com altos índices de mercúrio. Trata-se de um dos principais rios da Amazônia cuja contaminação coloca em risco à saúde da população que vive às margens do curso d’água.
A conclusão faz parte de estudo realizado pelo Setor Técnico Científico da Polícia Federal, que coletou amostras de água, sedimentos, fauna e flora, além de fios de cabelo de ribeirinhos. Os resultados apontam que o teor de mercúrio encontrado na água supera de 16 a 95 vezes, dependendo da amostra, os limites estabelecidos pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama). Em duas amostras de sedimentos colhidos pela perícia, foram identificados valores máximos de 47 a 120 vezes acima dos limites.
Já no corpo de cada um dos seis ribeirinhos que tiveram fios de cabelo coletados foram confirmadas concentrações de mercúrio acima dos limites considerados admissíveis pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Uma das amostras apontou volume três vezes superior ao máximo indicado.
O mercúrio e extremamente nocivo à saúde. É um produto químico utilizado no processo de separação do ouro de outros sedimentos que são sugados do fundo do rio com o uso de dragas. A inalação do gás emitido pelo mercúrio ou o consumo de água e peixes contaminados com o produto pode causar distúrbios graves, como problemas neurológicos e insuficiência renal. A Polícia Federal no Amazonas alerta que os dados confirmam a gravidade das atividades clandestinas do garimpo ilegal. A Polícia Federal ainda realiza estudos técnicos de outras amostras que foram colhidas na região de Humaitá (AM) e de Porto Velho (RO), cidades que também são cortadas pelo Rio Madeira.
Agentes da PF e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) voltaram a fazer incursões no Rio Madeira, neste dia 15 de dezembro, em busca de balsas de garimpo. Muitos garimpeiros ainda resistem às ações de combate dos órgãos policiais e de controle ambiental.