A edição impressa do jornal The New York Times deste sábado, assim como a home page da publicação, trazem um longo perfil da empresária e presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Trajano, destacando a política adotada na companhia para combater o racismo no Brasil.
A reportagem lembra que em setembro de 2020 a companhia anunciou que limitaria seu programa de trainees a candidatos negros, o que gerou um “dilúvio” de notícias e comentários, muitos críticos à medida. “A sra. Trajano emergiu como a defensora mais visível e vocal da política de sua empresa”, aponta a matéria.
A reportagem cita que Luiza Trajano fez movimentos “além da esfera corporativa”, ao falar “abertamente” sobre questões raciais, desigualdade, violência doméstica e falhas do sistema político. “Partidos de todo o espectro político imploraram que ela se candidatasse – vendo nela uma rara mistura de pragmatismo, carisma e inteligência”, afirma a matéria, lembrando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva escreveu sobre a empresária em setembro na revista Time, que a elegeu uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. “Em um mundo onde bilionários queimam fortunas em aventuras espaciais e iates, Luiza se dedica a um tipo diferente de odisseia”, disse o ex-presidente, conforme lembra o jornal.
O texto menciona que, apesar de Luiza Trajano afirmar que não pretende se candidatar a um cargo político, vem se tornando uma voz ativa em debates políticos por meio de um grupo para mulheres líderes criado por ela em 2013. Hoje com mais de 101 mil membros, está elaborando planos de longo prazo para enfrentar problemas crônicos de saúde, educação, habitação, mercado de trabalho e defende a paridade de gênero na política eleitoral. No início de 2021, lembra a reportagem, enquanto o presidente Jair Bolsonaro “semeava dúvidas” sobre a eficácia das vacinas, “Trajano se tornou uma defensora implacável da imunização, mobilizando sua rede de mulheres líderes para pressionar o governo a agir rapidamente e dissipar a desinformação sobre as vacinas”.
A matéria chama a atenção, por fim, para as “fervorosas especulações” na internet de que Luiza Trajano poderia ser um “curinga” nas eleições presidenciais de 2022 no Brasil, talvez na chapa de Lula. “Embora ela tenha categoricamente descartado tal papel, está claro que Bolsonaro passou a vê-la como uma ameaça às suas perspectivas de reeleição”. Em novembro, o presidente se referiu à empresária como “socialista”, citou o The New York Times. “Acho que a desigualdade social deve ser enfrentada. Se isso é ser socialista, então sou socialista”, respondeu ela após ser questionada sobre o comentário, lembrou o jornal norte-americano.