Pai e filha são diagnosticados com câncer

A pequena Annabelle tem apenas 2 anos, no entanto, já enfrenta uma dura luta contra o câncer infantil. No final de 2020, a menina teve um inchaço nas pernas e, então, seus pais a levaram ao Hospital Infantil, no Texas (EUA). Logo depois, a família descobriu que a menina tinha rabdomiossarcoma — tumor que surge em células que desenvolvem os músculos. Além de lidar com esse difícil diagnóstico, logo depois, seu pai, Nate Bowen, 41, soube que tinha um tumor cerebral.

O diagnóstico de Annabelle foi fechado em fevereiro do ano passado. No mês seguinte, a menina passou por uma cirurgia para remoção do tumor e iniciou a quimioterapia, que está prevista para acabar neste mês. Infelizmente, não é a primeira vez que Nate lida com casos de câncer na família. Seu filho Crosby foi diagnosticado com um tumor no cérebro quando tinha quase 3 anos e perdeu a vida para a doença. Em 2018, o pequeno parecia ter um problema no estômago, estava cansado e vomitou algumas vezes, logo em seguida, piorou.

Em entrevista ao Today Parents, Nate conta que o filho amava seus irmãos: Dalton, agora com 8 anos, e a irmã mais nova, Tessa, agora com 4. O pai lembra que o filho era bem animado e só ficou ruim uma semana antes de morrer. A família o levou ao médico, que primeiro pensou que ele tinha um vírus. Assim, os pais o levaram para casa para mantê-lo hidratado para se recuperar, mas ele continuou ficando mais doente. “Ele piorou progressivamente naquela semana, mentalmente e fisicamente, porém, nada que falasse que era um tumor cerebral”, explicou Bowen. “Foi mais como uma exaustão física.”

Em 4 de julho de 2018, a família planejava levar Crosby para um centro de atendimento de urgência, mas Bowen os levou direto para o hospital. “No caminho para a unidade de saúde é provável que ele tenha tido um ataque cardíaco ou derrame ou algo assim e parou de respirar. Não sabíamos”, lembra.

No hospital, os médicos trabalharam para ressuscitar Crosby. Depois que ele se estabilizou, os especialistas descobriram que ele não tinha mais nenhuma função cerebral. Depois de transferi-lo para o Hospital Infantil do Texas (EUA), a família soube que não havia mais tratamento para ajudar o filho e após 24 horas, Crosby foi retirado do suporte de vida.

“Foi muito traumático porque foi tão repentino”, disse o pai. “Recebemos um atendimento fantástico e eles trouxeram um especialista para ajudar as crianças a se despedirem dele”. Os médicos mostraram à família uma tomografia computadorizada que revelou que Crosby tinha uma grande massa no cérebro e disseram que ele tinha um glioblastoma grau 4, um tumor cerebral muito agressivo.

Crosby faleceu em julho de 2018 (Foto: Reprodução Parents Today/Bowen Family)

Crosby faleceu em julho de 2018 (Foto: Reprodução Parents Today/Bowen Family)

Um novo membro na família

Após a morte do filho, a família enfrentou um duro período de luto. Com o tempo, eles decidiram ter mais um filho. “Decidimos ter outro filho”, disse ele. “Sentimos que havia outra pessoa destinada à nossa família. E então tivemos Annabelle e ela tem sido incrível e ótima.”

No final de 2020, eles notaram que Annabelle tinha um inchaço crescendo na perna. Eles não sabiam o que era, mas voltaram para o Hospital Infantil do Texas e logo depois a pequena foi diagnosticada com rabdomiossarcoma. Na mesma época, os médicos iniciaram testes genéticos para entender por que os Bowens tiveram dois filhos com câncer.

Os especialistas suspeitaram de uma condição rara chamada síndrome de Li-Fraumeni, uma doença genética de predisposição ao câncer.  Tanto Annabelle quanto Bowen tinham e é provável que Crosby também, embora os médicos não tenham certeza. Mas Bowen nunca teve câncer quando criança. Ainda assim, os médicos começaram a monitorá-lo com ressonâncias magnéticas e outros exames de câncer.

Depois de ser diagnosticado com um tumor cerebral em setembro de 2021, ele teve a maior parte dele, um astrocitoma de grau 2, removido em outubro. Ele não está passando por quimioterapia ou radiação porque pode aumentar suas chances de desenvolver um tipo diferente de câncer. Embora dependendo dos exames de acompanhamento, seu curso de tratamento pode mudar. “Minha filha tendo câncer levou ao meu teste genético, que levou a exames de câncer, e nos permitiu, esperançosamente, detectá-lo cedo o suficiente”, disse o pai. “É uma daquelas coisas agridoces em que há algo ruim que vem disso. Mas tem uma parte boa.”

A recuperação para Bowen foi mais fácil do que ele esperava. Mas é difícil lidar com câncer enquanto sua filha também tem a doença. Por isso, ele conta com uma boa rede de apoio. Sua esposa, Allison Bowen, passa muito tempo no hospital com Annabelle porque, se ela fica resfriada ou com febre, precisa de apoio extra.

Felizmente, a família vem recebendo muito suporte de amigos e parentes. “Houve esse derramamento de amor que dificilmente esperávamos ou antecipamos e nos sentimos tão abençoados por todas as pessoas que oraram por nós ou nos mantiveram em seus pensamentos ou nos enviaram um pouco de dinheiro”, disse Bowen.

Diagnóstico precoce salva vidas!

Quando uma criança é diagnosticada com câncer, seja qual for, os pais sentem um grande aperto no peito! É impossível não pensar na cena dos pequenos passando por sessões de quimioterapia e logo depois seu cabelo caindo. No entanto, com o diagnóstico precoce, é possível fazer um tratamento muito menos agressivo para a criança. “Ele é de extrema importância para as indicações do tratamento, bem como para as maiores chances de cura. Para a maior parte dos tipos de câncer na criança, quando o diagnóstico é precoce, o tratamento é muito menos agressivo”, explica Ana Paula Kuczynski, oncologista do Hospital Pequeno Príncipe, em entrevista à CRESCER.

Segundo a médica, em alguns casos, apenas é necessário fazer uma cirurgia com a retirada do tumor. Porém, para as crianças com câncer, o tempo é valioso. A demora para um diagnóstico pode resultar em altas doses de quimioterapia e com drogas mais fortes, podendo causar complicações graves como infecções e hemorragias. Ana Paula ainda complementa que, conforme o tipo do câncer, também pode ser necessário o tratamento com radioterapia, a qual pode causar vários efeitos colaterais.

Mas, quais sinais devo ficar atento? Existem vários sintomas que os pais precisam ficar de olho, como por exemplo: febre prolongada, dor nas pernas ou em outros locais que não melhoram com analgésicos comuns, dor de cabeça associada a vômitos, perda de peso, palidez associada a cansaço e sonolência, falta de atenção e queda no rendimento escolar, perda do equilíbrio e quedas, alterações visuais, ínguas (caroços) em qualquer local do corpo, dor e crescimento do abdome, manchas no corpo e sangramento. Então, se seu filho apresentar esses sinais, não hesite em levá-lo ao pediatra.

De acordo com a especialista, no caso dos pequenos, geralmente, os tipos de câncer mais comuns são leucemias agudas, tumores do sistema nervoso central, linfomas, neuroblastoma, tumor de Wilms (tumor renal), sarcomas, tumores ósseos, tumores de células germinativas e retinoblastoma (tumor ocular).

Durante o tratamento, é importante ressaltar que o apoio à família é essencial. “Muitas vezes os pais devem receber o apoio em conjunto com seu filho (a) pela equipe multidisciplinar do hospital ou clínica, constituída por médicos, enfermeiros e psicólogos, para que haja um bom entendimento sobre a doença, o tratamento e suas consequências”, afirma Ana Paula.

É essencial também que os pais possam apoiar sem filhos e que estejam serenos, demonstrando muito confiança no tratamento e, claro, na cura da doença. “Respeitar os seus sentimentos nos momentos de angústia, procurando acalmá-los e confortá-los. Explicar que será uma fase de algumas mudanças no seu estilo de vida, com algumas limitações, mas que será por um período passageiro, reforçando a confiança nos bons resultados”, pontua a oncologista.

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