Bruninho, filho do goleiro Bruno Fernandes e de Eliza Samúdio, completa 12 anos na próxima quinta-feira (10). De acordo com a avó materna, o garoto nunca recebeu pensão alimentícia do pai, condenado pelo homicídio triplamente qualificado de sua mãe. O crime tem a mesma idade do filho do casal, e o corpo de Eliza nunca foi encontrado.
Bruninho tinha quatro meses quando a mãe, com 25 anos na época, desapareceu. Ele chegou a ser sequestrado e mantido em cárcere privado, crimes pelo qual Bruno foi condenado também. Após ser resgatado, a criança foi entregue à avó materna, Sônia Moura, com quem vive desde então em Campo Grande (MS).
Em entrevista ao g1 MS, Sônia relatou que o neto nunca teve contato com o pai. “Ele [goleiro Bruno] nunca demonstrou nenhum interesse em se aproximar, em saber se [Bruninho] está vivo ou morto, em que situação em que está”, conta a mulher.
Ela diz ainda que o processo judicial sobre a pensão alimentícia segue em aberto. “Então tem que esperar pra ver”, pontua. Embora lamente a forma como Eliza foi morta, Sônia busca pensar com esperança no futuro.
Talento nas mãos
Entrando na pré-adolescência, Bruninho joga há mais de três anos futsal e se prepara para migrar para o campo de futebol. O garoto joga como goleiro.
Sônia conta que Bruninho sempre gostou de esportes. Inicialmente treinava karatê e chegou à faixa laranja. Contudo, o garoto passou a demonstrar interesse por futebol.
“Eu tinha uma certa relutância, mas, com ajuda da minha psicóloga, entendi que não posso decidir por ele”, explica a mãe de Eliza.
Apesar da ligação óbvia com a profissão que fez Bruno ficar nacionalmente conhecido, Sônia faz questão de lembrar da atuação esportiva da filha para explicar a escolha do neto. “Eliza jogou como goleira por dez anos”, cita.
Enquanto conversava com o g1 MS para esta matéria, Sônia acompanhava um treino de Bruninho. Entre as respostas, a avó soltava exclamações quando era envolvida pelo treino do neto.
Graças ao esporte, Bruninho estuda com bolsa de 100% em um colégio particular de Campo Grande. A avó relata que, se não fosse por isso, não teria condições de mantê-lo na instituição de ensino. “A mensalidade é mais ou menos R$ 1.500. Não teria como”.
Ainda assim, ela ressalta que os custos para manter o neto fazendo o que gosta também são elevados. “Ele faz esporte, isso gera gastos. Ele joga futsal, mas vai fazer a transição para o campo, então vamos ter que comprar outras chuteiras. Uma luva, por exemplo, é em torno de R$ 300”, comenta.
Segundo Sônia, Bruninho tem consciência de valores e, às vezes, chegar a falar para a avó que vai procurar preços mais baratos na internet.
“Ele tem essa consciência de preço e valor, mas eu sempre procuro comprar a melhor para ele, porque é esporte, é a própria segurança dele”, frisa a mulher.
Suporte emocional
Sônia não é a única a frequentar clínica de profissionais da saúde mental. “Ele tem acompanhamento psicológico desde pequeno, ele é bem resolvido. […] Da minha parte sempre houve o cuidado com o psicológico, fazer com que ele se torna uma pessoa boa”, relata.
Segundo a avó, o garoto sabe que o pai foi condenado por matar a mãe.
Após doze anos do crime que tirou sua filha de seu convívio, Sônia ainda se entristece ao ler comentários sobre o assunto, principalmente quando envolve o neto. “As pessoas fazem comentários e esquecem que o Bruninho é vítima de tudo isso”, desabafa.
Chocou o Brasil
Eliza Samudio desapareceu em 2010, e seu corpo nunca foi achado. Ela tinha 25 anos e era mãe do filho recém-nascido do goleiro Bruno. Na época, o jogador era titular do Flamengo e não reconhecia a paternidade. Apenas em 12 de julho de 2012, após sentença publicada pela Justiça do Rio, Bruno se tornou legalmente pai da criança. Relembre o caso no vídeo abaixo:
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Bruno foi condenado pelo homicídio triplamente qualificado de Eliza Samudio e pelo sequestro e cárcere privado de seu filho com a vítima. O goleiro também havia sido condenado por ocultação de cadáver, mas esta pena foi extinta, porque a Justiça entendeu que o crime prescreveu.