O portunhol, mistura de português com o espanhol, está se tornando quase uma terceira “língua” nas regiões de fronteira com o Paraguai e a Bolívia em Mato Grosso do Sul.
Entretanto, se as semelhanças entre os dois idiomas muitas vezes facilitam, por meio desse “dialeto”, a comunicação dos brasileiros com os vizinhos, em algumas palavras, o significado totalmente diferente, as transforma em verdadeiras pegadinhas.
A campo-grandense Alyne Maia, de 37 anos, que estuda Medicina em uma faculdade na Bolívia conta que já foi vítima de algumas dessas pegadinhas do portunhol. Ela recorda que recentemente ao embarcar em um ônibus boliviano esbarrou em um passageiro e para demonstrar a escusa pela situação disse: “Opa! Desculpa!”. Acontece, que a interjeição no país significa algo como “tonto” e a pessoa se sentiu ofendida. “Eu fui para a Bolívia sem saber nada de espanhol. Fui na sorte”, diz ela.
Além da sorte, Alyne diz que improvisou muito para se comunicar na Bolívia. Para comprar coisas simples como alho, por exemplo, ela pesquisava na internet e mostrava a figura ao vendedor. Mesmo assim era complicado. “A tradução em espanhol de alho é ajo (se pronuncia arro em espanhol), mas quando dizia ‘arro’ recebia arroz porque os bolivianos costumam subtrair o z desta pronúncia”.
A estudante diz que atualmente já consegue entender e se fazer entender no país vizinho. “Agora falar é um pouco mais difícil porque tem a pronúncia, o sotaque e as palavras que são escritas iguais, mas com significado diferente. Complica mais ainda”.