Cada dia que passa aumenta o número de acreanos que buscam novas oportunidades fora do Estado por conta de diversos fatores que vão desde a falta de emprego até o sonho de vivenciar novos desafios.
O Sul do Brasil, o Nordeste e o Centro-oeste são as regiões que se apresentam como alguns dos destinos mais procurados.
Em entrevista à reportagem do ContilNet, três ousadas mulheres acreanas contaram suas experiências de vida como desbravadoras de novos caminhos. São elas: a professora Nayra Claudinne, de 42 anos, e as psicólogas xarás Fernanda Lage e Fernanda Bispo, de 42 anos e 26 anos, respectivamente.
Saí do Acre com o desejo de expandir minhas oportunidades profissionais
A mestre em Letras pela Universidade Federal do Acre (Ufac), Nayra Claudinne, abriu mão de dois contratos que tinha como professora na rede pública de ensino do Acre para morar em Brasília, depois de aceitar uma proposta para trabalhar no Ministério da Educação (MEC) – onde atuou por alguns meses.
“O que me motivou a sair do Acre foi o desejo de expandir minhas oportunidades profissionais e buscar mais qualidade de vida em uma cidade com maior estrutura e que me oferece mais oportunidade de desenvolvimento pessoal”, disse a senamadureirense.
Nayra, que mora com a filha Valentina, de 11 anos, argumentou que o Acre tem muito potencial de crescimento, mas ainda se mostra um terreno infértil.
“O Acre oferece boas oportunidades, não posso negar, mas eu falo de um lugar de quem já nasceu com algumas oportunidades: estudar, ser orientada. Infelizmente, para quem não tem perspectiva inicial nenhuma, nosso Estado ainda é um terreno infértil, embora tenha potencial de crescimento”, continuou.
Atualmente, Nayra é especialista em desenvolvimento industrial no Departamento Nacional do Serviço Social da Indústria (Sesi).
Quando questionada sobre como se sente nesse novo momento da sua vida, defende que está muito feliz e realizada.
“Estou feliz e mais realizada do que planejei. Vim pra Brasília trabalhar no Ministério da Educação e meus caminhos mudaram complemente e agora, após 20 anos de Educação Pública, fiz uma virada profissional e estou trabalhando na educação privada!! Não teria as oportunidades que tenho se ainda morasse no Acre. Tudo o que eu poderia crescer no Acre como profissional da rede pública, concursada e estabelecida há tantos anos, eu cresci. Se não saísse, ficaria estagnada e, definitivamente, não é esse meu perfil”, finalizou.
Do Acre para a criação de 3 empreendimentos em João Pessoa
A empreendedora e psicóloga Fernanda Lage, que mora em João Pessoa há exatamente 1 ano, viveu no Acre por quase 3 décadas. Na Paraíba, ela conseguiu montar dois negócios que vendem massa e que receberam o nome de Spaguetus, além de um aplicativo de delivery de bebidas.
“Minha motivação maior de sair do meu Estado foi buscar novas oportunidades, sem apadrinhamentos, indicações preferências partidárias. Trabalhei por 8 anos em contratos estaduais e municipais. As pessoas sempre julgando minha competência. Desolador”, destacou.
“Infelizmente, nosso Estado ainda não tem uma estrutura empreendedora de oportunidades e incentivos sem burocratização e face política. O futuro está nas mãos das pessoas hoje e só depende de cada um procurar evoluir, estudar mais sobre política para votar melhor e não ficar à mercê de programas sociais”, continuou.
Lage disse que se sente extremamente feliz com a vida que escolheu, embora carregue muita saudade dos familiares que deixou no Acre.
“Eu me sinto extremamente realizada, completa, feliz, mas com muita saudade da família que ficou. Eu morei no Acre por 28 anos e não encontrei a oportunidade que encontrei aqui. Eu busquei encontrar a oportunidade, fui atrás, me empenhei, e está dando certo. Também tenho um aplicativo de Delivery chamado ‘Bebidas Online’. Com uma praça de 1 milhão e 200 mil pessoas com acesso. Foram oportunidades que apareceram, e que eu resolvi empreender”, acrescentou.
“A livre iniciativa é onde conseguimos ser dono de nós mesmos, sem depender da máquina governamental. Pessoas que puderem e se dedicarem a fazer concurso, que façam, eu já fiz, passei, mas nada é comparado à sua liberdade econômica e o seu direito de ir e vir, sem restrições. É impagável, inigualável olhar para como a vida da gente muda tão rápido! Em 1 ano eu era funcionária do Estado e da prefeitura, hoje, sou minha própria funcionária. É preciso muita coragem e determinação para dar o passo para algo que te dará todo um fruto. Jamais será fácil, mas qualquer um pode conseguir se não desistir”, finalizou.
“Escolhi Curitiba como um lar para o meu filho e minha família”
A psicóloga Fernanda Bispo, natural de Rio Branco, viu a cidade de Curitiba, no Paraná, como um destino possível para novas oportunidades e o lugar para criar o seu filho, o pequeno Danilo, de apenas 1 ano e 8 meses, ao lado do marido, o também psicólogo Edivaldo Lopes de Lima Junior, de 34 anos.
“Assim que descobri a gestação não tive mais nenhuma dúvida sobre sair do Acre. Já tinha o desejo, ele aflorou e viemos. Gostaria que ele [Danilo] tivesse uma melhor qualidade de vida e mais segurança. Sei que criminalidade existe em todo lugar, mas vejo o lugar que estamos, atualmente, muito melhor neste quesito”, disse a acreana.
Fernanda considera que Curitiba oferece boas oportunidades de emprego, mesmo que sua decisão tenha sido a cuidar do filho de forma integral.
“Vão completar dois anos desde que viemos. Meu esposo e minha mãe conseguiram emprego fácil. Eu estou em casa por opção, pois quero viver a maternidade de maneira integral até meu filho começar a falar”, explicou.
Perguntada sobre como se sente atualmente, disse que está feliz com o que conquistou.
“Não digo realizada porque tenho consciência de que terei que trabalhar um pouco para chegar nisso, mas me sinto feliz com o que eu tenho até o momento. Não conseguiria o que consegui aqui se ainda estivesse no Acre, pois temos mais conforto, segurança e lazer”, finalizou.