O fonoaudiólogo Wilson Rabelo, de 30 anos, é suspeito de abusar sexualmente de vítimas entre 5 e 8 anos durante os atendimentos em uma clínica particular em Campo Grande. A primeira denúncia chegou à Delegacia Especializada ao Atendimento de Crianças e Adolescentes (DEPCA) na quinta-feira (10). Após, outras mães procuraram a polícia para relatar outros abusos. O suspeito foi preso em flagrante.
O g1 conversou com a mãe – que fez a primeira denúncia – de uma das vítimas, que relatou sobre os abusos sofridos pelo filho. O nome do suspeito foi confirmado pelo advogado da vítima e pela mãe do menino.
Há quatro meses, um menino, de 8 anos, começava os atendimentos de fonoaudiologia com o suspeito. Na primeira consulta, a mãe, de 38 anos, acompanhou a sessão, mas logo foi repreendida pelo fonoaudiólogo, que avisou que o segundo atendimento seria apenas entre ele e o paciente.
A empresária começou a reparar comportamento atípico no filho há um mês. Segundo a mãe da vítima, o garoto teria perguntado ao irmão mais velho se “era normal o tio [fonoaudiólogo] passar a mão no pipi” dele.
“Meu filho contou primeiro para o irmão. Já fazia uns 10 dias que ele [vítima] perguntou se era normal o fono passar a mão no pênis. O meu filho disse que tinha vergonha em contar, estava com medo. Meu filho mais velho não comentou, esperou, não falou nada. Na semana passada, o mais velho falou que se ele [vítima] não falasse pra mim, ele ia contar. Ai chegaram os dois e me contaram”, relembrou a mãe.
Abusos durante atendimentos
Chorando muito, o menino relatou os abusos à mãe. De pronto, a empresária mencionou que tentou abordar a situação com o filho mostrando que a culpa não era dele. Relatando à mãe, o menino disse que o fonoaudiólogo trancava a porta do consultório, colocava música, pedia para a criança subir na maca e iniciava os abusos.
“O fonoaudiólogo pedia para passar a mão no pipi dele. O abusador abaixava o short do meu filho, passava a mão e pedia para que o meu ele fizesse a mesma coisa com o fono, mas a criança disse que não sabia o que estava fazendo”, contou.
Quando soube do caso, a mãe combinou com o filho de que levaria ele para consulta. A empresária disse ao menino: ” ‘assim que o fono pegar em você, sai correndo e chama a mãe’, foi aí que eu acionei a polícia e denuncie o caso. O meu filho destrancou a porta e saiu correndo e gritando”.
À mãe, o garoto mencionou que nunca tinha feito nenhuma sessão de fonoaudiologia e o suspeito pedia apenas para a criança “relaxar”. “O fono trancava a porta e falava que era tratamento. Ele nunca fez aula, só escutava música e mandava o meu filho fazer desenho na mão dele para ‘ele relaxar'”, relata a mãe da vítima de 8 anos.
Investigação
“É muito triste o que este homem fez com as crianças da nossa Capital”, disse a delegada Fernanda Félix, que acompanha e investiga o caso pela DEPCA. Até o momento, a delegacia recebeu sete denúncias, a mais recente nesta terça-feira (15), uma delas foi descartada. As vítimas deverão passar por atendimento do setor psicossocial da delegacia.
A delegada pediu à clínica que o suspeito atuava a lista de pacientes que eram atendidos por ele. “Todas as vítimas são meninos, há a possibilidade do fonoaudiólogo ser ouvido amanhã. Há probabilidade de ter outras vítimas”.
A Polícia Civil já instaurou dois inquéritos. Nesta quarta-feira (16), deve ser instaurada mais uma investigação. Félix intimou o dono da clínica a qual o fonoaudiólogo prestava serviço.
Com as primeiras denúncias, a delegada acredita que possam haver mais casos. Para realizar uma denúncia, a DEPCA fica na rua Dr. Arlíndo de Andrade, 145 – Amambai, Campo Grande. As denúncias de crimes envolvendo crianças e adolescentes também podem ser feitas através do disk 100.
O g1 entrou em contato com a clínica, que não respondeu aos questionamentos. A defesa do fonoaudiólogo não foi encontrada.