A Ucrânia denunciou que o Exército russo tem planos de executar um múltiplo bombardeio em grandes cidades na noite desta sexta-feira (4/3). Os negociadores que tentam chegar a um acordo de cessar-fogo admitiram que é difícil estabelecer, por parte da Rússia, uma pausa nos ataques.
Os representantes, na manhã desta sexta, emitiram pronunciamento categórico: “Rússia vai bombardear grandes cidades hoje”. Autoridades de ambos os países farão uma terceira reunião nesta tarde, em mais uma tentativa de pactuar o cessar-fogo.
Outra interlocutora acrescentou: “As pessoas vão continuar a morrer, inclusive crianças. Isso não pode continuar”.
Os negociadores ressaltam que os russos estão devastando todas as cidades do país e que isso “já seria uma terceira guerra mundial”.
Segundo os ucranianos, a tática russa consiste em sitiar as cidades, executar bombardeios massivos e cercar as regiões tomadas, para impedir o reabastecimento com comida e remédios. “A Rússia está guerreando contra a população civil”, alertaram.
Os russos já sitiaram 26 cidades, incluindo a capital Kiev, coração do governo ucraniano. Na noite de quinta-feira (3/3), a maior usina nuclear da Europa acabou incendiada após um bombardeio.
O local das reuniões de negociação, a fronteira de Belarus, país acusado de participar da guerra facilitando a invasão, foi alvo de críticas.
Para os negociadores, o presidente russo, Vladimir Putin, subestimou a resistência do mandatário ucraniano, Volodymyr Zelensky. “Enfrentaram uma resistência maior do que imaginavam. Eles achavam que a gente não iria resistir nem por três dias”, ponderaram.
Para se chegar um acordo de paz, mesmo que temporário, os representantes ucranianos pediram intervenção internacional nas negociações.
“Todas as regiões estão precisando de cessar-fogo. Precisamos de intermediários internacionais. Não confiamos neles. Não confiamos nos russos”, salientaram.
Corredor de fuga
Na quinta, Rússia e Ucrânia concordaram em criar “corredores verdes”, que são rotas de fuga onde as tropas não bombardeiam. Esse é um tipo de ajuda humanitária.
Segundo os negociadores ucranianos, a logística para a fuga, distribuição de alimentos e remédios ainda está sendo organizada.
“Grupo de trabalho para criar a logística. Estamos discutido tecnicamente como vamos tirar as pessoas e fornecer alimentos. Como vamos fazer Mariupol evacuar 200 mil pessoas. É um problema gigante”, explicaram.
Apesar do avanço tímido, os representantes ucranianos defendem um cessar-fogo imediato. “Queremos evitar mais mortes”, concluíram.
Antes das declarações, o Putin pediu aos países vizinhos que não apliquem sanções econômicas à Rússia. Segundo suas próprias palavras, o mandatário diz que não possui “má intenção” em relação a outras nações. O discurso foi transmitido pela TV estatal da Rússia.
“Não há má intenção em relação a nossos vizinhos. E eu os aconselho a não piorar a situação, não adotar nenhuma restrição. Nós cumprimos todas nossas obrigações e continuaremos a cumpri-las”, ressaltou.
Putin afirmou, ainda, que suas ações são apenas uma reação a atitudes “não amigáveis” de outras nações: “Nós não vemos nenhuma necessidade em piorar nossa relação. Todas nossas ações, se elas surgem, são exclusivamente em resposta a alguma ação não amigável, ações contra a Federação Russa”.