24 de abril de 2024

“Fui roubado”, reclama Charles do Bronx de comissão atlética

Charles “Do Bronx” Oliveira mostrou fortaleza mental e emocional incrível ao finalizar Justin Gaethje no UFC 274 do último sábado, um dia depois de ter seu cinturão dos pesos-leves destituído ao não bater o peso por cerca de 200g. Em entrevista ao podcast Mundo da Luta nesta quarta-feira, contudo, o lutador brasileiro não escondeu a frustração com a forma como sua pesagem foi administrada pela comissão atlética do Arizona, estado natal de seu adversário.

– São 11 anos buscando um sonho de ser campeão do UFC e cheguei sem pisar em ninguém. Vendi as lutas do mesmo jeito de sempre. Poder conquistar o cinturão e levar para casa, para minha família, mostrar ao mundo que um garoto que veio de comunidade pode ser campeão do UFC, pode tornar a vida da família melhor. Perder o cinturão, sendo roubado. Eu fui roubado, essa é a verdade. A comissão atlética agiu errado comigo. Eu bati meu peso na quinta-feira (véspera da pesagem), então é muita coisa na cabeça. O mais triste foi ver minha família chorar. Meu pai chorar. Minha filha chorar. Meus amigos mais próximos também, porque sabem o quanto foi doloroso para me tornar campeão – desabafou Do Bronx no papo com Marcelo Russio, Evelyn Rodrigues, Adriano Albuquerque e Bernardo Edler.

O agora ex-campeão contou que, após atingir a meta de 70,3kg na noite de quinta-feira, se surpreendeu ao voltar na manhã de sexta e se encontrar 1kg acima, mesmo sem fazer nada durante a madrugada. Ele fez o possível para perder o peso restante, mas acredita que nada que fizesse teria alterado o resultado.

– Imagina, você vai dormir no peso e acorda na sexta-feira com um turbilhão de coisas, 1kg acima. Para todo mundo, foi avisado que a balança estava errada e para mim, que era o campeão e a estrela da noite, não fui avisado pela comissão. A gente não foi avisado em momento nenhum do problema com a balança. Então toda essa loucura de voltar para o quarto faltando 1kg aos 45min do segundo tempo. Fiz sauna, bati manopla e fiz tudo que um campeão que está para bater o peso faz. Chegamos lá e faltava 200g ainda. Tirei cueca, botei cueca e pesava o mesmo. Voltei para o quarto e o mais importante de tudo foi manter a mente com o espírito de campeão.

– Não pensamos em cortar cabelo e nem nada. Acho que não tinha mais o que fazer. Eu poderia ter arrancado um braço que ainda não ia bater o peso. A comissão não queria que eu batesse. Não gosto muito de ficar falando, porque se eu falar o que tenho vontade de falar, nem sei o que dá. Mas eu poderia bater 66kg que na balança não chegaria nos 70kg – afirmou.

Charles do Bronx finalizou Justin Gaethje no UFC 274 de sábado — Foto: Getty Images

Charles do Bronx finalizou Justin Gaethje no UFC 274 de sábado — Foto: Getty Images

Na encarada naquela mesma sexta-feira e na luta no sábado, Charles não mostrou sinais de abatimento. “Fiquei triste 10 minutos e esqueci”, disse ao Combate na sexta-feira. Mas a verdade é que o sentimento de perda durou mais tempo para ser engolido. Só foi superado com uma mensagem especial de sua filha.

– Os primeiros 20 minutos foi do céu ao inferno. Queria falar com minha família e ouvir os áudios do meu pai. Ele entrou em desespero e chorava muito. Escutar a minha filha (perguntar) por que eles tomaram o meu cinturão. Tudo isso foi muito louco. Não conseguia me reidratar, não conseguia comer nada e nem parar um pouco para pensar. (…) Começaram a trazer comida e coisas para eu beber. Sentamos e começamos a brincar. Tentei acalmar meu pai, falei com meu irmão e a minha família. Mas o timing foi pela manhã, quando acordei chorando e a primeira mensagem era um vídeo da minha filha. Ela falando que era um dia de vitória e que o campeão era eu, o cinturão era nosso. Foi quando disse que não podia deixar esse sonho passar. A minha filha fica com o cinturão. Isso não pode acabar por aqui – revelou o lutador paulista.

Apesar de todas as dificuldades e frustrações, Do Bronx deu a volta por cima e finalizou Justin Gaethje no primeiro round. Todo o drama da pesagem trouxe ainda mais atenção para sua luta e, mesmo sem o cinturão, o peso-leve está sendo considerado amplamente o melhor da categoria – para alguns, o melhor de todos os tempos.

– Ninguém entende Deus. Por que eu perdi o cinturão e Ele deixou isso acontecer? Algum propósito tem, e, depois que passou a luta, eu entendi. Era só uma defesa de cinturão contra um cara que queria me calar. Olha no que isso se tornou. Charles veio de baixo e passou pela dificuldade, roubado pela comissão e ganhou a luta. Acho que sou o campeão e muita gente ainda fala que eu sou o campeão. Foi uma coisa tão gigante. Temos que esperar para entender o propósito.

– A pergunta não é muito para mim, mas para os fãs. Será que eu sou o melhor da história do peso-leve? Não tenho muito que falar, pois tudo que venho fazendo já fala por si. Recordista de finalizações, bônus e uma lista gigantesca que eu tenho que anotar para poder falar. Fico feliz de acharem isso. Vou continuar com meu pé no chão e humilde com as pessoas achando o que tiverem que achar – decretou.

O podcast Mundo da Luta desta semana ainda recebeu o peso-meio-médio Francisco “Massaranduba” Trinaldo, que venceu Danny Roberts no UFC 274 do último sábado, e falou sobre sua mentalidade para lutar, paternidade e seus próximos passos.

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