“Fui para a emergência com cólica e descobri que estava em trabalho de parto”, diz mãe

No início de junho, ao sentir fortes dores abdominais na sexta-feira (10), Leticia Senna, de 26 anos, achou que estava com uma cólica intensa. Acompanhada da mãe, a jovem buscou ajuda em um hospital próximo de sua casa, em São Gonçalo (RJ), e teve uma das maiores surpresas da sua vida ao descobrir que, na verdade, estava em trabalho de parto. “Eu não tinha barriga, pesava 54 kg, usava calça tamanho 36, não conseguia acreditar que o que eu estava sentindo eram contrações”, conta a mãe.

Poucos dias antes de entrar em trabalho de parto, na segunda-feira (6), Letícia fez um teste de gravidez de farmácia depois de sentir movimentos estranhos na barriga. O resultado positivo foi inesperado e, por não ter nenhum outro sintoma, ela acreditava que estivesse nas primeiras semanas de gestação. “Nos últimos meses, minha menstruação havia descido normalmente, então eu pensava que estaria no máximo com 14 ou 15 semanas de gestação. Como trabalho de segunda a sexta, marquei um ultrassom para o sábado, para descobrir quanto tempo tinha o bebê, mas não deu tempo. Na sexta, eu entrei em trabalho de parto”, relata Letícia, que trabalha como gerente comercial.

Nas semanas antes de dar à luz, Letícia havia atribuído as pequenas mudanças que notou no corpo, como o alargamento do quadril, a consequências da cesárea da primogênita Analu, de um 1 ano e 2 meses. “Na gestação dela, fiquei imensa, inchada, com barrigão, vomitava muito, não conseguia dormir porque ela se mexia demais dentro da barriga. Dessa vez, não tive sintoma nenhum, foi completamente diferente. O que senti de estranho foi azia, uma vez ou outra, depois de comer algo pesado e dor nas costas, mas nada significativo”, afirma.

Foto tirada por Letícia em 7 de junho, cinco dias antes de dar à luz (Foto: Arquivo pessoal)

Foto tirada por Letícia em 7 de junho, cinco dias antes de dar à luz (Foto: Arquivo pessoal)

No hospital, porém, um teste sanguíneo confirmou a segunda gestação. “Os médicos fizeram um exame de toque e, pelo tamanho da barriga, estimaram que eu estivesse por volta da 24ª semana de gestação. Eles acharam que seria um parto muito prematuro e, como o local não tinha estrutura para isso, me mandaram para outro hospital”, conta Letícia.

Na segunda maternidade, a bolsa estourou e, no sábado, a equipe finalmente realizou um ultrassom. “Estava desesperada porque não tinha nada em casa e não sabia se meu bebê estaria saudável. Mas a surpresa mesmo veio quando a médica do ultrassom disse que meu bebê não estava com 25 e muito menos com 15 semanas, como eu pensei. Ele já estava com 35 semanas, tinha 2,8 kg e era um menino muito saudável. Quando recebi a notícia, eu só conseguia chorar, não sabia o que faria dali para frente. Minha cabeça estava a milhão”, diz a mãe.

No domingo (12), o pequeno Asafe nasceu em um parto normal. Ao receberem a notícia do “nascimento surpresa”, amigas e familiares de Letícia se mobilizaram para comprar e arrecadar doações de roupinhas e móveis para o menino. “Sou muito grata por toda ajuda que recebi porque é um momento muito delicado. Ainda estou processando tudo que aconteceu”, afirma. “Nada como um dia após o outros, mas é um susto”, ressalta.Analu conhecendo Asafe na maternidade (Foto: Arquivo pessoal)

Dois dias depois do parto, Letícia teve alta. Já Asafe precisou ficar internado por uma semana, mas logo foi para casa completamente saudável. “Um dos momentos mais difíceis até agora foi deixá-lo no hospital para ver minha filha Analu, que também é um bebê e que precisa muito da minha atenção. Estou aprendendo a me dividir entre os dois, mas está mais fácil agora com ambos em casa”, revela.

Nas redes sociais, Letícia compartilhou a “surpresa” com seus 20 mil seguidores e afirma ter recebido algumas críticas e muitos comentários positivos. “Tento não ler o que as pessoas escrevem de ruim porque elas não têm ideia do que eu passei. Tem muita gente falando besteira e comentários cruéis, mas deixo isso para lá. Recebi também várias mensagens de amor e carinho, que têm me ajudado a ficar mais tranquila”, conta.

De acordo com a mãe de dois, Asafe é um bebê muito calmo, que passa a maior parte do tempo cochilando, o que tem facilitado o dia a dia. “Estamos todos aprendendo a viver essa nova realidade”, diz Letícia. “A Analu está se acostumando com a presença do irmãozinho, já que não tive tempo de prepará-la, e o pai do Asafe, meu ex-namorado, ficou chocado, mas está feliz. Minha ficha ainda está caindo. Nunca acreditei que você pudesse ter uma gravidez sem saber, até acontecer comigo”, finaliza.Letícia e o filho Asafe (Foto: Arquivo pessoal)

A gravidez enigmática

“Gravidez enigmática” é o nome dado aos casos em que a mulher não sabe que está grávida e só descobre a gestação apenas nas semanas finais ou quando já está em trabalho de parto, como aconteceu com Letícia. De acordo com o ginecologista e obstetra Gabriel Costa, da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), a menstruação irregular é um dos motivos que podem dificultar que a mãe identifique a gestação, uma vez que a falta dela não causa desconfiança. Pequenos sangramentos também podem ocorrer durante a gestação e serem confundidos com a menstruação.

Pode ainda acontecer de uma gestante não sentir a criança se mexendo quando ela, inconscientemente, nega aquela gravidez. “Existem casos em que ela até sente, mas atribui isso a outros fatores, como um movimento do intestino, por exemplo”, diz o ginecologista e obstetra Alexandre Pupo Nogueira, do Hospital Sírio Libanês (SP).

Em relação ao tamanho da barriga, o obstetra Domingos Mantelli, colunista da CRESCER, diz que não há regra. “A circunferência da barriga varia e é definida de acordo com o tamanho do bebê, o volume de líquido amniótico e o ganho de peso da gestante”, afirmou.

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