Piquet pede desculpas, mas minimiza termo racista contra Hamilton

Após a grande repercussão de uma fala racista direcionada a Lewis Hamilton, o ex-F1 Nelson Piquet se pronunciou por meio de um comunicado no qual pediu desculpas ao britânico pelo episódio. No entanto, ele minimizou o uso da expressão “neguinho”, considerada por ele um termo coloquial da língua portuguesa, e justificou que a palavra foi traduzida incorretamente.

– O que eu disse foi mal pensado, e não defendo isso, mas vou esclarecer que o termo usado é aquele que tem sido amplamente e historicamente usado coloquialmente no português brasileiro como sinônimo de ‘cara’ ou ‘pessoa’ e foi nunca teve a intenção de ofender – disse o tricampeão brasileiro no trecho de uma nota divulgada nesta quarta-feira.

A expressão “neguinho” foi utilizada por Piquet durante uma entrevista publicada na internet, enquanto comentava sobre a batida do heptacampeão com Max Verstappen – atual campeão da F1 e namorado da filha de Piquet, Kelly – na edição 2021 do GP da Inglaterra.

Confira abaixo, na íntegra, a nota compartilhada por Piquet sobre o caso.

“Gostaria de esclarecer as histórias que circulam na mídia sobre um comentário que fiz em uma entrevista no ano passado.

O que eu disse foi mal pensado, e não defendo isso, mas vou esclarecer que o termo usado é aquele que tem sido amplamente e historicamente usado coloquialmente no português brasileiro como sinônimo de ‘cara’ ou ‘pessoa’ e foi nunca teve a intenção de ofender.

Eu nunca usaria a palavra da qual fui acusado em algumas traduções. Condeno veementemente qualquer sugestão de que a palavra tenha sido usada por mim com o objetivo de menosprezar um piloto por causa de sua cor de pele.

Peço desculpas de todo o coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível, mas a tradução em algumas mídias que agora circulam nas redes sociais não está correta. A discriminação não tem lugar na F1 ou na sociedade e estou feliz em esclarecer meus pensamentos a esse respeito”.

Lewis Hamilton e Max Verstappen bateram na segunda volta do GP da Inglaterra — Foto: AP Photo/Jon Super

Lewis Hamilton e Max Verstappen bateram na segunda volta do GP da Inglaterra — Foto: AP Photo/Jon Super

O caso ganhou notoriedade após a divulgação de um trecho da entrevista, em vídeo, na internet. No registro que tomou as redes nos últimos dias, Piquet defende que Hamilton teria tido intenção de tirar Verstappen da corrida no Circuito de Silverstone.

O “neguinho” meteu o carro e deixou. O Senna não fez isso. O Senna não fez isso. Ele foi, assim, “aqui eu arranco ele de qualquer maneira”. O “neguinho” deixou o carro. É porque você não conhece a curva; é uma curva muito de alta, não tem jeito de passar dois carros e não tem jeito de passar do lado. Ele fez de sacanagem.

Na prova em questão, realizada em julho de 2021, Hamilton acertou a roda traseira esquerda de Verstappen que, com o impacto, perdeu a direção do carro e bateu. O piloto da RBR abandonou a prova; já o heptacampeão foi punido com 10s, mas conseguiu vencer a disputa.

Nelson Piquet, tricampeão da F1, no Circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica — Foto: Joe Portlock/Formula Motorsport Limited via Getty Images

Nelson Piquet, tricampeão da F1, no Circuito de Spa-Francorchamps, na Bélgica — Foto: Joe Portlock/Formula Motorsport Limited via Getty Images

O Dicionário Priberam traz entre definições do termo “neguinho”: “uma designação vaga de pessoa indeterminada”. Neste sentido, a expressão é adotada de forma coloquial no estado do Rio de Janeiro; porém, não é comum que seja direcionada de forma específica a um indivíduo, caso do termo repetido por Piquet pelo menos duas vezes – como detalha o repórter Luiz Teixeira no Blog Voando Baixo.

Recém-nomeado cidadão honorário do Brasil, o heptacampeão da Mercedes repostou um fã que questionou, de forma irônica, “quem é Nelson Piquet?”. Depois, pediu por mudanças de mentalidade em português e finalizou as postagens cobrando por ações efetivas contra a discriminação no esporte.

A Federação Internacional do Automobilismo (FIA) e a F1 repudiaram o caso. Além da Mercedes, Alpine, McLaren, Aston Martin e Ferrari prestaram apoio ao britânico, assim como o colega de equipe George Russell e os rivais Charles Leclerc, Carlos Sainz, Lando Norris, Daniel Ricciardo e Esteban Ocon.

Infos e horários do GP da Inglaterra da F1 — Foto: Infoesporte

Infos e horários do GP da Inglaterra da F1 — Foto: Infoesporte

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