Danilo Dupas vai deixar a presidência do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). O anúncio foi feito pelo ministro da Educação Victor Godoy nesta quarta-feira (27) pelas redes sociais.
Godoy publicou que a saída de Dupas “ocorreu por motivos pessoais e a pedido” e agradeceu “por todo o trabalho realizado nesse período, que trouxe avanços importantes para a Autarquia”.
Ainda segundo o ministro, Carlos Moreno será o novo presidente do órgão a partir de 1º de agosto. O Ministério da Educação (MEC) confirmou a nomeação em uma nota enviada à imprensa. Moreno é o sexto nome a ocupar o cargo no governo Bolsonaro (veja mais abaixo).
A saída de Dupas ocorre a menos de 4 meses da aplicação do Enem 2022, que acontecerá nos dias 13 e 20 de novembro.
O Inep é um órgão do MEC e é responsável pela aplicação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), entre outros.
Questionado sobre a aplicação do Enem durante entrevista à Globonews nesta quarta-feira, Moreno diz que vai cumprir os objetivos do Inep.
“Minha missão é cumprir os objetivos da instituição. Vamos estar aqui engajados no cumprimento dos objetivos da instituição. As questões ideológicas não farão parte da minha gestão”, completou ele.
Sobre a suposta perseguição sofrida pelos servidores da entidade durante a gestão de Danilo Dupas, Moreno afirmou que “questões ideológicas não vai fazer parte da minha gestão“.
Passagem pelo Inep
De acordo com o currículo do servidor disponível no site do Inep, Carlos Eduardo Moreno Sampaio é servidor de carreira do Inep desde 1985. Ele é graduado em Estatística, possui mestrado em Estatística e Métodos Quantitativos e é doutorando em Educação.
Desde 2010, ele é diretor de Estatísticas Educacionais (DEED) da autarquia. Uma de suas funções é elaborar, operacionalizar a aplicação e divulgar levantamentos estatísticos sobre a educação básica, como o Censo Escolar, e sobre a educação superior, por meio do Censo de Educação Superior.
A diretoria também coordena as ações relacionadas a produção, tratamento e disseminação de indicadores educacionais e pesquisas estatísticas em articulação com órgãos nacionais e internacionais.
Moreno ainda foi servidor da Universidade de Brasília (UnB) entre 1984 e 1985, e lecionou a disciplina Estatística Aplicada à Educação no curso de Ciências da Educação do Instituto de Educação Superior de Brasília (Iesb) de 2004 a 2007.
Dupas no Inep
Danilo Dupas Ribeiro assumiu a presidência da autarquia em fevereiro de 2021, após a exoneração de Alexandre Lopes.
Durante a gestão de Dupas, o Inep passou por uma debandada de mais de 30 servidores semanas antes da aplicação do Enem 2021. Na ocasião, os servidores justificaram que o pedido de dispensa se devia a “fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima” do órgão.
Na mesma época, o Ministério da Educação teve que esclarecer à Comissões da Câmara dos Deputados a suspeita de que houve interferência política na elaboração do exame. A convocação aconteceu após o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmar que o Enem começava a ter a “cara do governo”.
Troca de cargos
Moreno é o sexto nome a ocupar a presidência do Inep desde 2019. Confira abaixo a cronologia:
- Maria Inês Fini, que desempenhava a função no governo Temer, foi demitida em 14 de janeiro de 2019.
- Marcus Vinicius Rodrigues a substituiu. Ele foi a primeira nomeação do governo Bolsonaro para o Inep e permaneceu no posto de 22 de janeiro a 26 de março do mesmo ano.
- Elmer Vicenzi foi anunciado em 15 de abril pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub. Saiu no dia 16 de maio de 2019.
- Alexandre Lopes foi anunciado como novo ocupante do órgão em 17 de maio e foi exonerado em 26 de fevereiro de 2021.
- No mesmo dia, Danilo Dupas Ribeiro foi nomeado presidente da autarquia. Sua saída foi anunciada em 27 de julho de 2022.
- Ainda no dia 27 de julho, Carlos Eduardo Moreno Sampaio foi anunciado como presidente interino do órgão.