Ezequiel Lemos Ramos, de 39 anos, preso em flagrante após matar a tiros a ex-mulher e o filho caçula, em São Paulo, já havia sido preso por ameaçar a vítima. Em maio deste ano, ele foi detido, mas liberado sob a condição de usar tornozeleira eletrônica para garantir que não se aproximasse da ex. No entanto, em 1º de junho, a decisão foi revogada. (Leia mais abaixo).
De acordo com a ação a que o g1 teve acesso, a Justiça entendeu que, como não houve uso de armas nas ameaças e como era réu primário, caberia a liberdade provisória, mas com monitoramento.
No entanto, no dia 24 de junho a decisão foi revogada a pedido dele. De acordo com a justiça, a medida foi concedida porque a ex-esposa já não morava mais no mesmo estado.
O g1 entrou em contato com o Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, que ainda não se manifestou sobre as decisões judiciais.
Ezequiel Lemos Ramos tinha “fácil acesso às armas de fogo e um verdadeiro arsenal”, segundo descreveu uma delegada de Mato Grosso do Sul que havia pedido a prisão dele em maio (leia abaixo). O homem tinha autorização para ter armas com registro de CAC (colecionador de armas, atirador desportivo e caçador).
A delegada Marianne Cristine de Sousa, que atua em Ponta Porã, havia solicitado à Justiça quatro meses atrás que o homem fosse preso após Michelli Nicolich, que tinha 37 anos de idade, registrar um boletim de ocorrência contra ele por ter ter ameaçado atirar na cabeça dela.
No BO, a mulher chegou a informar à polícia que o então marido tinha matado três pessoas. A delegada também pediu que ele tivesse suspensa a autorização de porte de arma. Ezequiel tinha documentos para ter um fuzil, uma pistola e uma carabina, segundo a polícia.
Justiça liberou tornozeleira eletrônica
A prisão preventiva do criminoso foi decretada ainda naquele mês, quando ele foi proibido de se aproximar da família. No entanto, em 1º de julho, a Justiça determinou sua soltura, com base nos documentos de CAC levados pela defesa e do fato de Ezequiel ser réu primário.
Como medida para ele permanecer solto, foi determinado que ele não falasse com Michelli, não saísse de Ponta Porã sem autorização e usasse tornozeleira eletrônica por 180 dias. O homem, no entanto, só ficou com o aparelho de monitoramento até o dia 13 de julho, pois o uso foi liberado pela Justiça devido ao fato de Michelli ter deixado o estado.
Michelli deixou Ponta Porã e se mudou para São Paulo para permanecer longe do ex. Meses depois, nesta segunda-feira, acabou morta com tiros de carabina junto com o filho de 2 anos de idade, quando estavam dentro do carro na porta da escola das crianças.
Faculdade de medicina paga pela mulher
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Michelli Nicolich foi morta a tiros pelo ex-marido Ezequiel Lemos Ramos, que também matou o filho caçula do ex-casal — Foto: Reprodução/Arquivo pessoal
Ezequiel era estudante do quarto ano de medicina, segundo ele próprio contou à polícia, e morou durante 5 anos em Ponta Porã (MS), cidade que faz divisa com Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Segundo Michelli, era ela quem pagava o curso.
A vítima contou ainda que estava com Ezequiel havia cinco anos, e que havia três anos que morava em Ponta Porã para que Ezequiel pudesse estudar medicina na cidade paraguaia vizinha.
Ainda em depoimento, a ex-mulher tinha afirmado que o marido já havia assassinado três pessoas, porém não existem provas do crime.
Michelli também avisou à polícia que voltaria para São Paulo, onde nasceu. Afirmou, ainda, que tinha medo de que Ezequiel saísse da cadeia e “concluísse as ameaças” que fez a ela depois de uma crise de ciúmes.
Custódia
Após Ezequiel ser preso em flagrante por matar a mulher e o filho caçula, a Polícia Civil de São Paulo pediu à Justiça sua prisão preventiva.
O homem deverá passar por audiência de custódia nesta terça-feira (13). A Justiça decidirá se o mantém preso por tempo indeterminado, como quer a polícia, ou até um eventual julgamento.
O Ministério Público (MP) também terá de se manifestar a respeito do pedido de prisão preventiva. Até a última última atualização desta reportagem não havia uma decisão judicial a respeito.
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No dia 20 de maio, a justiça de Ponta Porã decretou a conversão da prisão em flagrante de Ezequiel por prisão preventiva — Foto: DAM Ponta Porã/Divulgação