Mostra Adalberto Queiroz estreia nesta quarta-feira na TV Cultura

O cineasta Adalberto Queiroz considerado um dos precursores do cinema acreano, estreia sua mostra de cinema hoje, dia 19 de outubro no programa “Mais Cultura” que é exibido sempre na quarta-feira às 22 horas na Tv Rio Branco-Cultura. O projeto intitulado “Mostra Adalberto Queiroz” está sendo financiado pelo Fundo Municipal de Cultura por meio da Fundação Garibaldi Brasil (FGB) através da Prefeitura Municipal de Rio Branco e visa mostrar as produções cinematográficas de uma das figuras mais icônicas do Acre que é o próprio Adalberto Queiroz. 

“Serão exibidos oito filmes inéditos durante toda a programação da Mostra e me sinto bastante emocionado porque, além de coincidir com a data de meu aniversário, ao mesmo tempo também estou comemorando 50 anos de atividades ligadas as produções cinematográficas de meu Estado”, frisou o cineasta Queiroz que é considerado um dos fundadores do cinema acreano no início dos anos 70 juntamente com João Batista Marques de Assunção (Teixeirinha do Acre) e Antônio Evangelista (Tonivam).

Cineasta Adalberto Queiroz no II FestCineMulher, evento promovido pela Associação Acreana de Cinema(ASACINE) cujo Presidente é o renomado artista Enilson Amorim. Foto Selmo Melo

Um pouco da história do cineasta

Adalberto Queiroz de Melo é um acreano que nasceu num seringal boliviano chamado Buena Esperanza localizado nas proximidades do município de Acrelândia. Aos 10 anos em 1962 quando o então governador José Augusto de Araújo governava o Acre, sua família veio morar em Rio Branco, no entanto, Adalberto após dois anos na capital, acabou ouvindo através do rádio o anúncio de que o chefe do executivo havia sido deposto pela revolução de 1964. O país agora vivia tempos de mudanças drásticas inclusive para todas as manifestações artísticas. 

Mesmo vivendo em tempos obscuros para as artes, Queiroz aos 19 anos é convidado pelo cineasta João Batista Marques de Assunção (Teixeirinha do Acre) para produzir o roteiro do primeiro longa-metragem que seria feito no Acre intitulado “Fracassou meu Casamento” que acabou tendo sua estreia no município de Brasileia em 03 julho 1973 numa praça lotada de telespectadores. 

No entanto, aqueles meninos sonhadores, não sabiam que os agentes do CGI e SNI estavam de olho neles, vigiando cada passo dado daqueles jovens que apenas queriam fazer sua arte. Logo depois do retorno dos cineastas para Rio Branco, algo inusitado aconteceu após a estreia daquele trabalho que acabara de ser exibido em Brasiléia. O filme foi preso pelos órgãos de repressão da ditadura militar e é considerado subversivo para os jovens e a família brasileira. 

“Naquela ocasião, os militares exigiam o certificado de censura, e como nós não tínhamos, o diretor do filme João Batista Marques de Assunção (Teixeirinha do Acre) findou se exaltando e acabou sendo preso juntamente com película e o projetor. Ainda durante o período em que o país era governado pelo então General Ernesto Geisel, eu como um jovem destemido, fui até a Polícia Federal em Brasília em 1978 e acabei conseguindo o filme que já se encontrava bastante desgastado, principalmente o seu áudio”, mas no futuro pretendo fazer um projeto para recuperá-lo”.  

Segundo Queiroz, “as produções cinematográficas dos anos 70 mesmo sendo produzidas sobre a repressão da ditadura e com poucos recursos, tinham uma participação muito dinâmica de todos os partícipes que estavam envolvidos nos trabalhos, uma hora nós escrevíamos o roteiro em outro momento participávamos como atores e diretores. Era um momento mágico e de muito engajamento de todos nós”, comentou Adalberto Queiroz. 

O cinema na democracia   

Para Adalberto, “o cinema vive um novo tempo, tanto no aspecto de investimentos financeiros como na facilidade que os artistas têm de acessarem estes editais de fomento a cultura. Na nossa época criamos o Grupo Ecaja Filmes (Estúdios Cinematográficos Amador de Jovens Acreanos) e depois a Associação Acreana de Cinema (ASACINE), produzimos longas e curta-metragem numa época cujos recursos tecnológicos e financeiros eram bastante escassos principalmente para nós que vivíamos num dos lugares mais isolados dos grandes centros culturais do país. Mesmo assim, não tememos as intempéries da vida e fomos em frente, como um guerreiro que nunca desiste do combate”, finalizou o cineasta que completou 50 anos na sétima arte.    

Os 50 anos do cinema acreano 

Vale ressaltar que todas as atividades voltadas a Festivais e Mostras promovidas pela Associação Acreana de Cinema-ASACINE serão alusivas as comemorações dos 50 anos do cinema acreano. Segundo Enilson Amorim, presidente da entidade, as primeiras atividades da Asacine que já contará com as programações dos 50 anos do cinema acreano será o XIII Festival Acreano de Vídeos e logo em seguida o III FestCineMulher, projetos estes aprovados tanto pela FEM como pela FGB que promete movimentar o audiovisual acreano. 

A Mostra Adalberto Queiroz também poderá ser assistida pelos internautas em seu canal no YouTube através do link https://youtu.be/M8KdJ9oXF2I sempre às quartas-feiras a partir das 22 horas.

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