Em 1964, o presidente dos Estados Unidos Lyndon Johnson autorizou o envio de força militar para, se necessário, garantir o sucesso do golpe do fim de março que derrubaria o presidente João Goulart e implantaria uma ditadura no Brasil.
A Operação Brother Sam consistiu no deslocamento da frota da Marinha norte-americana estacionada na região do Caribe para o litoral brasileiro. O apoio fora pedido pelo embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Lincoln Gordon, ligado aos golpistas.
O porta-aviões USS Forrestal partiu da Virgínia, bem como seis destróieres e quatro navios petroleiros. A viagem acabou abortada no meio do caminho, porque o golpe militar foi antecipado e não houve resistência. Não se disparou um único tiro.
No ano passado, pelo menos três emissários do presidente Joe Biden reuniram-se com autoridades civis e militares do governo Jair Bolsonaro para alertar que os Estados Unidos, desta vez, seriam contrários a qualquer tentativa de golpe.
O que eles apenas insinuaram, mas não disseram, uma vez que faltava mais de um ano para as eleições que ainda poderiam culminar com a vitória de Bolsonaro: se houvesse golpe, os Estados Unidos romperiam relações diplomáticas com o Brasil.
Não houve. Bolsonaro perdeu e Lula ganhou. E, no alto comando do PT, guarda-se a sete chaves a informação de que Biden foi convidado informalmente por Lula para vir à sua posse em 1º de janeiro. E que está estudando a possibilidade de vir.
Como vice do presidente Barack Obama, Biden visitou o Brasil duas vezes durante o governo Dilma – a primeira em maio de 2013, a segunda em junho de 2014. O que disse, na primeira visita, soou como elogio nos ouvidos do PT:
“O Brasil mostrou que não é preciso escolher entre a democracia e o desenvolvimento. Os brasileiros mostraram que política econômica e desenvolvimento social podem andar juntos”.
Biden foi o primeiro chefe de Estado que telefonou para Lula, na noite de 30 de outubro, parabenizando-o pela vitória. (Bolsonaro foi um dos últimos a parabenizar Biden por sua eleição.) Em nota distribuída à imprensa naquela mesma noite, Biden escreveu:
“Parabéns a Luiz Inácio Lula da Silva por ser eleito o próximo presidente do Brasil após um processo eleitoral livre, justo e confiável. Espero trabalharmos juntos para continuar a cooperação entre nossos países nos próximos meses e anos”.
Dois anos antes, Biden celebrou sua vitória sobre Donald Trump que tentava se reeleger “como um triunfo da democracia” nos Estados Unidos. Agora, vê a de Lula como o triunfo da democracia no Brasil ameaçada por Bolsonaro nos últimos quatro anos.
Em junho do ano passado, Biden e Bolsonaro se encontraram pela primeira e única vez. Foi em Los Angeles, durante a Cúpula das Américas, encontro que reuniu chefes de Estado e de governo da região. Na ocasião, Bolsonaro pediu ajuda para se reeleger.
Disse que os planos de Lula para governar iam contra os interesses americanos, e que os dele, a favor. Biden não respondeu, preferindo mudar de assunto. No dia seguinte, a Casa Branca deixou a informação vazar.
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