Após 6 anos e 6 meses de espera, começou nesta terça-feira (24), o julgamento do policial federal Victor Campelo. Ele é acusado de cometer homicídio contra o estudante Rafael Frota, em julho de 2016, na boate Set Club, em Rio Branco.
O julgamento tem previsão para encerrar somente na próxima sexta-feira (29) e terá 10 testemunhas de defesa e 5 de acusação. Victor será julgado em júri popular composto por 7 integrantes. O magistrado responsável pelo caso é o juiz Alesson Braz. A acusação ficou por conta do promotor do Ministério Público do Acre (MPAC), Teotônio Soares.
Antes do julgamento começar, Alcineide Frota, mãe da vítima disse que não deseja o mal ao acusado de assassinar seu filho e declarou que não esperava a prisão do PF.
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“Eu espero que seja feita a justiça. Que as calúnias que foram feitas em relação ao meu filho sejam esclarecidas. Não queria nem que ele fosse preso, queria que ele perdesse a farda, porque ele não tem competência para ser policial federal. Ele não tem competência para proteger vidas, se ele tira vidas”, disse.
O advogado de defesa do PF, Wellington Moura declarou que acredita na inocência de Campelo e disse que ele é tão vítima quanto o jovem que foi morto.
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“Ele nunca mudou a sua versão, nunca alterou em nada, então a verdade prevalecerá. Nós acreditamos na verdade. Acreditamos na justiça e acreditamos na soberania do Tribunal do Júri com relação à consciência que ele tem”, diz.
No início do julgamento, o primeiro a ser ouvido foi Marcos, um dos envolvidos na briga que resultou nos disparos. Segundo as investigações, Marquinhos como é conhecido, havia empurrado Lavínia Costa, namorada do PF na época do crime. Na hora, Victor teria defendido a namorada e Marcos revidado com um soco, o que ocasionou a confusão.
A segunda a testemunhar foi a mãe da vítima, Alcineide Frota. Ela informou que recebeu 16 ligações do filho na noite do crime. “Eu não vi as ligações. Deixei meu celular no silencioso. Na hora ele tentou falar comigo”, disse.
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O terceiro a ser ouvido, o delegado Rodrigo Noll, responsável pelas investigações do caso, disse que Victor Campelo teria agido em legítima defesa, tese defendida pelos advogados de defesa. O delegado disse ainda que, seguindo o relatório final do inquérito, três pessoas haviam agredido o réu. Duas são possíveis ser identificadas, Nelcioney Patricio e Marquinhos. O delegado revelou que de acordo com as perícias, não é possível reconhecer o terceiro envolvido.
“Aquela foi a única alternativa que ele tinha no momento para impedir as agressões, e mesmo efetuando os disparos as investidas dos agressores não cessou”, disse o delegado.
A tese de que três pessoas estariam agredindo o policial federal no momento dos disparos, também foi confirmada por Lavínia Costa, namorada de Victor na época do crime. Entretanto, ela disse que não consegue confirmar se Rafael seria um dos três envolvidos. Porém, ela confirmou a participação de Nelcioney e Marquinhos nas agressões.
Ela reforçou ainda que Nelcioney ainda tentou tomar a arma do policial federal.
Antes de terminar o testemunho, Lavínia precisou deixar a sala do julgamento após uma das testemunhas mais importantes do caso, aparecer de supresa.
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Nelcioney não foi intimado para testemunhar, mas após ver sobre o julgamento nas redes sociais, decidiu ir até o tribunal para falar sua versão sobre os fatos.
Nelcioney Patrício declarou em testemunho que no dia do crime, estava de costas a uns três metros, afastado da mesa junto com seu grupo de amigos. Logo depois, ele viu uma menina olhando “de cara feia” e quando percebeu, o policial federal já estava indo confronta-lo. “Foi muito rápido, eu não estava sóbrio quando me agarrei com ele, ele começou a atirar, apontou a arma para mim segurei a mão dele para cima e o que aconteceu comigo foi um milagre de não estar morto”, descreve.
Ele ainda relata que quando começou os tiros, dois atingiram ele e outro em Rafael Frota. “A bala não veio de baixo para cima ela entrou da direita para esquerda já que eu estava agarrado com ele”, descreve.