Artigo de Jackson Viana: O novo ensino médio e a velha desigualdade

Construir uma educação básica de qualidade é, sem dúvida alguma, uma missão cabível a todos os brasileiros, usuários ou não da rede pública, visto que o resultado de uma nação bem educada atinge, direta ou indiretamente, todos os setores da vida social.

“Se você acha que o conhecimento é caro, experimente a ignorância” – essa frase, que é atribuída a diversos pensadores, entre eles o educador americano Derek Bok, retrata aquilo que vem sendo defendido há séculos em nosso país: nenhum investimento em educação é excessivo, considerando que, se bem aplicado, o retorno será sempre de relevância superior.

Porém, é possível que, para o cidadão médio, essa visão venha perdendo força com o passar do tempo. Falar em investimento em educação não pode ocultar a comum preocupação com pautas também urgentes, como a geração de emprego e renda para os nossos futuros profissionais.

Assim como a ausência de postos de trabalho é uma realidade que afeta a vida de milhares de brasileiros, a baixa oferta de mão-de-obra qualificada é também um desafio para os empregadores, que cada dia mais dependem da operacionalização de tecnologias para o desenvolvimento de suas atividades, independente do seu setor de atuação.

Essa realidade do nosso país, escancarada nos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) para o segundo trimestre de 2022, onde registram 9,1% de desempregados, deve servir como base para a instituição das nossas políticas públicas e como desafio para os nossos parlamentares – as soluções para isso, indiscutivelmente, passam pela educação.

Frentes de discussão

Um tema que, na atualidade, tem sido motivo de preocupação pública é o novo Ensino Médio. Isso porque, entre outros fatores, a instituição de um novo modelo de ensino não pode acontecer sem ouvir e conhecer as diferentes realidades e ter por atenção basilar a velha desigualdade do nosso país.

A deputada federal Socorro Neri (PP/AC), integrante titular da Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, vem apontando caminhos para o assunto “Vou pautar a criação de um grupo de

trabalho para discutirmos com profundidade a questão do ensino médio. O novo ensino médio tem sido objeto de uma grande insatisfação. A Câmara dos Deputados tem que acolher e ouvir essa insatisfação e buscar encontrar caminho adequado para redefinir o ensino médio”, anunciou Socorro. Destaca-se que Neri tem em seu currículo a experiência de uma vida inteira dedicada à educação, com mestrado e doutorado na área. Portanto, trata-se de alguém com propriedade para falar sobre o assunto.

Organismos essenciais para defesa da democracia e da educação brasileira também têm se posicionado firmemente na defesa por maior atenção na implementação do novo modelo de ensino.

O Movimento Mapa Educação, instituição defensora das juventudes, publicou posição institucional onde elenca cinco pontos de atenção, entre eles, a necessidade de análise das diferentes perspectivas, considerando as grandes disparidades regionais do nosso país.

Todas essas frentes de discussão e de debates devem servir para se chegar a um denominador comum que alcance o mais próximo do clamor popular, e que levem, de maneira equilibrada e cada vez mais justa, a nossa educação para o caminho que apontará também o desenvolvimento econômico do Brasil, reconhecendo e superando todas as nossas desigualdades.

– Jackson Viana é Escritor, Poeta, autor de três livros, presidente-fundador da Academia Juvenil Acreana de Letras (AJAL), Embaixador da Região Norte na Brazil Conference at Harvard & MIT e Embaixador Mapa Educação 2023.

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