No segundo dia do Júri Popular de Hitalo Marinho Gouveia, o réu será ouvido nesta quarta-feira (15), na Cidade da Justiça. O juiz Alesson Braz iniciou as perguntas com as qualificações do réu, como formação, nome dos filhos, nome dos pais e o tempo que está preso.
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O juiz questionou se Hitalo já serviu o Exército e se o réu já tinha sido preso ou respondido algum processo administrativo e ele respondeu que havia servido o Exército Brasileiro e que tinha bom comportamento e boas notas.
“O senhor matou a dona Adriana?”, perguntou juiz Alesson e, em seguida, Hitalo respondeu “Sim, senhor”. Foi questionado o porquê e o réu respondeu: “Adriana tentou matar meu filho”.
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O início do relacionamento era bom, segundo Hitalo. “Ela tratava bem minha mãe, minhas filhas”. Questionado sobre o término do relacionamento que antecedeu a mudança de Adriana para outro estado, o réu respondeu:
“O motivo do nosso término para a ida para Pato Branco, no Paraná, foi uma ligação da Andréia dizendo que Adriana tinha batido na Juliana e expulsado ela de casa. Eu não lembro bem o motivo, mas eu acho que foi porque a Juliana deixou a Adriana fora de casa. A Andréia disse que essa era a verdadeira Adriana”, explicou.
Hitalo disse que o motivo de Adriana ter ido morar em outro estado foi porque a vítima relatou que não aguentava mais conviver com a família, visto que uma das irmãs, Andréia, teria sido a culpada do fim do relacionamento do casal.
Após 4 meses do término, Hitalo ficou em Rio Branco enquanto Adriana morava no Paraná. Neste período, o réu se relacionou com outra mulher e afirmou que não houve nenhum episódio de violência ou traição de ambas partes, após ser questionado pelo juiz.
Enquanto eles moravam em cidades diferentes, Adriana também teve um relacionamento. “A gente manteve contato por um tempo, mas depois foi se afastando. Lá ela também estava namorando e ela que me contou, mas terminaram por causa de logística, porque ele morava em outra cidade”.
Hitalo disse que após os dois terminarem os relacionamentos, Adriana procurou o réu pedindo ajuda financeira para voltar para Rio Branco, visto que não tinha conseguido se adaptar em Pato Branco.
“Ela me disse que já tinha conversado com o gerente dela no antigo emprego aqui e queria ajuda para voltar, porque não tinha se dado bem com a família de Pato Branco. Ela me perguntou se a gente tinha possibilidade de voltar e eu disse que sim, porque eu ainda gostava dela, era uma boa pessoa”.
Hitalo foi questionado sobre ter falado algo sobre ter filhos com Adriana. “Eu perguntei se ela queria namorar comigo, casar, construir uma vida, porque eu disse que se ela casasse, seria comigo, com as minhas filhas e com a minha mãe, porque minha mãe eu não abandono e minhas filhas vivem certo tempo comigo e ela disse que aceitava”, disse.
O juiz perguntou se teve alguma agressão ou briga no período da volta até a gravidez. Hitalo respondeu que não, que era tudo tranquilo. O magistrado perguntou se ele traiu Adriana nesse período e ele disse que não. Disse também que nunca falou para ela que estava disposto a ter mais filhos.
Hitalo disse que descobriu que Adriana estava grávida, visto que ela não comunicou o réu. “Ela falava que tomava remédio e que não sabia como tinha acontecido, mas depois que ele nasceu, ela me disse que tinha sim parado de tomar remédio”, disse.
O réu também falou que as agressões começaram durante a gravidez. “Ela começou a achar que eu ia terminar com ela, que eu ia abandonar ela porque não queria ter filho. Sempre batia nessa tecla. E aí veio a primeira agressão. Eu estava dormindo e ela me deu um soco no nariz, disse que sonhou comigo traindo ela, e teve até um almoço na casa da mãe dela que ela me perguntou o que tinha acontecido e a Adriana disse que tinha quebrado meu nariz e a mãe dela disse para eu dormir de capacete”.
O juiz perguntou o que fez ele continuar com uma pessoa que deu um murro dele. “Ela me pediu desculpa, que foi um momento de transtorno, que se arrependeu e eu acreditei. As agressões físicas demoraram para voltar, mas tinham as agressões verbais.”
Hitalo contou que sugeriu para Adriana que casassem no papel, como forma de fazer com que Adriana acreditasse que ele não a deixaria.
Hitalo detalha sobre o casamento com Adriana: “Foi um casamento simples, chegamos a programar uma viagem, mas veio a pandemia e tivemos que adiar. Estávamos com passagem comprada, hotel pago, mas não deu certo”.
O réu relembrou que mesmo com o casamento, não foi suficiente para Adriana parar com os “transtornos”. “Ela ficava alterada, gritando. Voltaram as agressões após sair a denúncia do meu trabalho, de assédio. Ela estava com oito meses de gestação. Ela achou que eu tinha traído ela”.
Suposto assédio sexual
Hitalo pediu para explicar o que tinha acontecido relacionado à denúncia de assédio sexual que teria surgido na imprensa com seu nome. O réu disse que descobriu que um funcionário estava cobrando propina, que chamou a diretoria para levar a denúncia à frente, disse que foi ameaçado de morte por isso, que foi parar na delegacia para registrar boletim de ocorrência.
Devido a essa situação, para o Hitalo, o funcionário teria feito a denúncia de assédio contra ele para a imprensa. Inclusive, segundo ele, a própria empresa fez uma nota informando que o assédio não tinha acontecido. Segundo Hitalo, foi a primeira vez que Adriana quebrou um cabo de vassoura nele e toda vez que ela lembrava da matéria, ela “partia para a porrada”.
Hitalo também contou que Adriana chegou a ligar para o gerente, que confessou que o assédio não aconteceu, mas que o réu “era safado”.
O réu contou que apanhava quase todos os dias no período próximo ao filho do casal nascer e que às vezes Adriana batia com a mão, cabo de vassoura, copo, desodorante aerosol. “Ela batia na minha cabeça e eu não fazia nada, só pedia para ela parar”.
Questionado sobre o motivo de ter ficado com Adriana mesmo após as agressões, Hitalo disse que associou a gravidez, que poderia ser algo relacionado aos hormônios.
“Sempre que ela via algo relacionado a traição ou lembrava da matéria, ela parecia que surtava e ficava agressiva, depois de alguns minutos ela ficava de boa e ela mesmo dizia que não sabia o que tinha acontecido. Eu sugeri que a gente procurasse um psicólogo. Durante a gravidez, eu associei aos hormônios e a gente conversou que se não passasse quando ela tivesse o bebê, a gente procuraria um psicólogo”, disse.
Nascimento do bebê
Hitalo disse que o nascimento do bebê foi conturbado porque ele demorou para nascer. “Nós fomos para maternidade porque ele estava demorando para nascer, nós passamos o dia na maternidade e quando ela foi consultada, foi levada diretamente para uma cesárea de emergência porque o bebê estava com sofrimento fetal”.
O réu disse que após irem para a casa, as brigas diminuíram mas continuaram. “No período do resguardo, basicamente eram agressões verbais, não físicas. Quando passou o resguardo, nós procuramos um psicólogo. Primeiro foi uma mulher e depois foi com um homem”.
O magistrado perguntou se era terapia em casal ou apenas para Adriana, e Hitalo respondeu que era apenas para ela.
Hitalo também disse que procurou ajuda espiritual e contou que Adriana estava em tratamento com psicólogo e, pelo pastor ser médico, aconselhou que procurasse um psiquiatra.
Agressões
Hitalo falou sobre episódios de agressões com relação ao bebê. “Eu cheguei um dia do trabalho e ela ficou perguntando com quem eu estava. Ela foi chutar o neném e pegou no bebê conforto. Deu impressão que ela ia chutar a criança. Peguei ele e sai e ela pegou o arco do bebê conforto pra bater na criança e foi quando pegou nas minhas costas. Eu liguei para a Andréia e disse o que tinha acontecido, que ela tinha tentado chutar o bebê e tinha rasgado minhas costas com o arco do bebê conforto”.
“Outra situação foi quando ela pegou o neném no colo e se deitou na Avenida Nações Unidas dizendo que ia se matar”, complementou, sobre um desentendimento que ocorreu entre o casal após Hitalo publicar no WhatsApp uma declaração de amor para Adriana, mas a vítima percebeu que estavam faltando 4 contatos no telefone do réu e questionou de quem ele estava tentando esconder a publicação.
Questionado se Hitalo não pensou em tirar foto do momento, o réu disse que só pensou em ligar para a irmã Andréia, visto que Adriana “se sensibilizava com os conselhos dela”.
Andréia disse que não poderia ajudar mas que passaria outro dia na casa do casal para conversar com Adriana. “Eu saí correndo para a casa da Juliana, era perto e eu não pensei em passar em casa para pegar o carro ou a moto, eu fui correndo e cheguei lá chorando e pedindo ajuda. A Juliana e o Alexandre estavam discutindo mas quando eu contei pararam de discutir e pegamos o carro para ir atrás dela e do bebê, demos uma volta e não encontramos e quando demos outra, achamos ela parada na calçada com o bebê”.