O policial civil Antônio Carlos Nascimento foi ferido após uma troca de tiros, durante um diligência policial na zona rural do município de Feijó, na manhã da última sexta-feira (17). O delegado responsável pelo caso, Railson Ferreira, disse com exclusividade ao ContilNet, que o crime foi uma emboscada e que o alvo da ação dos criminosos seria era ele.
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Tudo começou em abril do ano passado, quando um dos acusados, conhecido como Benedito, havia registrado uma queixa-crime na Delegacia de Feijó, alegando ter sido vítima de roubo de gados. Na época, o delegado abriu uma investigação para apurar os fatos e constatou, meses depois, que não havia indícios de crime. O caso foi arquivado pelo Ministério Público e pela Comarca de Feijó.
Segundo Railson, o acusado não aceitou o fato do caso ter sido arquivado, o que resultou em uma ameaça contra o delegado. “Ele ficou bastante insatisfeito por eu não ter pedido prisão das pessoas que ele havia acusado, que inclusive eram parentes dele”, explicou.
Cárcere privado
Além disso, o filho de Benedito, foi denunciado por supostamente manter a esposa em cárcere privado por mais de 4 anos. Segundo as informações passadas ao delegado, a vítima não poderia ver os familiares e nem ir até a cidade de Feijó, já que a região onde morava com o marido, é de difícil acesso, conhecido como Colocação Carvão. Ainda de acordo com a denúncia, no momento em que os familiares da mulher iam até a casa para socorrê-la, o marido fazia ameaças com uma arma de fogo para espantar os parentes da esposa.
De acordo com o delegado, o acusado fazia parte de uma facção criminosa.
Emboscada
Na semana que antecedeu o atentado, a Delegacia de Feijó recebeu uma denúncia de outro morador, que informou que 3 gados teriam invadido a fazenda do acusado, Benedito, e que o idoso teria alegado que não iria devolver os animais. Porém, até então, o delegado disse que não sabia que o acusado denunciado era o mesmo Benedito dos casos anteriores. “Não lembrava que era ele, apenas despachei com a juíza porque queria dar cumprimento ao caso”, explicou.
O mandado de busca e apreensão dos animais foi expedido na sexta-feira (17). No mesmo dia, a equipe da Polícia Civil foi até o local realizar as diligências. Para chegar até lá, é necessário 4 horas de barco e mais 1 hora a cavalo.
No momento em que o delegado recebeu a denúncia de apropriação indébita dos gados, o denunciante informou que Benedito havia dito que só devolveria os animais se o delegado fosse até o local.
“Aí começa a emboscada. No local haviam duas armas com mais de vinte munições caseiras preparadas. Não existe a possibilidade de um fazendeiro colocar esse tanto de cartucho porque eles esfriam. Eles sabiam que nós iríamos até lá. Estavam esperando pela gente armados”, disse Railson.
No momento da ação, o delegado estava acompanhado de outros 3 policiais e de uma equipe de peões que iriam retirar os gados da propriedade dos acusados. Ao chegar na casa e anunciar que os gados seriam devolvidos ao dono, o delegado disse que o acusado começou a se exaltar. “Foi quando ele disse que de lá nós não sairíamos com os gados, porque na delegacia quem mandava era eu, mas lá, era ele quem mandava”.
“Não sei como ainda estou vivo”
Enquanto os policiais conversavam com seu Bendenito, o filho dele apareceu por trás da equipe, correu, pegou uma espingarda dentro da casa e apontou para o corpo do delegado Railson. “Ele gritava que ia me matar. Não teve conversa”.
Foi quando o acusado desferiu vários tiros em direção a equipe. Apenas um policial foi atingido no tórax, o agente Antônio Carlos Nascimento. Na troca de tiros, o filho de Benedito, acusado de manter a esposa em cárcere, foi morto com um tiro no ombro.
“O cenário era perfeito para eles. Eles tinham uma visão privilegiada, porque estavam em cima da gente. Eu não sei como ainda estou vivo. Não sei como o policial não está morto”, desabafou o delegado.
“Eles foram meus heróis”
O delegado afirmou que por diversas vezes teve o auxílio dos policiais e dos próprios peões que estavam no local para auxiliar no resgate dos gados. Ao final da operação, o idoso Benedito foi preso e as armas apreendidas pela Polícia Civil.
O agente foi encaminhado para o Hospital de Feijó e, após isso, transferido de helicóptero para o Hospital de Cruzeiro do Sul, onde passou por cirurgia e aguarda alta na enfermaria da unidade.
Railson segue no hospital acompanhando o colega e deve retornar a Feijó ainda esta semana. O idoso teve prisão preventiva decretada e atualmente segue preso na Delegacia de Tarauacá. Segundo o delegado, o acusado deve ser encaminhado para a Unidade Penitenciária do município para aguardar o fim das investigações.