Tempo
As primeiras gerações de acreanos, que chegaram ao Estado nos primórdios da colonização, lembram-se que fazia tanto frio no Acre que os animais silvestres se tornavam alvos fáceis quando se juntavam nas clareiras da floresta pra tomar sol e lamber o sal da terra. O clima foi mudando e o povo se acostumou com as duas estações – inverno quente e chuvoso com as alagações de fevereiro/ março e os verões quentes e secos de junho a setembro com a fumaça das queimadas a esconder o sol. Mas, nunca se viu a água do igarapé São Francisco chegar à Vila Ivonete e nem a Estrada da Sobral ser inundada por enxurradas em pleno mês de maio como nesta última segunda-feira (8), quando moradores trancaram a rua para protestar. E tem gente que ainda não acredita nas mudanças climáticas que levaram o governador Gladson Cameli e comitiva aos EUA nesta semana.
Mutirão
A missão do governador na América do Norte é prospectar oportunidades e atrair investimentos no Fórum Global dos Governadores para Clima e Floresta (GCF), também chamado de Força Tarefa. A instituição reúne 38 estados ou províncias do Brasil, Colômbia, Costa do Marfim, Equador, Espanha, Estados Unidos, Indonésia, México, Nigéria e Peru. É um esforço conjunto dos governadores para a articulação de programas que reduzam as emissões de gases causadores do efeito estufa. Ou seja, queimadas zero.
Finanças verdes
Uma das metas do governador é a obtenção de um financiamento de 60 milhões de dólares junto ao BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento). Os recursos serão aplicados no Proamp (Programa Acre Mais Produtivo) que prevê ações para o fortalecimento das cadeias produtivas, monitoramento ambiental e para a bioeconomia.
Impacto zero
A bioeconomia, ou economia verde, prevê a criação de produtos e serviços sem impactos ambientais ou para a redução deles, como a produção de vacinas, cosméticos, biocombustíveis, enzimas industriais etc. Atualmente quem fatura com a bioeconomia amazônica são os gigantes do setor químico e farmacêutico entre outras.
Educação
Segunda-feira (8), o governador fez um discurso emocionado no evento lembrando que a conservação e a proteção da floresta amazônica começam com a educação e com a proteção dos povos originários. E contemplou o público com a apresentação de um vídeo produzido em uma comunidade katukina.
Credencial
A secretária de Meio Ambiente e Povos Indígenas (Semapi), Julie Messias, acompanha o governador Gladson Cameli como uma sombra no Fórum Global. A mulher é uma assessora que ninguém pode chamar de paraquedista, pois tem formação amplamente qualificada na área, segundo prova o seu currículo. Quem duvidar é só dar um Google para xeretar a carreira da moça.
Conama
Julie foi diretora do Departamento de Ecossistemas da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais do Ministério do Meio Ambiente e atualmente é presidente do Fórum de Secretários da Amazônia Legal. Na segunda-feira (8), foi nomeada para representar o Estado na composição do Conselho Nacional do Meio Ambiente
Verdinhas
Para financiar a economia verde nada melhor do que a moeda literalmente verde dos norte-americanos. O dólar passou a ser verde no início do Século 19 para evitar falsificações. Antes era preto e branco, já que não existiam fotos e nem impressoras em cores. Era só bater uma foto da nota, recortar e esbanjar nos saloons. Atualmente há cerca de US$1,2 trilhão em papel-moeda circulando. A produção de cada nota de $1 custa cerca de 5 centavos e para fazer uma nota de U$100, cerca de 13 centavos.
De boa
Enquanto os analistas especulam sobre seu futuro político, o prefeito Tião Bocalom promoveu na última segunda-feira (8), um evento cinematográfico nas instalações da Ceasa para lançar o programa “Ramais da Dignidade” com investimentos de R$ 59 milhões em melhorias de 1.500 quilômetros de ramais e em mecanização agrícola. Como muitos dos ramais sequer têm um nome, os destinos das obras são as comunidades Moreno Maia, Benfica, Belo Jardim, Catuaba, Quixadá, Boa Água, Jarbas Passarinho, Barro Vermelho e Barro Alto.
Integração
Enquanto o governador Gladson Cameli percorre os EUA em busca de cooperação econômica, outra parte do Governo dá prosseguimento à incessante pauta da integração com o Peru. Como parte da agenda do encontro empresarial na Embaixada do Brasil em Lima na segunda-feira (8), o secretário de Estado de Indústria, Ciência e Tecnologia (Seict), Assurbanipal Mesquita fez uma visita institucional à sede da Asociación de Exportadores (Adex) do Peru, em Lima, onde trocou figurinhas com Erick Fischer, ex-presidente do órgão e com o diretor executivo Rafael del Campo.
Aleac
O deputado Luiz Gonzaga, presidente da Aleac, também participou do evento em Lima. Natural de Cruzeiro do Sul, Gonzaga é um dos maiores entusiastas desta integração. Tanto que defende com unhas e dentes a abertura da estrada ligando Cruzeiro do Sul a Pucallpa, a capital do Departamento de Ucayali, um dos maiores rios da Amazônia peruana que se funde ao rio Marañon para penetrar no Brasil com o nome de rio Amazonas.
Exigência
Gonzaga e Assurbanipal ouviram do ex- diretor da Adex, Erick Fisher, que o objetivo da instituição é estabelecer com o Brasil um corredor “limpo, sustentável e com bom relacionamento ambiental, uma exigência mundial para se fazer um bom comércio”. A rodovia Cruzeiro-Pucallpa ainda terá que pelejar para melhorar o relacionamento ambiental por atravessar a magnífica Serra do Divisor, a encantadora montanha encravada na selva como o lombo de um camelo.
Pelo meio
Gonzaga já sobrevoou a Serra do Divisor e viajou pela Carretera Central do Peru, que vai de Pucallpa até Lima percorrendo uma floresta amazônica montanhosa e atravessando a Cordilheira dos Andes num território que já foi dominado pelos guerrilheiros do Sendero Luminoso. A viagem foi em 2009 para um encontro empresarial entre brasileiros e peruanos com a presença do presidente Lula e as maiores empreiteiras do Brasil.
Duas décadas
Gonzaga discursou durante a reunião, destacando a importância do evento: “Para o parlamento acreano esta missão é muito importante, pois há mais de 20 anos participamos do processo de integração entre Brasil e Peru. O governo, através do governador Gladson Cameli, tem liderado tratativas para avançar nessa pauta, também junto do presidente da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos), Jorge Viana”, acentuou Luiz Gonzaga.
Decadência
Na primeira década deste século as empreiteiras brasileiras estavam tão presentes no Peru que era possível avistar um brasileiro em cada esquina graças ao seu gosto por usar camisas de seus times favoritos. Eram camisas de torcidas tão distantes como a do Inter de Porto Alegre a do Sport de Recife. No Peru trabalhavam na Odebrecht, OAS, Camargo Corrêa e outras gigantes da construção civil do Brasil. Atualmente estas empresas ainda lutam para se reerguer após serem demolidas pela Lava Jato de Sérgio Moro que acabou favorecendo suas concorrentes do rico Hemisfério Norte.
China
Um exemplo de oportunidade que as empresas brasileiras perderam é o Terminal Portuário Multipropósito de Chankay, um mega-porto que está sendo construído pela empresa chinesa Cosco Shipping Portspelo, a 80 km de Lima, com investimento de US$ 3 bilhões. Nos áureos tempos quem executava grandes obras mundo afora eram as empresas brasileiras, como o porto de Mariel, em Cuba, inaugurado pela presidente Dilma em 2014 e que gerou R$ 900 milhões em compras de produtos brasileiros. Ou o metrô de Caracas, na Venezuela, igualmente financiado pelo BNDES no governo Fernando Henrique Cardoso. Como bem resume o presidente Lula, o BNDES empresta o dinheiro e exporta serviços de engenharia e produtos de construção civil.
Novo corredor
Assurbanipal Mesquita considera o Porto de Chankay como um promissor destino para os produtos do Acre e do Brasil nos próximos anos. “Essa missão significa o comprometimento do Estado em fortalecer a relação com o comércio interior, principalmente do corredor interoceânico. Estamos exportando para o Peru, e temos investimentos no país vizinho, como o Porto de Chankay que vai viabilizar o escoamento e recebimento de produtos no Acre”, destacou o titular da Seict.
Vitrine
A presidente da Agência de Negócios do Acre, Waleska Bezerra, também participou do encontro em Lima. De acordo com ela, é missão da agência fomentar a economia e ajudar os empresários a se desenvolverem no mercado exterior. “Viemos como vitrine do Acre no Peru, e nossa missão é mostrar ao mundo inteiro o que temos a oferecer”, comentou.
Tarifaço
Está programado para esta terça-feira (9), um debate sobre o alto custo das tarifas aéreas na Região Norte pelos parlamentares membros da Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados. A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) informa que o Acre tem o segundo maior preço do país na passagem aérea, com média de R$ 948,95. Menor só que Roraima ( R$ 1.086,82. Rondônia é a terceira colocada com preço médio de R$ 907,77.
Inquérito
O debate da Comissão de Viação, na verdade, tende a ser um interrogatório sobre a política de preços das empresas, que estarão representadas pelo executivo Eduardo Sanovicz, presidente da ABEAR (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). O evento contará com representantes do Ministério da Fazenda; do Ministério de Portos e Aeroportos; da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e do Ministério do Turismo.