O inverno começou na última quarta-feira (21) no Hemisfério Sul e marca a estação mais fria do ano sob influência do El Niño, que ocorre pelo aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico na região da Linha do Equador, podendo se estender desde a costa da América do Sul até o meio do Pacífico Equatorial.
Durante a influência do fenômeno, a temperatura das águas chega a subir 0,5º C entre seis meses a dois anos. Um dos efeitos que pode causar no Brasil é elevar o risco de seca no Norte e Nordeste e de grandes volumes de chuva no Sul.
No Acre, segundo previsões do Imnet, o fenômeno deverá trazer novos episódios de friagem e queda de temperaturas. As previsões apontam ainda uma estação com chuvas abaixo da média e com aumento de queimadas, por conta da seca e altas temperaturas.
O professor e pesquisador da Universidade Federal do Acre (Ufac), Alejandro Fonseca, explicou ao ContilNet nesta sexta-feira (23), como o fenômeno deverá impactar o clima no Acre. De acordo com o pesquisador, o El Niño deverá ser um dos mais fortes já registrados, de categoria extrema.
“A gente não sabe qual será a sua duração, nem qual vai ser a sua incidência de classificação. Estão dizendo que será extremamente forte”, disse.
Segundo o pesquisador, o fenômeno deveria ter se desenvolvido apenas no final do ano, em dezembro. “Estamos na metade do ano. Se já está mostrando com valores de temperatura acima do nível médio do mar, neste momento, significa que o prognóstico é de que pode ser um El Niño da categoria extrema”.
Fonseca disse que o fenômeno pode ficar ativo durante anos, em até 7 anos consecutivos. O El Niño está ligado diretamente em outros dois fenômenos: o La Niña e o El Niño Neutro. Até o ano passado, o Hemisfério enfrentou um La Niña que durou 3 anos.
O professor explicou que existem poucos estudos sobre a influencia do El Niño no Acre. “Estamos em uma região onde essa manifestação não é clara. Alguns pesquisadores dizem que na região onde estamos, não existe uma influencia perceptível”.
Segundo ele, estudos indicam que na região mais ao Norte da América do Sul, o El Niño está relacionado à falta de chuvas. Já na região Sul, onde o Acre está localizado, existe uma indicação de que o fenômeno traga um período mais chuvoso. “Não significa o mesmo. Não se manifesta de igual maneira em todas as regiões”.
Mudanças extremas
Mesmo não havendo estudos claros que indiquem a influencia do El Niño no Acre, o pesquisador afirma que após as mudanças climáticas vistas no país e no mundo, não deve ser descartada a possibilidade de eventos extremos ocasionados pelo fenômeno.
“Estamos em um momento de manifestações de extremo climático no mundo todo. Saímos de um episódio de La Niña, que era para ter sido chuvoso na nossa região e não se comportou assim.
O pesquisador lembra ainda da enchente histórica do Rio Acre e das enxurradas do mês de março, que apenas em um dia de chuva, ocasionou uma alagação em categorias recordes. “Janeiro e fevereiro choveu abaixo da média, e logo em seguida, uma cheia intensa”.