Passagem de ministros pelo Acre foi marcada por manifestações, convite a Gladson e lembranças

Pelo lado da sociedade civil organizada, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foi o mais atuante durante a plenária

Transparência

A realização sábado passado (3), da reunião plenária que debateu o Plano Plurianual do Governo Federal para o quadriênio 2024-2027, mobilizou o Governo do Estado, a Assembleia Legislativa (Aleac) e organizações da sociedade civil do Estado no Teatro Universitário da Ufac. O governador Gladson Cameli e o presidente da Aleac, Luiz Gonzaga, sentaram-se lado a lado e comentaram o evento. “Isso é importante para que possamos reduzir as desigualdades regionais, fortalecer a transparência e a gestão participativa, e também para assegurar que os recursos públicos sejam utilizados de forma eficiente, a partir de uma administração pública eficaz e inovadora”, disse Gladson Cameli. Para o deputado Luiz Gonzaga, a plenária foi uma oportunidade de “discutir os problemas para que Brasília entenda e conheça as reais necessidades do estado do Acre”.

Gladson discursando durante o evento/Foto: Reprodução

Convite

“Todos os pedidos que temos feito ao presidente Lula são atendidos. Por isso, deixo a ele toda minha gratidão. Levem meu abraço a ele [Lula] e diga que o convite para vir ao Acre está lançado”, declarou o governador Gladson Cameli em discurso na plenária, que teve como protagonistas os ministros do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes e da Secretaria-Geral da Presidência da República, Márcio Macêdo. Gladson enalteceu o apoio e deixou claro que ainda precisará de muita ajuda para melhorar o sinal da internet e a segurança das fronteiras. “É com as palavras união e gratidão que quero externar a todos que contribuem para um Acre melhor todo o meu agradecimento”, destacou Gladson.

Sem teto

Pelo lado da sociedade civil organizada, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foi o mais atuante durante a plenária do PPA Participativo. “Não chamem ocupação de invasão”, apregoou o presidente do Psol no Acre, Jamyr Rosas, que também é coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Jamyr pediu respeito às pessoas que vivem em ocupações de espaços urbanos. Segundo ele, o Estado precisa se fazer presente nas comunidades não apenas com carro de polícia. “Não somos bandidos. Somos pais e mães de família, trabalhadores. Não somos contra a lei e quem está nessa condição é porque precisa”, disse Jamyr, que foi candidato a segundo suplente ao Senado na chapa de Jorge Viana (PT) derrotada em 2018 por Márcio Bittar (União).

Foto: ContilNet

Mariele presente

Jamyr Rosas falou em nome dos moradores da “Ocupação Mariele Franco”, no bairro Defesa Civil, que marcaram presença na plenária reivindicando casas populares. O coordenador também apresentou proposta para a construção de cozinhas solidárias. “É preciso haver programas sociais e outras políticas públicas, porque não adianta combater a violência só com carro de polícia entrando nos bairros. O Estado precisa entrar com ações de organização, de emprego e renda”, argumentou.

História

O ministro sergipano Márcio Macêdo, secretário-geral da Presidência da República, representando Lula na plenária do PPA Participativo, enalteceu três personagens históricos do Acre: os internacionais Chico Mendes, João Donato, Nazaré Pereira e o obscuro jurista, também sergipano, Gumercindo de Araújo Bessa que empresta seu nome a um pequena rua do Conjunto Universitário e ao imponente casarão que sedia o Tribunal de Justiça de Sergipe em Aracajú. Foi Gumercindo quem garantiu que o Acre se mantivesse como Território Federal em vez de ser anexado ao Estado do Amazonas, segundo o plano do então governador amazonense, Antônio Constantino Nery (de 1904 a 1908) .

Legal à beça

Macedo contou que, além de garantir a independência do Acre, Gumercindo Bessa deu origem ao verbete “beça”, hoje registrado nos dicionários da língua portuguesa do Brasil. Segundo esta história, em 1906, o Estado do Amazonas contratou Rui Barbosa para defender a anexação do Acre, que virara território federal dois anos antes. Gumercindo Bessa, então um desconhecido advogado vivendo no Rio de Janeiro, que era a capital federal, tomou a defesa do Acre, gratuitamente, escrevendo um artigo de 20 páginas intitulado “Memorial em Prol dos Acreanos Ameaçados de Confisco pelo Estado do Amazonas na Ação de Reivindicação do Território do Acre”. Só o título ocupava duas linhas. Falava tanto, que o então presidente Rodrigues Alves (1902 a 1906) teria interpelado um de seus ministros que falava demasiadamente com a seguinte frase: “o senhor tem argumentos à Bessa”, eternizando o neologismo “beça” que define atualmente tudo o que é grandioso, com os dois esses transformados em c com cedilha.

Forrozeiro

Ao falar sobre Gumercindo Bessa, o ministro Márcio Macedo convidou o governador Gladson Cameli para participar da plenária do PPA Participativo em Aracaju e conhecer a cidade onde nasceu o jurista, a paradisíaca estância turística de Estância, no litoral sul sergipano. “Vamos para a Plenária de Sergipe e no dia seguinte vamos conhecer a cidade de Gumercindo, dançar um forró”, sugeriu o ministro demonstrando que o governador já é conhecido como forrozeiro além das divisas do Acre.

Sorte grande

Márcio Macedo também mencionou Nazaré Pereira, atriz, cantora e compositora que nasceu em Xapuri, em 1939, e hoje vive em Belém com 83 anos e continua fazendo arte. Em janeiro passado, ela lançou um clipe intitulado “Xapuri Paris Pará” descrevendo sua trajetória artística. Na ocasião, ela deu entrevista ao portal g1, relatando que teve sorte em sair de Xapuri ainda criança. “Minha carreira começou em Paris, na França, onde considero o portão cultural do mundo. Acho que tive muita sorte em ter saído de Xapuri no Acre, ter vindo para Belém do Pará e ter realizado o sonho de construir toda minha carreira internacional”, disse.

Espada

Segundo sua biografia, Nazaré Pereira perdeu o pai, seringueiro, aos 4 anos de idade e mudou-se com a mãe e o padrasto para o interior do Pará onde se formou no magistério. Em seguida, se mudou para o Rio, onde se formou em artes cênicas e ganhou uma bolsa de estudos para a Universidade de Sorbonne, em Paris. Começou a cantar nos bares parisienses. Gravou 22 álbuns, cinco deles com canções infantis. Não existe registro de apresentações de Nazaré pelo Acre. É certo que não estava na cerimônia de gala pelo centenário da Revolução Acreana em 2002. Na ocasião, o Governo do Estado homenageou João Donato e Armando Nogueira e outras 98 personalidades acreanas com uma réplica da espada de Plácido de Castro. Sem Nazaré.

Agridoce

Nazaré Pereira conta que a música Acre Doce, que compôs em parceria com Luíz Gonzaga nasceu de um encontro que teve com o rei do baião no Rio de Janeiro em 1981. Na ocasião, Gonzaga tocou na sanfona uma música que disse ter feito para ela e a desafiou para colocar uma letra enquanto ele tirava um cochilo. “Escrevi a letra e quando ele ouviu falou: ‘gostei, como tu nasceste no Acre e acre é amargo e você gosta do teu Estado, chame ACRE DOCE’. Foi assim que virei parceira de Luiz Gonzaga. Nesse mesmo dia eu perguntei se ele gostaria de fazer um show em Paris e ele falou: ‘me leve que eu vou’. O grande SHOW foi realizado no dia 22 de maio de 1982 no Teatre BOBINO em Paris, ano em que ele completaria 70 anos. Em Paris ele ficou hospedado em meu apto e aí eu o conheci de verdade”, relata em suas memórias.
Escute aqui Acre Doce, sucesso de Nazaré e Luiz Gonzaga https://youtu.be/n0JtLOq-oTs

Benefícios duplos

Antes de discursar na plenária do PPA Participativo na Ufac, o senador Sérgio Petecão (PSD) reuniu-se com membros da Colônia dos Pescadores na Superintendência da Pesca do Estado do Acre, em Rio Branco, para falar sobre a Medida Provisória 1164/2023, aprovada pelo Senado no último dia 30 de maio, que deu à categoria direito de receber o seguro defeso no valor de um salário mínimo sem a suspensão dos benefícios da Bolsa Família, de R$ 600,00 mais R$ 150,00 por filhos menores de 6 anos. A aprovação do texto pelo Senado Federal contempla o setor pesqueiro artesanal. No Acre, cerca 130 mil pessoas recebem o Bolsa Família e 5 mil famílias recebem o seguro defeso, pago entre novembro e março, período em que a pesca é proibida por conta da piracema.

Capital

Se em Cruzeiro do Sul o MDB parece estar fechado em torno da candidatura de Jéssica Sales, o nome do candidato em Rio Branco ainda está em litígio. Segundo o ex-deputado Flavio Melo, presidente estadual do partido, o deputado estadual Emerson Jarude confirmou sua intenção de ser o candidato, mas o partido só vai decidir no “momento exato”. Isso porque há uma corrente do MDB articulando a filiação do ex-prefeito e ex-petista Marcus Alexandre para dar mais competitividade ao partido na disputa pela prefeitura da Capital.

No grito

A Prefeitura de Rio Branco cercou-se de todas as medidas para que a interdição sábado (3) do bar e restaurante Recanto não se tornasse um escândalo de discriminação. Voltado para o público gay, o estabelecimento foi fechado sob acusação de poluição sonora e outras irregularidades. Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia) o bar vinha sendo notificado desde janeiro. Em comunicado à imprensa, a Semeia informa que o Recanto desrespeitava a legislação e seus responsáveis não podem “alegar desconhecimento, perseguição, preconceito… do dia da denúncia até a data de hoje passaram aproximadamente 6 meses. AQUI EM RBR … ESTAMOS TRABALHANDO PARA NÃO OCORRER OUTRA TRAGÉDIA ‘KISS’ ”, argumenta, com letras maiúsculas, que na linguagem das redes sociais representam mensagens aos gritos.

Concursos

De acordo com dados da Secretaria de Estado de Administração (Sead), a gestão Gladson Cameli já empossou mais de 3 mil servidores efetivos desde 2019 quando assumiu o primeiro mandato. O governador Gladson Cameli lembra que o compromisso de realizar concursos públicos faz parte da promessa de reestruturar o quadro de servidores do Estado do Acre, mas ele reconhece que ainda há muito para fazer sem desrespeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Oficiais

Entre as vagas abertas pela gestão Gladson estão cargos de oficiais para atuarem para a área de saúde da Polícia Militar que há 30 anos não são renovadas. O secretário de Administração, Paulo Correia, explica que estas contratações foram possíveis porque o governo tem realizado um trabalho essencial para ajustar as contas públicas. “Foram quase R$ 300 milhões aportados na folha salarial do Estado, o que demonstra o compromisso com a população e geração de oportunidade para toda a nossa sociedade”, informou Correia.

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