27 de abril de 2024

Pimenta: sessão da Aleac vira rebu quando oradores refinados trocam o verbo pelo grito

Chorando na tribuna, a líder do governo na Aleac, Michelle Melo, ameaçou largar a liderança

Foto: ContilNet/Juan Diaz

Verbetes

A belíssima Sophie Charlotte protagonizou a segunda versão da novela “O rebu” que foi ao ar em 2014. Mas a palavra já era bastante conhecida por conta da novela original, lançada pela Rede Globo em 1974, o que prova que a emissora, além de tudo, transforma gíria em verbete de dicionários e de estudos etimológicos. Segundo o Houaiss, a palavra rebu tem seu DNA na palavra rebuliço, que nasceu no século XV e que quer dizer confusão, encrenca, briga, perturbação, treta, muvuca, bafão. Foi tudo isso e mais um pouco o que rolou ontem na sessão da Aleac, segundo estampa o noticiário desde então. E o povo adora isso!

Emoções

É inevitável que no calor inflamado dos discursos algum deputado extrapole as emoções e transforme as palavras e as mãos em instrumentos de ataque, como o que se viu na sessão desta terça-feira, 11, que virou um rebu protagonizado pelo deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) e pelo sub-secretário da Secretaria de Estado de Governo, Luiz Calixto. Todo mundo viu o vídeo, um peitando o outro e a repercussão dos fatos, logo naturalizada, afinal a Casa do Povo, palco de grandes contendas, não pode evitar a explosão de violentas emoções e reações intempestivas. 

Verbo 

O ex-deputado Luiz Calixto, foi  eleito pelo PDT que era da base do governo Jorge Viana em 2002, mas logo mudou de partido e se tornou na voz mais vigorosa da oposição, tendo de enfrentar o então líder do governo, Edvaldo Magalhães. Conhecido por sua oratória brilhante e texto igualmente primoroso e erudito, Calixto é um adversário temido no confronto verbal, pois há palavras que ferem mais que o aço, e ele é profundo conhecedor da gramática e do dicionário da língua pátria. Portanto, não foi à toa o choro da deputada Michelle Melo quando Calixto a chamou de vendedora de ilusões, eufemismo para mágica. 

Reciprocidade

Chorando na tribuna, a líder do governo na Aleac, Michelle Melo, ameaçou largar a liderança. “É um basta que dou hoje como líder do governo. Todos merecem respeito, assim como o senhor, Edvaldo. Chega de secretários não atenderem deputados, chega de secretários acharem que mandam mais que deputados, que fazem política sozinhos. Se fizessem, estariam nos nossos lugares e não estão. Que comecem a ouvir a voz desse parlamento. Desrespeito gera desrespeito. Ninguém nunca me chamou de incompetente e nunca terá o prazer de fazer isso”, destacou a deputada, emocionada. 

Desacato

Com as acusações e ataques feitos a Michelle, o deputado Pedro Longo convocou todos os parlamentares em um ato de repúdio sobre as supostas declarações feitas por Calixto.  “Em nome da Mesa Diretora, quero externar a solidariedade à líder do Governo, deputada Michelle Melo, que tem conduzido muito bem os trabalhos. Vossa excelência foi desacatada em reuniões de âmbito governamental. Isso não é aceitável”.

Apreço

O ato também foi dedicado ao deputado Edvaldo Magalhães. “Vossa excelência como líder da oposição, muito respeitada nessa Casa, também merece respeito. Não é admissível que um parlamentar no exercício do seu trabalho seja desacatado. Independente do apreço que eu tenho pela equipe do governo, eu não tolero essa situação”, disse Pedro Longo.

A gênese

Estevan Silva, um agente provisório do ISE, foi o pivô do rebu. Ele disse ao deputado Edvaldo Magalhães que durante uma reunião na Casa Civil, Calixto teria dito que a Aleac não tem moral com o governo. “Primeiramente, ele não quis receber a gente. Com a nossa manifestação, ele chamou a gente lá dentro, disse que essa Casa não tem poder de nada contra a Casa Civil. Disse que os deputados podem fazer o que quisessem, que nada seria aceito por eles vindo dessa Casa”, disse. Edvaldo foi tirar satisfações e teve início o rebuliço. 

Vítimas

Calixto confirmou ao ContilNet que de fato houve uma reunião com os servidores, porém, negou que tenha feito ataques a Michelle ou a qualquer outro parlamentar da Aleac. “Estão tentando se vitimizar em cima de uma mentira. Em nenhum momento eu ou qualquer secretário de Estado se dirigiu à deputada Michelle ou a qualquer outro de forma desrespeitosa. O governo sempre esteve aberto ao diálogo. É uma mentira deslavada relatar fatos que não aconteceram nessa reunião. Isso faz parte do mau-caratismo do Edvaldo Magalhães”, disse, acrescentando que não permitirá que o deputado saia como vítima.

Provisórios 

Luiz Calixto aproveitou para lembrar a delicadeza do assunto que causou toda a confusão: achar uma solução para o problema dos servidores do ISE que foram contratados provisoriamente e agora querem a vaga efetiva sem passar por concurso público. “Nós estamos tratando com quase 300 famílias que estão em situação difícil porque perderam o contrato, foi encerrado. Imagina uma pessoa que soube que seu contrato foi encerrado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal”, questionou.

Conselho

Em coletiva de imprensa realizada na manhã de terça-feira (11), no Palácio Rio Branco, o governador Gladson Cameli voltou a falar sobre a Reforma Tributária e sua preocupação com a sua administração por um Conselho Federativo. O projeto de reforma já foi aprovado na Câmara dos deputados federais e agora deve ir para votação no Senado. Gladson é contra a criação do Conselho, porque o estado do Acre pode sair prejudicado se o peso de cada voto for proporcional à população dos estados. 

Gesto

“Sobre o conselho, eu só tenho um ponto: sou contra. Um conselho tem que colocar os estados em igualdade. O Sul, o Sudeste e o Centro-Oeste não podem ter a maior quantidade de pessoas representando o conselho, pois assim nós vamos perder”, destacou. No entanto, o governador defendeu a aprovação da Reforma Tributária, ressaltando a necessidade de algumas alterações no texto. “Eu sempre fui a favor da Reforma Tributária e acredito que precisa ter algumas alterações. Alguém tem que ceder, o próprio governador de São Paulo já deu um gesto”, disse.

Renovação

O texto da Reforma Tributária prevê a transformação de cinco impostos de três esferas de governo (IPI, PIS, Cofins, ICMS e ISS)  em apenas um, uma espécie de IVA (Imposto sobre Valor Agregado), que existe em diversos países do mundo. Cameli defendeu a mudança: “O ICMS é muito antigo, tem que atualizar os trâmites atuais para que a gente possa diminuir essa burocracia, otimizar o que precisa otimizar e arrecadar o que tem que ser arrecadado, coibindo qualquer tipo de sonegação”, ressaltou.

Nova Frente

O senador Alan Rick (União) foi empossado vice-presidente da Frente Parlamentar Mista dos Técnicos Agrícolas, nesta terça-feira, 11, em Brasília. Como presidente assume o Deputado Federal Lúcio Mosquini (MDB-RO). A Frente Parlamentar é uma iniciativa das duas Casas do Congresso Nacional, sendo composta por 222 deputadas e deputados federais e 49 senadoras e senadores. “O que essa Frente Parlamentar puder fazer pelo aperfeiçoamento da carreira, fará. Como a aprovação do Projeto do piso salarial da categoria, que está tramitando na Câmara desde 2011 e não é colocado em votação, apesar dos inúmeros requerimentos de urgência”, citou Alan Rick.

Parceria

O objetivo do colegiado é ser um fórum permanente de debates e proposição de ações, acompanhando e analisando o aperfeiçoamento da legislação e atuando no processo legislativo, nas duas Casas no Congresso Nacional, defendendo sempre os direitos e garantias dos técnicos agrícolas. Conforme o Senador, a Frente atuará ouvindo as demandas do setor. “Trabalharemos juntos com a Federação Nacional dos Técnicos Agrícolas e de seu Conselho Federal, presidido pelo senhor Mário Limberger; das entidades de classe e, claro, dos Sindicatos, como o Sintag-AC, presidido pelo Zé Paulo Silva, e da Emater Acre”, destacou.

Conflito

Após receber várias denúncias dos moradores, o deputado federal Gerlen Diniz (PP), se reuniu na manhã desta terça-feira (11), com a superintendente do Ibama no Acre, Melissa Machado, para cobrar providências sobre uma ocorrência recente no seringal de São Salvador, zona rural de Manoel Urbano. Em vídeos gravados, os moradores acusam servidores do Ibama de destruição em suas propriedades. Muitos deles chegaram em casa e se depararam com redes cortadas, alimentação estragada, um verdadeiro descaso nesse local. Não satisfeitos, ainda picharam o nome do Ibama nas paredes das casas.

Facções

Ao tomar conhecimento da situação, Gerlen Diniz procurou imediatamente o Ibama para requisitar providências. “O que aconteceu foi algo aterrorizante comparado com ações das facções criminosas, infelizmente. Não gostaria de dizer isso, mas essa é a realidade. Ao tomar conhecimento dessa situação, o meu gabinete em Brasília já enviou um ofício para a Direção Nacional do Ibama, presidente Rodrigo Agostinho, encaminhando os vídeos, os relatos para que a direção nacional tome providências.

Invasão

Ao deputado, a superintendente do Ibama no Acre, Melissa Machado, disse que essa ação é em razão de uma denúncia de uma empresa madeireira que, segundo a empresa, estava ocorrendo invasão na área, com desmatamento para a criação de gado. “Ocorre o seguinte: Se há uma invasão, quem tem que tirar é a polícia e não o Ibama. Aí o Ibama foi usado de forma indevida. Estamos acompanhando e vamos levar esse caso até Brasília. O Ibama trabalha para servir os moradores, não para aterrorizar. Vamos levar essa denúncia onde for necessário”, completou Gerlen Diniz.

Cabeça

O deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB) informou na sessão da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) de terça-feira (11) que o partido deverá encaminhar um documento à Câmara Municipal do Bujari, o pedido de cassação do vereador Gilvan Souza, indiciado por violência política contra a mulher após ofender de forma machista e proferir ameaças contra a vereadora Eliane Abreu (Progessistas).  Um dia antes a Comissão de Ética da Câmara do Bujari já aprovara abertura de processo de cassação do vereador. Agora, o presidente da Câmara tem 30 dias para colocar o pedido em votação no plenário da Casa.

Ficha suja

Gilvan foi eleito pelo PCdoB, em 2020. Edvaldo informou que além do processo judicial e eleitoral  ele também é investigado em um processo disciplinar que pede a expulsão dele do partido, por infidelidade partidária e incompatibilidade com os mandamentos defendidos pelo PCdoB. “Não dá para que o machismo venha para o plenário da Casa. Que a agressão gratuita vira instrumento de pressão política”, disse.

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