São Paulo — Uma mandioca de 1,60 metro de comprimento, 70 centímetros de grossura e 40,5 quilos tornou o produtor rural José Antunes de Souza, 63 anos, uma celebridade na cidade de Iacri, interior de São Paulo. Tudo começou há cerca de 15 dias, quando agentes comunitárias de saúde descobriram o tubérculo gigante na plantação do agricultor à beira da linha férrea no município de Alta Paulista, distante 544 km da capital.
A agente Célia Américo, 49, estava com a colega Ana Cristina Vicente, 53 anos, atrás de focos de procriação do mosquito da dengue. Mas, na visita à plantação, não encontraram criadouro algum. Elas ficaram espantadas foi com o tamanho da raiz que o agricultor fez questão de apresentar. “A mandioca é maior que eu, que tenho 1,58 metro. A gente quis logo postar na internet, fizemos barulho”, diz.
Mandioca é também conhecida por aipim ou macaxeira, a depender da região do Brasil. Independentemente do nome, é fato incomum encontrar uma tão grande quanto a localizada no interior de São Paulo.
Ana Cristina conta que até havia outras mandiocas por perto, mas nenhuma igual a que tinha sido arrancada da terra por Souza. “Do lado, tinha mais umas duas ou três, mas não eram tão grandes quanto essa”, conta.
Ana afirma que frequenta a plantação de Souza há uns três anos. “Ele é colega da gente, sempre compramos mandioca e quiabo. Os produtos são bons”, diz.
Na cidade, Souza é conhecido pelo apelido de Zé Malandro, embora seja uma pessoa tida por todos com quem a reportagem conversou como muito honesto e trabalhador. “Todo mundo conhece ele, porque faz outros serviços também. Limpa terreno, limpa lote, é muito caprichoso”, diz a agente comunitária Célia. “É uma pessoa de um caráter exemplar, muito educado”, afirma.
Nesta terça-feira (30/1), em conversa rápida com o Metrópoles, com bastante simplicidade, o agricultor contou que já vai para uns “40 janeiros” que vive em Iacri, nas suas palavras. Antes, morou na cidade próxima de Osvaldo Cruz, onde nasceu. A mandioca estava plantada havia 15 anos e ele nem esperava que daquele pé saísse alguma coisa, até a surpresa que o tornou famoso. “Nunca vi uma tão grande na minha vida”, conta.
Apesar do tamanho, a mandioca gigante não é boa para comer. É do tipo “mandioca pão”, branca, usada principalmente para fazer farinha. Trata-se, inclusive, de uma exceção em meio ao mandiocal de Souza, que planta principalmente as amarelas, preferidas para ir à panela.
O agricultor vende para o comércio em geral na pequena cidade do interior e também para quem passa pelo terreno para comprar. “Posso garantir que as outras mandiocas que a gente já comprou dele são muito boas. Cinco minutinhos na pressão e derretem na boca”, afirma Célia.
Segundo a agente, também não são poucas as brincadeiras de duplo sentido que são feitas depois da descoberta da mandioca de Iacri. “Nem me fale. É muita zoação, mas a gente leva na esportiva”, afirma Célia.
Para quem está curioso para conhecer de perto e in natura a mandioca gigante de Iacri, talvez reste um pouquinho de decepção. O agricultor voltou a enterrá-la —parcialmente. “Ela está um pouco para dentro, um pouco para fora da terra. Tem que ficar assim para não estragar”, diz Célia.
Apesar disso, o agricultor conta que não tem problema, se for necessário vê-la melhor. “Está aqui no chão, mas se precisar eu desenterro”, afirma.
Tamanho médio
O presidente do Sindicato Rural Patronal de Iacri, Adelmo Bergamo, afirma que as mandiocas colhidas na cidade são bem menores que aquela retirada por Souza.
“A dele é uma mandioca de mesa, não a industrial, que a gente planta. A média aqui, por pé, não por raiz, de 3kg a 4kg. A dele deu mais de 40 kg uma única raiz”, afirma.
Segundo Bergamo, até para quem planta mandioca, como é o seu próprio caso, foi uma surpresa ver uma raiz tão grande. “É totalmente fora do comum, uma novidade”, afirma.
Bergamo diz que, no passado, também plantou melancia e se surpreendeu com o gigantismo de um dos vegetais colhidos na sua plantação em Iacri. “Colhi uma de 26 kg, e a média é de 10 kg a 12 kg. Mas isso foi uma vez na vida”, afirma.