27 de abril de 2024

Desmistificando a frase “Saudades do que não vivi”; confira o artigo de Maysa Bezerra

Ao abordar o tema da saudade, é inevitável não mencionar dois pensadores que, de maneiras distintas, exploraram essa emoção com profundidade

Há momentos em que a vida nos convida a explorar territórios emocionais, a relembrar memórias e a compreender a complexidade do sentimento humano. Entre as muitas nuances que envolvem nossas experiências, a saudade emerge como uma força poderosa, capaz de nos transportar para tempos passados, nos fazer reviver sensações e nos conectar com quem somos.

Ao abordar o tema da saudade, é inevitável não mencionar dois pensadores que, de maneiras distintas, exploraram essa emoção com profundidade. O primeiro é o poeta e escritor português Fernando Pessoa, que, em sua vasta obra, dedicou versos e reflexões à saudade, essa “dor de ausência das COISAS QUERIDAS”, como ele descreveu. O segundo é o filósofo Mário Cortella, que em seus escritos nos convida a refletir sobre a importância de vivermos intensamente cada momento, para que a saudade não seja apenas um lamento, mas sim uma celebração do que fomos e do que vivemos.

No entanto, é importante desmistificar a frase “Saudades do que não vivi”. Afinal, a saudade não é um sentimento destinado ao que nunca experimentamos, mas sim àquilo que já fez parte de nossa jornada, que deixou marcas em nossa alma. Como bem disse Fernando Pessoa, a saudade é a dor da ausência das coisas queridas, e para senti-la é necessário ter vivido, ter experimentado, ter se entregado às emoções da vida.

Assim, a saudade é para quem viveu. É para aqueles que se permitiram chorar, sorrir, amar e sofrer. É para aqueles que, como eu, colocam toda a sua vida em cada experiência, que se entregam de corpo e alma aos momentos que a vida oferece. Que é intensa. É para aqueles que cultivam a memória como um tesouro, que guardam em seu peito uma caixa de saudades que dói, mas que também conforta.

Recordo com carinho os momentos que vivi na infância, lá pelos 10 anos, ao lado de meu pai, as manhãs cedinho nas lojas da Gameleira, mais especificamente uma empreendedora Turca, os cheiros consigo lembrar até hoje, que permeavam nossa jornada. Recordo também das tardes de sábado, quando minha avó Raimunda, acariciava meu rosto com tanto amor.

Cada lembrança, cada experiência, cada encontro deixou uma marca indelével em minha vida, e é essa marca que hoje se manifesta na forma de saudade.

Mas a saudade vai além da simples recordação do passado. Ela é um convite para estarmos presentes no aqui e agora, para valorizarmos cada instante como se fosse único. É por isso que, mesmo diante da dor da ausência, escolho abraçar a vida com toda a intensidade que ela merece. Escolho viver cada momento como se fosse o último, sabendo que, no futuro, esses momentos se transformarão em saudade. Mas, deixo também, uma mensagem a você, não somente lembranças BOAS, saudades agradáveis que vivemos. Quem está disposto a ser intenso, também corre o risco de se ferir, de ser traído, de ser machucado, da decepção, e aqui, não falo somente em casos “amorosos”, como também no laço da amizade.

Mas a notícia boa é que, VIVA. Não tema a saudade.

Se eu pudesse voltar para viver tudo que eu vivi. Eu voltava, porque SAUDADE é o azar de quem já teve muita sorte.

Recordo ainda dos passeio em família ao domingos no Fusca Branco do papai, onde o trajeto sempre era uma volta pela 6 de agosto (bairro da infância do papai), passeio na Gameleira, bairro Quinze, centro e casa.

Quer um conselho? Se negue a viver um modelo frio. Sinta medo, viva angústias, seja traído, passe pela raiva, chore no vazio, a minha e a sua vida não é linear, ela oscila. Independentemente de você se permitir ou não.

Abra seu coração para as emoções que a vida oferece, celebre cada experiência, cada encontro, cada despedida. Pois, como disse Cortella, a saudade é um lembrete daquilo que foi e que não será mais, mas também é uma prova de que estivemos lá, vivendo intensamente cada momento. Que possamos seguir adiante, cultivando nossas memórias, nutrindo nossas saudades e, acima de tudo, vivendo com plenitude cada capítulo de nossa história.

Experimenta a vida como ela é. E tenha uma caixa imensa de saudades e jamais esqueça, a saudade está relacionada a sua entrega, a SUA.

Maysa Bezerra

Escritora e coach

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