O Programa de Pós-graduação em Letras: Linguagem e Identidade (PPGLI) da Universidade Federal do Acre (Ufac) formou pela primeira vez, no mês de março, um pesquisador surdo. Este foi um momento histórico e importante para as comunidades surdas no Acre e para as pesquisas científicas na área de linguística/literatura na Ufac.
Com o título “Estudantes surdas/surdos na pós-graduação: língua(gens), identidades e formas de resistências”, Lucas Vargas Machado da Costa apresentou sua dissertação de mestrado no fim do mês passado. Ele também é o segundo pesquisador surdo a defender uma dissertação na Ufac.
No trabalho, ele sublinhou as produções de linguagens, construções identitárias e as práticas de resistências desenvolvidas por nove pós-graduandos surdos que realizam suas pesquisas em universidades públicas brasileiras, sendo a Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat); a Universidade Federal de Rondônia (Unir); a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e a Ufac.
Sua conclusão foi a de que a invisibilização social de pessoas surdas, assim como as práticas educativas com base na língua portuguesa e em modelos educacionais, chamados pelo pesquisador de “ouvintistas”, são os principais entraves para o acesso e a permanência de estudantes surdas/surdos em programas de pós-graduação.
Seu estudo é um conjunto de ações de políticas linguísticas que estão sendo desenvolvidas no PPGLI/Ufac, que aprovou em março uma resolução de modo a promover a visibilidade e a diversidade linguística de pessoas surdas, indígenas e migrantes.
A banca examinadora, composta pelos professores Shelton Souza, orientador e presidente da banca; Simone Cordeiro, examinadora interna; e Rodrigo Mesquita, examinador externo da Universidade Federal de Roraima (UFRR). Participaram ainda como profissionais tradutores-intérpretes de língua de sinais e língua portuguesa Sônia Maria da Costa França e Sarney Ferreira Carvalho Junior.