O dólar à vista começa o dia em forte alta, se aproximando da casa dos R$ 6 após o governo brasileiro começar a detalhar as medidas do pacote fiscal que foi anunciado na noite de ontem (28) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
A estimativa é que o impacto das medidas seja de R$ 70 bilhões em dois anos. Até 2030, se prevê uma economia de R$ 327 bilhões.
Ao mesmo tempo, o governo anunciou os planos para colocar em prática a isenção de imposto de renda para pessoas que ganhem até R$ 5 mil e uma taxação mínima para aqueles que tenham renda mensal de R$ 50 mil em 10% para compensar a primeira medida.
O mercado reage de forma cautelosa e temerosa ao pacote. Isso porque, além da dificuldade de calcular o impacto efetivo das medidas, há uma visão de que a equipe econômica de Haddad está isolada dentro do governo, com sinais dúbios sobre o real compromisso fiscal.
Por volta das 10h30, o dólar à vista avançava 0,75%, aos R$ 5,9831. Vale lembrar que nem todos os pontos do pacote são conhecidos pelo público.
Segundo Diego Costa, head de câmbio para o Norte e Nordeste da B&T Câmbio, a comunicação é um dos principais desafios enfrentados pelo atual governo, já que era esperado que o pronunciamento de Haddad trouxesse alívio. O que ocorreu, no entanto, foi completamente o contrário.
Ele lembra que, no ano passado, o governo conseguiu uma grande vitória com o novo arcabouço fiscal e com um aparentemente otimismo com relação às contas públicas, aproximando o Brasil do grau de investimento dado pela Moody’s.
“A mensagem dos mercados é clara, soluções simplistas não serão bem recebidas. O momento exige propostas concretas e viáveis. A expectativa é de que o texto do arcabouço seja discutido e aprovado dentro do apertado calendário de 2024”, aponta costa
E o Ibovespa?
Embora a maior parte da tensão se concentre no dólar, o Ibovespa também amanhece no vermelho.
Nos primeiros momentos da negociação, o principal índice da bolsa brasileira recuava 0,83%, aos 126.615 pontos.