No embalo das premiações que ocupam boa parte das atenções dos cinéfilos no mundo, o Globo de Ouro (com cerimônia neste domingo, 5/1) dá pistas sobre a consagração maior, advinda com o Oscar — que terá as indicações conhecidas no próximo dia 17. As expectativas, para os brasileiros, apontam para a possível indicação de Fernanda Torres na festa muitas vezes monopolizadas pelos donos da festa: os norte-americanos.
O calendário de apostas de quem possivelmente participará da festa a ser transmitida em dois meses começa a esquentar, a parir deste mês. Assim sendo, o Correio afunila alguns dos possíveis candidatos. Com estreia na próxima semana, o drama erótico e cômico Babygirl (de Halina Heijn) dá margem à indicação de Nicole Kidman, como melhor atriz, na pele de Romy, a segura CEO que sente o universo balançar, pela chegada do estagiário Samuel (Harris Dickinson, de O triângulo da tristeza), num filme que ainda conta com Antonio Banderas no elenco. Apesar de consistente, a indicação de Nicole pode ser soterrada, caso despontem na lista (as anteriormente indicadas) Mariane Jean-Baptiste, novamente dirigida, em Hard Thruts, por Mike Leigh (Segredos e mentiras) ou mesmo Cynthia Erivo, de Wicked, já indicada pelo papel da abolicionista Harriet Tubman, em jornada dos meados do século 19, na telona há cinco anos.
Filme do iraniano Mohammad Rasoulof e premiado com distinção especial do júri do Festival de Cannes, A semente do fruto sagrado também estreia na quinta, no Brasil, como virtual representante alemão na corrida pelo Oscar. Pemiado no Festival de Berlim (com Não há mal algum, de 2020) e ainda vencedor na Mostra Um Certo Olhar de Cannes, como autor do melhor filme (Lerd, em 2017) e da melhor direção (com Goodbye, em 2011), o cineasta Rasoulof vasculha, no novo filme, os pruridos dentro da família de um juiz, em meio a fortes manifestações políticas em Teerã.
Dia 16 de janeiro, a telona receberá reforços de candidatos latentes ao Oscar: Aqui, com Tom Hanks e Robin Wright, e Maria Callas, do chileno Pablo Larraín. O primeiro do gabaritado diretor de Náufrago, da saga De volta para o futuro e ainda de O Voo (que rendeu indicações de roteiro e de ator, no caso, Denzel Washington, nome cogitado ao Oscar de coadjuvante, em 2025, pelo longa Gladiador 2), trará a discussão o uso desmedido inteligência artificial em cinema, com Zemeckis que inovou em filmes como Forrest Gump e Uma cilada para Roger Rabbit. Já Maria Callas, estrelado ainda por Kodi Smit-McPhee (ParaNorman) e Valeria Golino, projeta a atriz Angelina Jolie (cotada) como a cantora de ópera (morta em 1977), e pode surpreender no Oscar em quesitos como fotografia e figurinos. Larraín, vale lembrar, assinou cinebiografias de Jacqueline Kennedy Onassis (Jackie) e da princesa Diana (Spencer).
Com enormes favoritismos no Oscar, os longas Conclave e Anora estreiam no dia 23. O thriller, com direção de Edward Berger, Conclave tem o roteiro adaptado de Peter Straughan (extraído de bestseller de Robert Harris) e, carrega, para além da trilha, elogios para os ator (e 11 indicações ao Critics Choice Awards), ao falar de um rito católico, embutido em meio a crises de fé e luto. No elenco, Ralph Fiennes, John Lithgow, Isabella Rossellini e Stanley Tucci. Anora, vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, examina o destino de uma batalhadora do Brooklyn (Mikey Madison, antevista como melhor atriz), prestes a adentrar elitizado clã russo. Além do diretor Sean Baker, há prognósticos para o ator coadjuvante Yura Borisov e ainda para o roteiro de Baker.
Encerrando o mês, o concorrente ao Globo de Ouro de melhor filme se apresenta, algo descartado, depois de relativo barulho em torno do Critics Choice Awards e chances no Oscar de melhor roteiro e edição. O filme mostra atletas feitos reféns por terroristas, nos Jogos Olímpicos de 1972, isso há quase 20 anos depois de Spielberg trazer seu Munique, assemelhado a Setembro 5. Depois de indicado ao Oscar, por interpretar o milionário Mark Zukerberg, em A rede social (2010), agora, diretor e ator do longa A verdadeira dor (estreia em 30), Jesse Eisenberg está cotado (assim como o favorito coadjuvante Kieran Culkin) na interpretação de um homem que exuma o passado da avó, sobrevivente do campo de concentração Majdanek (na polonesa Lublin).