A subida do nível do Rio Negro acima da normalidade, registrada em janeiro, aponta que Manaus pode ter uma “cheia grande” neste ano, de acordo com a gerente de Hidrologia no Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Jussara Cury.
Apesar de índices preocupantes registrados em janeiro deste ano, o cenário da cheia em Manaus em 2021 ainda pode ser afetado por uma possível estabilidade nas próximas semanas e pelo comportamento do Rio Solimões.
O CPRM, órgão responsável por esse monitoramento, registrou cotas diárias em Manaus acima de 10cm no mês de janeiro, índice muito superior à normalidade e já se aproximando da máxima para o período.
A gerente de hidrologia explica que nas primeiras semanas de fevereiro, já foi possível observar uma estabilidade, com cotas diárias de 6cm a 8cm.
“Isso quer dizer que a intensidade da cheia diminuiu um pouco em fevereiro, que é o que a gente precisava para não subir tanto. A curva estava super íngreme, e agora está estabilizando. Mas ainda preocupa, porque está muito próxima de 2012 [cheia recorde no estado]”, disse.
Duas razões são apontadas como as principais para essa alta em janeiro: a ocorrência de chuvas em toda bacia amazônica e a alta da cota diária na calha do Rio Negro (região de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos), de onde a água chega até a capital.
Além disso, o cenário da cheia em Manaus também é afetado pela subida do Rio Solimões, que ainda não chegou à capital. A quantidade de água do Solimões que contribui para a cheia na capital é maior do que a contribuição do Rio Negro.
“A gente já está recebendo as águas do Rio Negro, é como se fosse os 40% chegando, e com intensidade. A gente ainda vai receber os 60% da cheia do Solimões, então isso está preocupando um pouco”, disse Cury.
O pico da cheia em Manaus acontece, normalmente, entre o final do mês de maio e na primeira quinzena de junho.