Hospital particular no AC cobra R$ 40 mil antecipado por leito para paciente com covid-19

Além das dificuldades físicas e emocionais enfrentadas ao receber o diagnóstico de coronavírus, o paciente, por vezes, ainda tem que lidar com o impacto do preço considerável de um leito para internação nos hospitais particulares de Rio Branco.

Um vendedor na capital que preferiu não se identificar e precisou internar o seu pai de 57 anos na última sexta-feira (27), com coronavírus, no Hospital Santa Juliana, teve que antecipar o pagamento de R$ 40 mil à unidade de Saúde para conseguir um leito.

Recibo de adiantamento do valor/Foto: Arquivo pessoal

O genitor estava com 70% dos pulmões comprometidos e precisando de intervenção médica urgente para se recuperar da doença.

Ao procurar o hospital, o vendedor teria sido informado que não havia vagas na unidade – com três pessoas aguardando -, mas que se ele tivesse interesse, poderia colocar o nome na lista, antecipando o valor integral.

“Quando cheguei lá pra conseguir uma vaga para o meu pai, me disseram que não tinha, mas que eu poderia aguardar na fila e antecipar o pagamento de R$ 40 mil. Assim que abrisse uma vaga, ele entrava”, explicou o filho.

Imediatamente, ele juntou o valor de R$ 20 que estava em sua conta à outra parte emprestada por um amigo e transferiu para a conta do hospital. Poucos minutos depois, uma vaga surgiu.

“Transferi o dinheiro para o hospital e fui informado poucos minutos depois, pela pessoa responsável pelo financeiro – quem eu procurei para tratar da internação – que uma vaga já estava disponível para o meu pai. Fiquei surpreso. Minutos antes eu havia sido informado que três pessoas estavam aguardando e, surpreendentemente, uma vaga surgiu para o meu pai”, disse à reportagem do ContilNet.

Valores repassados pela equipe financeira do hospital ao contratante/Foto: Arquivo pessoal

O denunciante, além de considerar o valor exorbitante, afirmou que se ele não tivesse o dinheiro na hora, “seu pai poderia morrer”. O fato de ter assinado um contrato com fiador foi também outro fator que lhe deixou mobilizado.

“Valor exorbitante. Se eu não tivesse o dinheiro, meu pai poderia ter morrido. Além disso, eu senti como se estivesse comprando um carro ou uma casa. Assinei um contrato com fiador”, continuou.

O paciente foi internado em um dos apartamentos médicos do Santa Juliana, onde recebe medicação, isolado.

O valor da diária no hospital é de R$ 481,43. Somado ao montante, o contratante deve pagar ainda R$ R$ 117 pela taxa de isolamento; RS% 57,85, caso o internado precise de oxigênio extra, por hora; R$ 80 por sessão de fisioterapia; e R$ 300 por consulta médica feita no local. A medicação também é cobrada.

“Não é só a diária que é paga. Temos que arcar com taxa de isolamento, fisioterapia, oxigênio extra (caso precise) e consulta médica, além da medicação, que será cobrada e terá o valor acrescido ao final”, salientou.

“Tive que me virar pra pagar isso. Nós temos uma terrinha com gados, que talvez tenhamos que vender para arcar com o valor”, finalizou.

A reportagem deixa o espaço aberto para o posicionamento do hospital sobre o assunto.

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