Um coronavírus pode ter circulado na Ásia há 25 mil anos

Muitas estimativas e estudos indicam que os vírus evoluíram há muito tempo e, desde então, vêm infectando outros organismos.

Quando um vírus ataca uma célula, ele insere seu material genético (DNA ou RNA) naquele da células hospedeira.

Assim a vítima passa a fabricar novos vírus, até que a célula se rompa e libere milhões ou bilhões de vírions no ambiente. O coronavírus que causa a COVID-19, por exemplo, age assim.

Tendo isso em mente, pesquisadores usaram bancos de dados públicos para avaliar o genoma dos seres humanos modernos em busca de resquícios de epidemias ancestrais.

Os cientistas da Universidade do Arizona concluíram, por conseguinte, que um parente antigo dos coronavírus modernos pode ter circulado na Ásia há 25 mil anos.

Acontece que existem 420 proteínas nas membranas das células dos seres humanos que podem interagir com diversos tipos de coronavírus.

Ao longo de centenas ou mesmo milhares de anos, contudo, algumas dessa proteínas podem evoluir de forma a combater o vírus.

Vale ressaltar que esse tipo de evolução acontece sob exposição ao patógeno – ou seja, quando a doença circula ativamente por muito tempo.

Assim, usando softwares e bancos de dados, os pesquisadores conseguiram relacionar o genoma de mais de 25 populações a uma epidemia ancestral que deve ter ocorrido entre 20 e 25 mil anos atrás.

As análises mostraram, também, que os genomas asiáticos possuíam mais supostas adaptações ao vírus, o que indica que o patógeno estava presente nessa região.

Dadas as proteínas avaliadas, além do mais, os autores acreditam que essa doença antiga pode ter sido causada por um coronavírus.

No entanto, os pesquisadores declararam que há a possibilidade da existência de um vírus de um grupo diferente que tem como alvo as mesmas proteínas dos coronavírus.

Pressão evolutiva do coronavírus

Quando se fala de evolução, as escalas de tempo são bastante dilatadas. Isso porque os mecanismos da evolução acontecem lentamente na natureza, por vezes levando centenas, milhares ou milhões de anos para gerar uma nova característica. Nesse sentido, os vírus causam uma pressão evolutiva, há muito tempo, em populações humanas.

Basicamente, os grupos mais suscetíveis a determinados vírus acabaram deixando menos descendentes e crescendo em número. A evolução de algumas características também pode denunciar uma população que sofreu mais ou menos pressão evolutiva.

Os autores do estudo acreditam que para deixar essa marca genética, o suposto coronavírus ancestral pode ter circulado por mais de 5 mil anos na Ásia.

Por outro lado, as gerações futuras que estudarem os genes do mundo em 2020 não poderão, teoricamente, identificar a pandemia do SARS-CoV-2 desse modo. Isso porque a vacinação deve acabar com o vírus muito antes dele deixar uma assinatura genética em nossas células. Assim esperamos, pelo menos.

Imagem: Spencer Davis/Pixabay

A pré-publicação do artigo está disponível no periódico BioRxiv.

 

Site original: https://socientifica.com.br/

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