Dentre todas as drogas conhecidas hoje, o tabaco é a que teve o maior impacto social e econômico na história da humanidade. Ele desempenhou papéis sagrados e medicinais entre os antigos maias, sendo também usado por grupos indígenas americanos. Quando os europeus chegaram à América, eles utilizaram a planta para impulsionar a economia colonial e permitir a expansão ocidental no chamado Novo Mundo.
Contudo, não se sabe ao certo como ou quando a planta chegou na América do Norte. Os cientistas acreditavam que o consumo de tabaco no continente havia começado cerca de 3 mil anos atrás. A conclusão é baseada em vestígios de nicotina encontrados em um cachimbo de cerâmica no Alabama.
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Mas a história parece ser bem mais antiga: novas evidências publicadas na revista científica Nature Human Behavior na última segunda (11) sugerem que já se consumia tabaco há, pelo menos, 12 mil anos – 9 mil anos antes do que se supunha até então.
Cientistas do Grupo de Pesquisa Antropológica do Velho Oeste, nos EUA, encontraram quatro sementes de tabaco carbonizadas em uma antiga lareira no Grande Lago Salgado, no estado de Utah, centro-oeste do país. Além dos restos de planta, também havia no local mais de 2 mil fragmentos de ossos de pato e madeira de salgueiro (que parece ter servido de lenha), artefatos de pedra e pontas de lança – provavelmente utilizados para caçar grandes animais. Hoje, a área em que as sementes foram encontradas é um grande terreno desértico. Mas, no passado, ela foi um pântano repleto de aves aquáticas.
Os pesquisadores chegaram à idade do tabaco a partir da datação da madeira, que tinha cerca de 12,3 mil anos. A hipótese é que os caçadores-coletores nativos de lá consumiram o tabaco enquanto cozinhavam ou fabricavam suas ferramentas. As folhas podem ter sido mastigadas ou sugadas; posteriormente, as sementes foram descartadas ou cuspidas na lareira.
A planta do tabaco contém nicotina, uma substância psicoativa viciante. Hoje, é comum que as pessoas fumem, mastiguem ou cheirem a erva, embora existam evidências das consequências negativas da prática para a saúde humana.
Os pesquisadores pretendem continuar visitando sítios arqueológicos com o objetivo de definir uma linha do tempo para o uso do tabaco. Isso ajudaria os cientistas a compreenderem as motivações culturais que levaram um dia os povos antigos a cultivarem a planta.