Cinco dias após a forte ventania que fez paraquedistas perderem o controle e serem arrastados durante um salto em Manaus, Alank Batista Viana, um dos atletas que sobreviveu ao acidente, conta como conseguiu contornar a situação e fazer um pouso de emergência.
Na última sexta-feira (18), durante a forte chuva, um grupo saltou de paraquedas no Aeroclube de Manaus, na região Centro-Sul. Quatro delas perderam o controle e foram levadas pelo vento. Após o acidente, dois homens foram resgatados, uma jovem de 26 anos morreu e um paraquedista continua desaparecido.
Em entrevista à Rede Amazônica, o engenheiro Alank Batista afirmou que era comum o grupo se reunir o Aeroclube durante o fim de semana e feriados. O engenheiro conta que as visitas aconteciam mesmo se o salto não ocorresse, como uma forma de confraternização.
“Essa temporada que estamos vivendo o tempo muda em uma velocidade muito grande, então a gente vai pra área e espera pelo momento ideal, só sobe no avião se a combinação de todos os instrutores sentir firmeza e condições para que tenhamos um salto seguro. Tanto é que têm dias que a gente vai pra lá e passa um dia, dois dias sem voar”, disse.
Segundo Alank, no dia do acidente o tempo estava oscilando entre sol e chuva, mas foi considerado propício para um salto. Ele afirma ainda, que até o momento em que saltou não foi informado sobre possíveis riscos por conta da chuva.
O salto
Para fazer o salto, as 12 pessoas foram divididas em grupos, que saíram do avião aos poucos. Alank fez parte do segundo grupo e foi a quarta pessoa a pular.
“Fiz o salto, todo visual. Saí do avião dentro da camada, três, quatro segundos e já comecei a ver o solo. Fiz o salto na altura correta, comandei o paraquedas acima do Aeroclube e estava a 1.800 pés do local de pouso. Eu vi todo mundo pousando totalmente em segurança e de repente quando olhei para o horizonte, vi a camada de nuvem vindo numa velocidade muito rápida”, relembrou.
Alank diz que quando percebeu que entraria na corrente de ventos, manteve a calma e usou técnicas que aprendeu em cursos anteriores. Ele afirma que fez voltas no ar, em forma de quadrado, para não se distanciar do local de pouso. A ação durou cerca de 30 segundos.
“Foi quando a chuva me pegou muito forte e jogou pra cima. Aí eu senti que tinha alguma coisa errada. Esse foi um momento de desespero, mas na sequência pensei: “Calma, você é treinado e sabe o que fazer” e foi um mix para manter o equilíbrio do treinamento com o desespero”.
Pouso de emergência
O engenheiro conta que tentou se aproximar diversas vezes do solo até fazer o pouso, mas a força do vento o fazia subir e descer no ar. Foram de 15 a 20 minutos desde o salto até o pouso.
Alank pousou na varanda de uma residência de dois andares, no bairro Compensa, Zona Oeste de Manaus.
“Quando eu tiro novamente o visual, eu estava na Compensa, eu vi o rio e, novamente, continuei o procedimento para descer em velocidade só que fiquei com medo de continuar porque o movimento do vento já estava ao contrário, não estava me jogando pra cima, estava me jogando para baixo, numa velocidade muito grande”, disse.
A medida em que se aproximava do solo, Alank viu a subestação de energia do bairro e tentou desviar, até ver a casa onde pousou. “Naquele momento eu já tinha ciência que poderia até me machucar, mas não morreria”.